Treinador do Nice descreve noite de terror e critica direção
Franck Haise, treinador do Nice, em entrevista ao L'Équipe, abordou e descreveu toda a situação vivida na noite de domingo em que alguns adeptos fizeram uma espera à equipa e agrediram jogadores e diretor-desportivo.
«Aconteceram muitas coisas desde domingo à noite. O que vivemos é inaceitável, independentemente da profissão que se tenha. É inaceitável sermos colocados em perigo físico. Poderia ter havido consequências ainda mais graves. Não podemos ignorar o que se passou», começou por dizer.
«Não me digam que isto não aconteceu»
O treinador de 54 anos mostrou-se, depois, revoltado com quem tenta menosprezar o sucedido e pede que alguém assuma responsabilidades.
«Quando ouço dizer que não se passou grande coisa... Houve jogadores que foram agredidos [Jeremie Boga e Terem Moffi]. Não se fica com cinco e sete dias de baixa por acaso. O diretor desportivo [Florian Maurice] foi agredido, cuspiram-lhe em cima; que não me digam que isto não aconteceu. É preciso assumir responsabilidades, e não foi o caso», acrescentou.
Alguns vieram encapuzados com bolas de petanca...
«Os jogadores que não foram agredidos estão em choque. O que teria acontecido se alguém tivesse reagido? Alguns vieram encapuzados, com bolas de petanca... Era para jogar à petanca?», questionou ironicamente.
O antigo técnico do Lens admite ter pensado em rescindir o seu contrato com o clube, válido até 2029, mas acabou por decidir «lutar até ao último segundo».
«Ah, acabou de me enviar uma mensagem»
Haise criticou ainda a falta de comunicação do acionista maioritário do clube, o grupo Ineos de Jim Ratcliffe, e assume sentir-se sozinho e pouco apoiado.
«Não falei com o acionista, nem com o responsável do acionista desde domingo à noite. Fui eu que liguei ao presidente [Fabrice Bocquet] na segunda-feira ao fim do dia, porque não conseguia ter notícias de Florian Maurice [o diretor-desportivo agredido]», revelou.
«Assumo as minhas responsabilidades ao continuar como treinador», disse antes de parar e olhar para o telemóvel: «Ah, aqui está, Jean-Claude Blanc [diretor-geral da Ineos Sport] acabou de me enviar uma mensagem, estamos na quarta-feira de manhã... Fica para que cada um assuma as suas responsabilidades», deixou no ar.
«Para que um clube funcione, é necessária uma grande força coletiva, de cima a baixo: da direção, do acionista, para baixo. Até agora, quem mais se manifestou para dizer que o que se fazia era insuficiente, fui eu», concluiu.
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