Arsenalistas estiveram a perder, chegaram ao empate com menos um elemento em campo e ainda podiam ter ganho
Arsenalistas estiveram a perder, chegaram ao empate com menos um elemento em campo e ainda podiam ter ganho

Quem reage aos disparates só pode pensar em ser feliz (crónica)

Navarro cometeu penálti tão escusado quanto penalizador. Zalazar perdeu a cabeça e viu vermelho direto. Nasser Djiga foi 'solidário' e ofereceu o empate a Gabri Martínez. Minhotos bem lançados para o apuramento

Só uma grande equipa e com um enorme espírito coletivo consegue fazer o que o SC Braga fez em Glasgow. Não, caro leitor, os arsenalistas não realizaram uma exibição para ficar eternizada na conceituada Gallery of Modern Art, mas deixaram a pele em campo e demonstraram que um verdadeiro guerreiro nunca se rende. Mesmo quando as adversidades parecem ser um obstáculo inultrapassável.

Há pouco menos de dois meses, os minhotos foram (muito) felizes em... Glasgow: no passado dia 2 de outubro, os bracarenses tinham ido à mítica cidade escocesa derrotar o Celtic (2-0), na 2.ª jornada.

Na altura, Ricardo Horta e Gabri Martínez cobriram de vermelho um palco tradicionalmente pintado de verde e branco. Agora, era tudo uma questão de mudar de estádio (do Celtic Park para Ibrox) e voltar a fazer sobressair o encarnado. Desta feita sobre o intenso azul.

E a mesma dupla esteve novamente em destaque: Horta, desta vez, desperdiçou, Gabri voltou a faturar. Tudo isto numa partida cheia de incidências e na qual o VAR teve um papel decisivo em nome da verdade desportiva. Mesmo que essas decisões tivessem sido desfavoráveis às pretensões da equipa portuguesa.

Ao contrário do que é habitual, o melhor marcador da história do SC Braga e autêntica lenda viva do clube... não faturou. E por duas vezes: aos 13 e minutos, Horta viu Jack Butland negar-lhe a felicidade. Com duas grandes defesas.

Ainda que a viver um momento particularmente difícil, o Rangers reagiu. Sentiu-se beliscado e equilibrou. Começando por ameaçar (sem sucesso) Hornicek e aproveitando, depois, a primeira (boa) intervenção do VAR: Fran Navarro fez penálti e o árbitro, chamado a ver das imagens, apontou para a marca dos 11 metros. Tavernier não perdoou e adiantou os escoceses.

O descanso poderia permitir aos minhotos reajustarem algumas dinâmicas para que a reação surgisse na etapa complementar, mas Rodrigo Zalazar não teve cabeça. Ou melhor, teve cabeça... a mais. O internacional uruguaio encostou a testa a Raskin, o VAR voltou a entrar em ação e o juiz neerlandês trocou o amarelo pelo vermelho. Mais um rude golpe...

Em desvantagem no marcador e com menos um elemento em campo, o SC Braga tinha cerca de meia hora para soltar um grito de revolta. Estrategicamente a equipa foi obrigada a baixar ligeiramente as linhas para explorar as transições e a verdade é que os comandados de Vicens responderam bem defensivamente, mantiveram-se compactos e não passaram por sobressaltos.

Ainda era possível que num ataque rápido ou numa bola parada (sim, à boa maneira britânica...) o caso mudasse de figura, mas foi na sequência de uma oferta que os minhotos foram felizes: Nasser Djiga, como que num ato de solidariedade para com os disparates de Fran Navarro e Rodrigo Zalazar, convidou Gabri Martínez a reforçar as suas (boas) recordações de território escocês e o extremo espanhol assinou o empate (69').

O mesmo Djiga tentou redimir-se pouco depois, mas o cabeceamento saiu ao lado. Os azuis ainda tentaram os típicos lançamentos longos para a grande área vermelha, mas Hornicek e companhia não mais foram vergados. Que união!

E só Jack Butland evitou a reviravolta, com uma grande defesa a remate de Víctor Gómez (90+1').

Os bracarenses somaram e continuam bem vivos na luta pelo apuramento para a fase seguinte.