Adepto do Nice conta tudo sobre a noite que deixou o clube mergulhado no caos
Um adepto do Nice que esteve presente no domingo à noite durante os incidentes com os jogadores no centro de treinos, contou a sua versão da história na RMC, no programa Air Foot.
Vadim soube da intenção de um grupo de adeptos de protestar contra a equipa após a derrota do Lorient quando estava a jantar, depois de receber uma mensagem num grupo nas redes sociais.
Foi uma das 400 pessoas que se reuniu para fazer uma 'espera' que deixou o emblema francês no meio do caos: dois jogadores, Terem Moffi e Jérémie Boga, queixam-se de terem sido agredidos, já apresentaram queixa na polícia e recusam voltar a entrar em campo com as cores do conjunto da Côte D'Azur. O treinador Franck Haise também quer rescindir contrato.
«Estava a jantar com a minha família quando surgiu uma mensagem num grupo de Instagram. É algo que se costuma fazer, ir lá chatear um pouco, falar com os jogadores e passar uma mensagem», começou por explicar Vadim. «Porque o que se passa desde o início da época é uma verdadeira vergonha. O grupo de Instagram não é de membros da claque BSN, há vários grupos de adeptos, e a mensagem dizia: '23h no centro de treinos'. A ideia era, basicamente, manifestar o nosso descontentamento e mostrar que há adeptos que amam o clube e que estão fartos disto», acrescentou.
«Cheguei ao local com um amigo. O autocarro chegou por volta das 23h15. Os ultras começaram a acender tochas... Alguns estavam encapuzados, outros não. Havia tochas e cânticos muito hostis. O autocarro aproximou-se e foi imobilizado. Os cânticos eram agressivos e os adeptos avançaram em direção ao centro de treinos. Havia polícias e seguranças do OGC Nice de ambos os lados. Florian Maurice foi o primeiro a sair e foi recebido com uma vaia e uma onda de gritos. Foi abalado. Maurice, Moffi e Boga foram os alvos principais. Em contrapartida, Bard, Diop e Haise foram muito apoiados, houve cânticos para Haise e os adeptos foram unânimes no seu apoio, porque sabemos que a culpa não é dele», prosseguiu.
Vadim garante que não viu Moffi e Boga a serem agredidos, mas não descarta que isso tenha acontecido. «Tudo depende da definição que damos à palavra violência. Eu sou contra a violência e fui lá para manifestar o meu descontentamento. O problema é que estamos no escuro e o ambiente é elétrico. Eu estava muito perto e vi jogadores a serem confrontados de forma virulenta. Podemos questionar se isso é normal ou não. Há um contexto com Moffi e Boga. Não é só o que fizeram, é também o seu nível de jogo nos últimos dois anos. É um conjunto de fatores. Mas nada justifica a violência.»
«Eu não vi qualquer violência. Vi pessoas a serem abaladas e outras a dizer-lhes para se mexerem. Vi Yehvann Diouf zangado. Até me deu pena, porque ele também foi confrontado. Mas estávamos ali 400 seres humanos, 400 contextos e 400 histórias diferentes (...) Eu estava ao lado e não vi agressões. Estava com vários amigos e falámos todos sobre isso hoje, porque isto não acontece todos os dias em Nice. Falámos e ninguém viu agressões», afirmou.
Vadim concluiu: «Que eles [Moffi e Boga] apresentem queixa por terem sido abalados, é um direito deles. No entanto, repito, não vi agressões. Acima de tudo, queria passar a mensagem de que Franck Haise foi enormemente apoiado e que ficou a conversar connosco durante uma hora. Os jogadores ficaram atrás do portão, alguns foram-se embora e outros ficaram. Mesmo ali, não estavam unidos, não pareciam uma equipa. Foi uma situação peculiar. Mas eu não vi violência.»
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