Tiffany, ex-Esmoriz, proibida de jogar o Mundial de clubes por ser trans
Rodrigo Pereira de Abreu, que em 2008/09 representou a equipa masculina do Esmoriz, é agora Tiffany Abreu, a jogadora transgénero que está, novamente, a gerar um intenso debate no voleibol feminino.
Há oito anos, a atleta estreou-se nas italianas do Golem Palmi, da Série A2, mas a sua participação em competições femininas levantou sempre muitas questões sobre a legitimidade da sua presença em campo, pelo seu poderio físico e também por causa dos seus 1,98 metros, que, por exemplo, pode gerar vantagem quando joga numa rede a 2,24 metros, 19 centímetros mais baixa do que acontece nas competições masculinas.
🚨URGENTE - Tiffany, mulher trans, é proibida de disputar partidas internacionais de vôlei pela FIVB e diz que é injustiça
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) December 15, 2025
“Quando derruba uma pessoa trans no esporte, está derrubando a sociedade, está derrubando um espaço de inclusão” pic.twitter.com/7LrByD4Zwd
Agora, a oposta de 41 anos foi impedida de jogar o Mundial de clubes de voleibol feminino com o Osasco, emblema com o qual venceu a Superliga em maio.
Tifanny cumpre os critérios de elegibilidade para mulheres trans poderem jogar voleibol profissionalmente, tendo sido autorizada pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) para disputar a Superliga desde 2017, mas não conseguiu a autorização da FIBV para jogar em torneios internacionais a tempo do Mundial de Clubes, que teria de ser dado pelo Comité de Elegibilidade, aparentemente, apenas por uma questão de tempo.
Simplesmente Tifanny Abreu, oposta do Osasco São Cristóvão, campeã da Superliga Feminina 24/25 e a atleta que fez o último ponto da final, tudo isso justamente na cidade que queria proibir a presença de mulheres como ela no esporte. Absolute cinema 😁pic.twitter.com/XmcZxqoJ6s
— Portal Vôlei Brasil 🏐🇧🇷 (@portal_volei) May 1, 2025
Após a conquista da medalha de bronze pelo Osasco, no último fim de semana, Tifanny desabafou e considerou a demora da FIVB um absurdo. «Por mais que tentem tirar-me do jogo, não tiraram o amor que as pessoas sentem por mim e o que eu sinto pelo voleibol. Jamais vamos desistir, porque quando derrubam uma pessoa trans no desporto, estão a derrubar a sociedade, o espaço de inclusão no desporto. Não fiz nada de errado, não tenho nada de errado. Estou dentro de todas as regras. Isto que está a acontecer é simplesmente um absurdo», reclamou a atleta.
Mesmo sem jogar, Tifanny esteve todos os dias no pavilhão, em São Paulo, a apoiar a equipa e, em todos o público gritava e cantava o seu nome depois da apresentação dos restantes elementos da equipa, na apresentação das atletas antes do jogo.
Depois da entrega das medalhas, o treinador, Luizomar de Moura, chamou Tifanny para tirar a fotografia oficial no pódio com o resto da equipa e a jogadora chorou emocionada.
Tifanny chora ao subir no pódio com Osasco após ser barrada: "Me tiraram de lá de dentro" ➡️ https://t.co/AvbFuKTPYE
— ge (@geglobo) December 14, 2025
📸 Deco Pires/Fotojump pic.twitter.com/Ph3xgQjwWC
Até 2017, Tiffany sempre competiu em campeonatos masculinos, com passagens por Portugal, Indonésia, Espanha, França, Holanda e Bélgica. Foi enquanto jogava na segunda divisão belga, pelo JTV Dero Zele-Berlare, que completou a transição e recebeu autorização da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para competir em provas femininas.