O protesto dos adeptos do Caldas, ontem à noite, em Torres Vedras - Foto: Carlos Barroso/LUSA
O protesto dos adeptos do Caldas, ontem à noite, em Torres Vedras - Foto: Carlos Barroso/LUSA

As gripes, pneumonias e febres atacaram a nossa casa como tantas pelo país fora. Numa noite de febre, suores frios, suores quentes, entre filhoses, fatias douradas e água com gás, sonhei uma enfiada de coisas.

Que os jogos da Taça de Portugal não começavam às 21 horas. Um horário inenarrável para jogos normalmente disputados durante a semana e que podem ir para prolongamento, levando o encontro, incluindo conferências de imprensa, a acabar, literalmente – sempre quis usar bem esta palavra - apenas no dia seguinte.

Ainda na Taça, que os jogos não mudavam de local a menos de 24 horas do pontapé de saída. O que aconteceu no Caldas-SC Braga foi triste – o comunicado da FPF, por exemplo, chegou à redação às 00h48 horas. Levou jogadores a ameaçar não ir a jogo e o treinador José Vala a dizer que se ia embora. Não é para isto que existe a Taça de Portugal, seguramente. Já aqui escrevi antes que os grandes devem jogar no campo dos pequenos e estes devem receber todas as condições para organizar esses jogos, ainda que os balneários não tenham o luxo a que aqueles estão habituados.

Sonhei que as conversas entre jornalistas e entrevistados não se limitavam a um cuspir de perguntas, mas antes uma oportunidade para se ouvirem as respostas. Atropelos como os que aconteceram nos infinitos fins de semana nas eleições do Benfica são incómodos. Gostaria muito que a ‘obrigação’ da UEFA de colocar um jogador a falar se estendesse também às competições nacionais. Em vez que Rui Borges, José Mourinho e Francesco Farioli passarem pela tarefa de antevisão a todos os jogos, de três em três dias - eles próprios já se queixaram de falar mais do que treinar - porque não deixar que um jogador o faça?

Que a promessa de um adepto do Manchester United em só cortar o cabelo quando a equipa ganhasse cinco jogos seguidos não era tão inultrapassável. A Premier League tem cada vez mais players – veja-se o incrível Aston Villa, em terceiro. Ali não há mesmo jogos fáceis, por isso o pobre Frank que meça bem o que quer para a vida.

Numa altura mesmo má da noite, tive um pesadelo em que o próprio Donald Trump ganhava a Taça Trump-Mundial 2026 e declarava que o país já não precisava mesmo de mais eleições para nada.

Escrevo estas últimas linhas do ano ao som de ‘A Charlie Brown Christmas’, algo que agradeço ao algoritmo do Instagram, que na quadra de Natal me mostrou música, trabalhos manuais e pratos que guardei mas nunca vou fazer. Um bom 2026 cheio de sonhos menos febris.