Defesa central da Seleção responde a A BOLA sobre o tempo de descanso que prevê ter este verão

Regresso a Portugal, Vitinha Bola de Ouro e a força do coletivo: tudo o que disse Rúben Dias

Defesa central da Seleção Nacional desvalorizou histórico de pesadelo frente a Alemanha, frisou boa forma e deixou rasgados elogios ao novo treinador do SC Braga. Consciente da redução do tempo de descanso, deixou o mote para a 'final four' da Liga das Nações

O Rúben foi um dos jogadores que esteve presente no jogo da seleção contra a Alemanha no Euro 2020 (2-4), jogado precisamente, no Allianz Arena. O que é que Portugal deve fazer diferente desse jogo para, desta vez, levar de vencida a Alemanha? Tendo em conta que era o mesmo terreno e que a Alemanha também estava a jogar em casa que trabalho é que terá de ser feito em termos emocionais? 

Não faz sentido comparar, porque, para além dos anos de distância, há um terreno diferente, há inúmeros jogadores diferentes,, como tal, mudaram quase todas as circunstâncias. Jogamos fora, eles jogam em casa, num estádio em que se sentem confortáveis é um ponto extra para ele. Fora isso, somos duas das melhores equipas. Sabemos, perfeitamente, da qualidade individual e coletiva que eles têm e sabemos que temos que estar num nível muito alto, no nível que já apresentámos. É a única maneira de ganhar, é uma meia-final,um jogo especial  

De que forma é que o coletivo pode ser a chave para esta geração de ouro, vencer o troféu?  

A geração de ouro é uma afirmação muito relativa. Mas não há dúvida de que o trabalho coletivo será sempre o maior ponto de diferença de geração para geração, de jogo para jogo, de competição para competição. Todos temos muita consciência daquilo que é a nossa qualidade individual, mas o mais importante vai sempre ser a maneira como somos capazes de nos juntar em cada novo momento para cada nova competição. O PSG é um exemplo importante, da maneira como eles se conseguiram juntar e como fizeram a equipe funcionar.  Se temos todas as individualidades no mundo, mas coletivamente não conseguimos funcionar como um só não podemos realmente falar de todo esse potencial, portanto, é com base nisso e com essa intenção e ambição que nós estamos a trabalhar todos os dias.

No domingo viram os sub-17 vencer o Europeu. Que mensagem é que gostava de passar a estes jogadores?  

Acima de tudo parabéns, ficámos muito felizes. Eu próprio também já tive o meu Euro Sub-17, na altura perdi nas meias-finais. Sei que é um momento importantíssimo para eles e de certa forma é sempre um bocado nostálgico estarmos ali a reviver os nossos momentos. Olhamos para o que está a acontecer agora, e ficámos muito felizes. Vou confessar que não vi todos os jogos, mas gostei também. Fiquei muito feliz. 

Motiva o facto de Portugal já ter conquistado a Liga das Nações? 

Na altura foi a primeira e toda a gente se perguntava, no real peso que esta competição iria ter. O que é certo é que é mais uma competição importante ao nível do futebol. Portanto só funciona como motivação extra, sabemos o que é ganhar esta competição, sabemos o que significa para as pessoas, para o nosso país, não é um Euro ou Mundial, mas ainda assim é uma competição importante. 

Qual é o impacto de um possível resultado negativo na final four

Se estivemos a pensar no impacto negativo antes de sequer começar a jogar, já estamos a perder. Estou simplesmente a pensar que temos de ganhar à Alemanha. 

Como antigo capitão do Benfica, como é que olhou para o facto de três jogadores, Tiago Gouveia, o António Silva e o Tomás Araújo vestirem uma camisola ao PSG para a final da Liga dos Campeões?   

Primeiro, estou aqui para a falar da seleção e nada mais. Segundo, a vida privada de cada um, a cada um diz respeito. 

Nos últimos tempos, colegas como o Bernardo Silva, o Ruben Neves ou Palhinha falaram do regresso a Portugal. Volltar a jogar aqui e fazer alguma diferença nos clubes, é algo que pode estar nos seus planos? 

Não é algo que eu dedique muito tempo da minha vida. Fui muito feliz no tempo que aqui estive, foi uma parte importante, essencial, foi um desenvolvimento daquilo que é e ainda vai ser a minha carreira, e com tal sou grato e muito feliz por esses momentos, mas, sinceramente, penso à frente, no que está a acontecer agora, e esse tempo chegará num momento positivo. 

