Quase 14 anos depois, o Vélodrome voltou a sorrir diante do PSG, graças a Chevalier
Sem Doué, Dembélé e João Neves, mas também sem Barcola, era naturalmente um PSG desfalcado — e dividido, já que os três primeiros ficaram em Paris para a gala da Bola de Ouro e o ex-PSG para ser mesmo coroado — aquele que se apresentou num hostil Vélodrome para um Le Classique que virou ponto de honra para o Marselha.
É que o conjunto de Roberto de Zerbi começara a Ligue 1 de forma intermitente, com dois triunfos e duas derrotas, e não só pretendia voltar a vencer, no campeonato e no seu estádio, um arquirrival que lhe sorria com arrogância desde 2011/12, como era fundamental recuperar moral para dar ainda mais força às ideias do seu treinador.
Os primeiros minutos trouxeram um Olympique muito agressivo na pressão alta, tentando recuperar a bola muito cedo na construção parisiense. Foi numa dessas insistências que a bola chegou a Greenwood sobre a direita. O inglês rematou com o pé esquerdo. A bola bateu num adversário e subiu. Foi então que Chevalier — que Luis Enrique, eleito hoje melhor treinador, preferiu a Donnarumma, eleito também ele durante o jogo melhor guarda-redes do ano, na também consagrada equipa do ano — borrou a pintura. O guardião que rendeu 40 milhões ao Lille perdeu no ar com Aguerd e, quando voltou a tocar no solo, viu a bola ultrapassar devagar a linha de golo. Aos 4 minutos e 3 segundos, o central internacional marroquino marcava o golo mais rápido ao PSG em todas as competições em 45 anos.
O conjunto da Cidade-Luz teve sempre muitas dificuldades em dominar o jogo na primeira parte. E foi Gouiri, aos 25 minutos, a assumir-se com destino final de uma transição ofensiva, ao fletir para o meio e a acertar com estrondo na trave. Já o melhor momento do PSG nos primeiros 45 minutos seria um remate de Kvara ligeiramente ao lado, após muitas dificuldades em entrar na área com a bola dominada na maior parte do tempo, por força também do 5x4x1 defensivo que cobria corredor interior e largura com eficácia.
Entretanto, a estratégia de Enrique com Nuno Mendes, que saía da linha de 4 na primeira fase de construção para criar superioridade numérica no meio-campo, transformando o 4x3x3 em 3x4x3, também pouco funcionou.
Rulli quando o resto falhava
Na segunda parte, o PSG voltou mais impositivo e teve finalmente algumas boas oportunidades. Aos 59 minutos, Hakimi fez brilhar Gerónimo Rulli com a defesa da noite e, aos 65, Gonçalo Ramos não estava com o cabeceamento afinado, ainda que atrapalhado por Balerdi, após cruzamento da direita de Nuno Mendes.
Com o tempo a escoar-se, Vitinha começou ele mesmo assumir os momentos de finalização, só que Rulli respondeu sempre. O argentino defendeu um primeiro remate aos 71, confiou aos 86 no golpe de vista, quando o português tentou um chapéu épico, com a bola a sair um pouco por cima, e logo depois voltou a encaixar novo tiro.
O Marselha teve mais uma ou duas jogadas, sempre em transição, que podiam ter dado o 2-0. Aos 81, Greenwood conseguiu ganhar em velocidade aos centrais, mas adiantou demasiado a bola e Chevalier, desta vez, não comprometeu. Tal como já na compensação, quando Aubameyang também lhe surgiu pela frente. Mas tanto para o inglês como para o gabonês e para os restantes companheiros, o mais importante estava feito. O Vélodrome pôde voltar a sorrir.