Com Moratti, presidente do Inter em 2010 (FOTO: A BOLA)

Quando Mourinho foi apresentado como «o melhor treinador do Mundo»

Sete meses depois de chegar ao Real Madrid, José Mourinho foi eleito pela FIFA como melhor treinador do Mundo

Entre setembro de 2007 e maio de 2008, Mourinho prepara-se para o regresso. Descansa, estuda, aproveita para estar com a família. Mas não desliga a ficha do futebol. Recebe convites de muitos lados, mas aceita o de Massimo Moratti, presidente dos italianos do Inter de Milão. A missão é complicada, pois o Inter acabara de vencer três scudettos seguidos sob a batuta de Roberto Mancini. Envolve-se em mais guerras: com jornalistas italianos, com treinadores como Carlo Ancelotti, Luciano Spaletti, Marcelo Lippi e Claudio Ranieri, por exemplo. Fica famosa a conferência de imprensa em que acusa alguns jornalistas italianos de «prostituição intelectual» por protegerem o Milan, de Silvio Berlusconi.

E aponta o dedo: «Não se fala de uma Roma com grandíssimos jogadores e que vai acabar a época com zero titoli; não se fala do Milan que acabará a época com zero titoli; não se fala de uma Juventus que, com tanto erro de arbitragem, acabará a época com zero titoli». Zero títulos foi coisa que em maio de 2010, quando saiu de Milão, José Mourinho não levou: dois campeonatos, uma taça, uma supertaça e, acima e tudo, uma Liga dos Campeões. Quando fora a última vez que o Inter ganhara a mais importante prova de clubes da Europa? Em 1964/55. Quarenta e cinco anos depois voltava a ganhá-la.

Comemorando a vitória na Liga dos Campeões de 2010, pelo Inter (A BOLA)

Sr. 16 milhões

Presidente do Real Madrid, pela segunda vez, desde 1 de junho de 2009, Florentino Pérez pagou 16 milhões de euros ao Inter, em junho de 2010, para ter José Mourinho no Real Madrid. Quando Mourinho foi apresentado no Estádio Santiago Bernabéu, Florentino Pérez anunciou que contratara «o melhor treinador do Mundo». Além disso, referiu o presidente, «Mourinho tem uma paixão infinita por triunfos». Era verdade.

Melhor do Mundo, em 2010, para a FIFA (FOTO: A BOLA)

Sete meses depois, em janeiro de 2011, era eleito pela FIFA como melhor do mundo; dois anos e três meses depois, em agosto de 2012, ganhara tudo em Espanha: um campeonato, uma taça e uma supertaça. Bate diversos recordes na liga: mais golos marcados (121), mais vitórias (32), mais pontos (100) e maior diferença entre golos marcados e sofridos (+89). E torna-se no primeiro treinador do Mundo a vencer todas as provas em quatro países: Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha. E volta, claro, a envolver-se em mais guerras: com Valdano, Guardiola e Xavi, entre muitos outros.

Termina contrato com o Real Madrid a 1 de junho de 2013 e dois dias depois, a 3, regressa ao Chelsea, afirmando que o clube londrino era uma das suas grandes paixões. Na primeira época, transforma, progressivamente, a equipa e termina no 3.º lugar (atrás de Manchester City e Liverpool) e chega às meias-finais da Liga dos Campeões (eliminado pelo Atlético Madrid) Na temporada seguinte, 2014/2015, recebe Diogo Costa, Cesc Fàbregas e Filipe Luís, por exemplo, além de fazer regressar Didier Drogba. Resultado: Premier League no bolso, sofrendo apenas três derrotas. Porém, em 2015/2016, acumula nove derrotas nos primeiros 16 jogos da Liga inglesa e, apesar de ter renovado contrato em agosto de 2015, rescinde contrato em dezembro, por mútuo acordo.

Ao lado de Jorge Valdano, quando foi apresentado no Real Madrid (FOTO: A BOLA)

Seis meses depois, em maio de 2016, assina pelo Manchester United. Fica nos red devils até dezembro de 2018. Ganha uma Taça da Liga, uma Supertaça inglesa e uma Liga Europa. Após a sua saída e com nada menos de seis treinadores (Solskjaer, Carrick, Rangnick, Ten Hag, Van Nistelrooy e Amorim), o Man. United venceria apenas mais uma Taça da Liga e uma Taça de Inglaterra.

Onze meses parado e, em novembro de 2019, regressa a Londres. Não ao Chelsea, mas ao Tottenham. Termina a primeira (meia) época no sexto lugar, atrás de Liverpool, os dois Manchesters, Chelsea e Leicester. Em abril de 2021, com a equipa no 7.º lugar, 24 pontos atrás do líder Manchester City, é despedido pelos dirigentes dos spurs, nove dias antes de disputar a final da Taça da Liga frente ao Manchester City. Os londrinos perdem por 0-1. Ficou apenas 17 meses no Tottenham: 86 jogos. Menos tempo e menos jogos só no Benfica e na UD Leiria.

Demora apenas duas semanas a encontrar clube e, 11 anos depois, regressa a Itália. Não para o Inter, mas para a Roma, substituindo Paulo Fonseca. E tem sucesso imediato. Ganha a Liga Conferência de 2021/2022, batendo na final o Feyenoord por1-0. Há 31 anos (Taça UEFA, 1990/1991) que a equipa de Florença não estava numa final da UEFA e há 61 que não vencia uma prova europeia (Taça das Cidades com Feira, 1960/1961). Torna-se no primeiro treinador (e até agora único) a vencer os três principais títulos europeus de clubes: Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência. Fica em sexto na Serie A em 2021/2022 e 2022/2023. Vai à final da Liga Europa, mas perde-a para o Sevilha, no desempate por grandes penalidades. Em janeiro de 2024, após uma série de derrotas e atritos com a direção do norte-americano Dan Friedkin, Mourinho é despedido.

Na Roma ganhou a Liga Conferência (IMAGO)

Cinco meses, o último movimento: Turquia, Fenerbahçe em junho de 2024. Fica em segundo lugar na Super Liga turca, 11 pontos atrás do Galatasaray. Permanece na equipa apenas nos primeiros seis jogos de 2025/2026 e é despedido.

Estreia no Fenerbahçe
10 de agosto de 2024, Fenerbahçe-Adana Demirspor (1-0, golo de Dzeko). Onze de estreia: Livakovic; Osayi-Samuel, Oosterwolde e Djiku; Kadioglu, Yuksek, Szymanski e Kahveci; Tadic, Saint-Maximin e Dzeko

Há 25 anos era apresentado no Benfica e agora voltou a ser.