José Mourinho está cada vez mais satisfeito com a equipa — Foto: Rogério Ferreira/Kapta+
José Mourinho está cada vez mais satisfeito com a equipa — Foto: Rogério Ferreira/Kapta+

Vitória sem esforço, equipa muito forte, choro, pressão e gritos dos rivais a pedir penáltis, tudo o que disse Mourinho

Treinador, muito satisfeito com triunfo, não deixou de disparar contra os adversários diretos na luta pelo título

— Do que mais gostou nesta vitória?

— Da seriedade, dos níveis de concentração, da ambição. No início da segunda parte, a ganhar 1-0 contra um bom adversário, gostei da arrogância de ir à procura de fechar o jogo e não o deixar aberto até momentos perigosos. Gostei de muitas exibições individuais, mas fundamentalmente da solidez, da tranquilidade, parece que foi uma vitória sem esforço e que aconteceu naturalmente. Mas é mentira, é uma vitória com muito esforço dos jogadores, principalmente depois do que fizeram na quarta-feira. Foram bravos. É pena que não lhes possa dar folga, porque quarta-feira há jogo, mas foi uma tripla jornada muito boa, apesar de não termos vencido ao Sporting.

— Apesar de não mudar muitos jogadores, a equipa adapta-se aos adversários. É isso que procura?
— É. Vivemos mais do que somos como equipa do que de contribuições individuais. Quando funcionamos como equipa somos mais fortes. Falei desses três jogos, mas poderia incluir o jogo com o Nacional, equipa foi muito forte. A equipa está a crescer, os jogadores sentem-se confortáveis. Escondemos as nossas limitações com outras qualidades e organização. Desde que perdemos o Lukebakio, o nosso ala mais incisivo, tivemos de mudar o chip, não valia a pena chorar. A equipa vai crescendo e estou contente com o perfil deste jogo.

Benfica está na melhor fase da época? O que tem a dizer aos benfiquistas do Norte que não se calaram desde o primeiro minuto?

— A história repete-se. Desde que voltei, fiz Aves, Guimarães, Nacional, Moreirense, Chaves, Porto… sempre igual. Agora vamos ao Sul, a Faro, e provavelmente acontecerá a mesma coisa. É o Benfica. É uma boa fase, sim. Como conversámos no balneário, temos de continuar. Era final contra o Nápoles, era final contra o Moreirense é final quarta-feira em Faro, porque se perdermos estamos fora. Temos de continuar a trabalhar e a melhorar.

— O que viu ao intervalo para colocar Rodrigo Rêgo a extremo e Aursnes em zonas mais interiores?

— A equipa está a ser muito sólida com o Barreiro naquela posição. Teve de sair por lesão. Conseguiu fazer o sacrifício de ficar em campo até ao intervalo. Infelizmente, o miúdo do Moreirense [Vasco Sousa] teve de sair e já me disseram que as notícias podem não ser boas. Se não forem, desejo a melhor recuperação. A situação do Barreiro foi muito perigosa, foi mesmo à minha frente e temi que fosse importante. Foi o suficiente para sair. Tinha duas opções — ou passava Sudakov para o meio e metia logo um ala, mas mudava a nossa organização; ou trazia o Aursnes para aquela posição, por ser parecido com o Barreiro, salta a pressionar, juntar-se ao atacante na zona de pressão à primeira fase, e depois tínhamos o Rêgo na ala direita. Vou dando mostras de confiança aos miúdos e eles vão respondendo.

— Mercado de janeiro pode mudar a evolução do modelo de jogo?
— Melhor coisa é ter a capacidade de fazermos o que queremos. O que dá prazer com o trabalho é ver que a equipa é capaz de fazer coisas diferentes. Equipa está sólida, não se sente perigo mesmo quando não tem bola, nem ‘ai, ai, ai, que não temos bola’. Houve ali momentos na primeira parte que eles tiveram bola e não conseguiram agredir. Este modelo trouxe-nos isso. Depois, a diferença entre Ivanovic e Pavlidis todos entendemos agora, eu como treinador e os colegas também percebem a diferença de jogar com um ou outro. Se está num banco um ala que corre, morde e marca, saímos daqui com um resultado diferente. Não temos tudo como as grandes equipas que têm tudo. Temos o que temos e estou contente com o que estamos a dar com o que temos.

— O que pode dizer mais da lesão de Barreiro?
— Neste momento, não sei dar detalhes. No jogo, pedi-lhe para aguentar, ao intervalo ele e o doutor disseram que aquilo [tornozelo direito] iria começar a crescer e que não daria. É qualquer coisa que talvez não dê para Faro, mas penso que poderá dar para o fim de semana, mas não é nada de extraordinário.

Pavlidis marcou três golos. O que tem a dizer da exibição dele?
— Fico extremamente contente, em primeiro lugar, pela maneira como aceitou não jogar com o Nápoles; pela maneira como Ivanovic fez um jogo extraordinário com o Nápoles e aceitou não jogar hoje. A equipa está a ser equipa e a perceber diferentes jogos e modos de pensar e jogar. Pavlidis estava fresquinho, tem sido sempre Pavlidis, este jogo com o Nápoles deu-lhe descanso e apareceu com fulgor diferente. Faz três bons golos, poderia ter feito quatro, porque há um penálti sobre ele. Penáltis daqueles que se esquecem porque o resultado foi 4-0, mas que podem decidir jogos, quando o resultado estava 0-0, penáltis que outros choram, pressionam, gritam e continuam a pressionar. E nós com um perfil diferente fazêmo-lo menos. Como não estou interessado em ganhar o prémio de fair play, devo dizer que foi boa arbitragem, mas um erro entre o árbitro e o VAR, que poderia ter sido importante. Há penálti sobre o Pavlidis.

— O que mais evoluiu na equipa desde que chegou?

— A equipa, neste momento, tem confiança. Das coisas que dão mais confiança, para lá dos resultados, é saber como jogar, o que fazer, o que fazer todos ao mesmo tempo num determinado momento. Não quero exagerar e dizer cultura tática, mas a equipa é mais equipa, pensa melhor o jogo coletivamente. Vamos ver se conseguimos continuar assim.