Volta a Portugal: edição para trepadores
Desengane-se desde já quem estiver habituado a que a Volta a Portugal tenha a derradeira batalha de montanha na célebre Senhora da Graça. Penúltima etapa da prova desde 2017 – exceto na edição especial (2020), mais curta e em outubro, devido à pandemia de covid-19 -, a mítica ascensão do Monte Farinha, em Mondim de Basto, este ano acontece logo ao quarto dia. A suceder-lhe em tão importante contributo para a decisão da corrida, o Alto do Montejunto, um regresso (imprevisto) a fim de 42 anos.
Chegada determinante no Troféu Joaquim Agostinho, esta serra, cujo cume é o mais alto da região da Grande Lisboa e Oeste (534 metros de altitude), será ascendida pelos corredores da Volta pela vertente de Pragança, a curta (5,1 km), mas mais íngreme, com um setor de mais de 1,5 km com inclinação média superior a 11% e o derradeiro a 10%. Longe de ser tão seletivo como a Sra. da Graça, Montejunto não deixará de ajudar a definir a classificação geral, cujo vencedor será conhecido no dia seguinte, após o tradicional contrarrelógio final. Este regressa a Lisboa, com 16,7 quilómetros na zona ribeirinha, a perfazerem totais 1581 km da competição, divididos em onze dias (prólogo e dez etapas), a iniciar hoje, na Maia, com uma corrida individual de 3,4 km para estabelecer a primeira hierarquia e atribuir a camisola amarela inaugural.
A chegada à Torre, na Serra da Estrela, ocorrerá na 7.ª etapa (já depois do dia de descanso, após a 5.ª jornada), e far-se-á, como nas últimas edições, pelas encostas sobranceiras à Covilhã, e sucedendo ao também já tradicional final na Guarda (6.ª).
Nesta edição desenhada para favorecer os trepadores, ainda que vencerá um corredor completo, que se defenda bem no contrarrelógio em percurso plano (ou um trepador que esteja irresistível no seu terreno e acumula uma vantagem suficiente que compensa a perda no último dia), as batalhas começarão cedo, logo à primeira etapa (amanhã), na inédita chegada ao Sameiro, em Braga, em dupla ascensão (6,6 km cada) a este santuário.
No dia seguinte (sexta-feira), Fafe acolhe o final da segunda etapa, num troço íngreme de empedrado, numa ligação desde Felgueiras que inclui um setor em terra batida, com o célebre salto da Lameirinha, notabilizado pelo Rali de Portugal. Só dificuldades...
Ponto final da terceira etapa e de partida da quarta, Bragança recebe pela 21.ª vez uma chegada da Volta, no caso a da mais longa desta edição – 185,2 quilómetros desde Boticas -, que é antecedida (a 40 km da meta) pela travessia da Serra da Nogueira, contagem de montanha de primeira categoria.
No dia seguinte, o pelotão escalará a Senhora da Graça, com a primeira categoria do Alvão a anteceder a que coincide na meta, no alto do monte cónico, a 900 metros de altitude.
A caravana regressa à estrada em Águeda, no início da sexta etapa, que acaba novamente a subir, no sempre difícil empedrado da Guarda, onde a meta coincide com uma contagem de terceira, antecedida de outras duas da mesma categoria e duas de segunda.
Após chegar à cidade mais alta do país, o pelotão sobe ao ponto mais alto de Portugal continental (7.ª etapa), com a sempre exigente escalada à Torre, única contagem de categoria especial da Volta, em todo o seu esplendor: 20,1 metros a 7%.
Seguem-se a oitava etapa, a única que poderá favorecer os velocistas, entre Ferreira do Zêzere e Santarém, e a none, a referida do Montejunto, que homenageará Joaquim Agostinho aquando da passagem por Torres Vedras, antes de a chegada de primeira categoria no alto daquela serra, a Varanda do Oeste, fazer a penúltima seleção entre os candidatos, que enfrentarão derradeiro teste alfacinha nos 16,7 km planos de contrarrelógio com partida e chegada à Praça do Império.