Tendo em contas as lesões que tiveste ao longo da época e o facto de teres jogado quase 50 partidas, ainda apetece jogar uma Liga das Nações e depois um Mundial de Futebol? 

Sinto-me muito bem fisicamente, e estou cheio de vontade de jogar a Liga das Nações e o Mundial de Clubes.

Entre Ligas das Nações, Mundial de Clubes e início da nova Premier League os jogadores vão ter menos tempo para descansar do que na época passada? 

Nós ainda não sabemos bem como vai ser. Acho que foi uma decisão muito inteligente do selecionador de nos um dar período de férias entre a Premier League e Liga das Nações. Tivemos esses dias para refrescar a mente e o corpo. Queremos estar ao mais alto nível de capacidade. Em relação ao resto, não sei. Mesmo o próprio Mundial de Clubes, ainda não sabemos exatamente como vão ser os timings. Mais do que nunca, vamos viver um dia de cada vez. 

Portugal não vencer a Alemanha há 25 anos é um fator extra de motivação?  

Não tinha essa noção, não me preocupo com dados estatísticos. Qualquer um de nós também não. Estamos focados no presente e no que podemos fazer nesta meia-final. É um jogo a elimina e importantíssimo. A história tem que se escrever agora.

O Vitinha foi um dos jogadores em destaque numa equipa que ganhou tudo. Acha que ele pode repetir o feito do seu colega Rodri e ser um candidato a ganhar a Bola de Ouro? 

Vitinha fez uma época espetacular e, como é óbvio, tem todo o direito a sonhar e a ambicionar com isso. Foi uma época extraordinária. Podia deixar muitos elogios, mas, acima de tudo, nesta temporada, se não o tinha feito já antes, acentuou bem aquilo que representa enquanto jogador, e fico muito feliz por ele. E junto agora, também, aos outros três, muito feliz pelos quatro. 

Como é que olha para o crescimento dos campeões europeus pelo PSG

Já todos sabíamos o que eles valiam. Às vezes tem a ver apenas com o momento, estar no sítio certo e juntar títulos a uma capacidade inacreditável. Parece que se fala deles como se fossem uma novidade que não são. Já são muito bons há muito tempo e eu acredito que em Portugal talvez nós soubéssemos isso antes. Vamos tentar aproveitar toda a boa energia e aquilo que eles trouxeram para também partilhar conosco aqui na Seleção.  

Falando em estatísticas, esta época ainda não marcaste um golo. Estás a guardá-los para a Liga das Nações? 

 Acho que sim .

O novo treinador do SC Braga Carlos Vincens foi seu treinador-adjunto no Manchester City. Os bracarenses estão em boas mãos? 

 Acredito que sim, é uma excelente pessoa, é uma pessoa e desejo-lhe a maior das sortes. Acredito que ele vai ser feliz e tenho muito carinho por ele 

O Rúben estreou-se por Portugal em 2018. Desde aí, dois selecionadores, dois presidentes. O que é que mudou nestes sete anos?  

O presidente é relativo. Acima de tudo, permanece uma maneira de estar vitoriosa, ambiciosa. Se tivesse que escolher uma palavra para definir todo o meu tempo aqui, escolheria estabilidade. É sempre um ponto de estabilidade para todos nós. Temos um espaço onde todos nós nos sentimos uma família. Eu acho que a seleção, mais do que qualquer outra coisa, obviamente com respeito à parte competitiva, é um sítio onde todos nós podemos sentir-nos em casa, onde podemos sentir que há ambição, e seguimos em busca de lutar e alcançar coisas. 

É o quarto jogador desta convocatória com mais internacionalizações e o mais experiente da defesa. Essa experiência dá-lhe uma responsabilidade extra para liderar o setor? 

 Sim, claro que sim. Mas, pessoalmente, diria que o jogo tem essa responsabilidade desde que eu cheguei. Como é óbvio, a experiência é um fator mas eu acredito que o simples facto de ter sido chamado à seleção e teres que jogar por todos nós, já a maior responsabilidade que existe. Como é óbvio, há fatores que te ajudam a poder ajudar mais todos os que te rodeiam e a fazer à tua volta ser melhor e jogar melhor. Todos temos essa responsabilidade.