Patrícia Sampaio foi o décimo primeiro judoca luso a subir ao pódio no Grand Slam de Paris, mas só o quarto para levar o ouro

Patrícia Sampaio: «Paris é a minha cidade, é especial»

195 dias após o bronze olímpico, judoca do Gualdim Pais conquistou o ouro no 'grand slam' da capital francesa. Varreu todas as adversárias por 'ippon'. Foi o 18.º pódio de Portugal, quinto no 1.º lugar na prova mais mítica da modalidade e que marcou o arranque do Circuito Mundial em 2025

Desde sempre que a página pessoal de Patrícia Sampaio no Instagram se chama sampaiolovesjudo, Sampaio ama judo, como demostração da sua paixão pela modalidade. No entanto, a olímpica do Gualdim Pais deverá seriamente pensar em, sempre que chegar o momento de ir competir à capital francesa, deve alterá-la para sampaiolovesparis. Isto porque, Paris certamente que a ama.

195 dias depois de ali ter conquistado a medalha de bronze nos Jogos de Paris-2024, Patrícia (5.ª do ranking), de 25 anos, voltou a deixar a sua marca na cidade luz ao arrebatar o ouro no grand slam gaulês com vitórias por ippon nos três combates efetuados.

Fotografia Emanuele Di Feliciantonio/IJF

«Estava tão contente quando cheguei a Paris. Senti-me como quando vim para os Jogos, estava feliz de cá estar e entusiasmada por voltar à cidade onde fui mais feliz na minha carreira. Paris é a minha cidade. Espero que, agora, todas as cidades o sejam, mas Paris é especial», declarou Patrícia.

Na final, frente à israelita Inbar Lanir (3.ª), a judoca resolveu tudo com uma decisiva projeção a 1.43m do fim e quando a adversária — prata nos Jogos parisienses e campeã mundial em Doha 2023 — já somava dois castigos por falta de combatividade. O confronto entre as duas é claramente favorável à judoca nacional (5-2), mas havia perdido nas duas últimas ocasiões.

Fotografia Emanuele Di Feliciantonio

Sampaio somou assim o 12.º pódio no Circuito Mundial (2+1+9), mas a primeira vitória num grand slam, onde tem oito medalhas. Até ontem apenas vencera o Grand Prix de Portugal em 2023.

Em dezembro, na última prova da temporada de 2023/24, em vez de ficar a gozar as férias mais algum tempo e o êxito olímpico, a duas vezes campeã europeia júnior, não quis esperar tantos meses por Paris para o começo da nova época e foi ao Japão garantir um bronze no Grand Slam de Tóquio.

CAMINHO PARA O OURO
Isenta da 1.ª ronda Lieke Derks (Pb), vitória por ippon em 3.58m Audrey Tcheumeo (Fra), vitória por ippon em 3.03m Lanir Inbar (Isr), vitória por ippon em 2.45m Pódio dos -78 kg: 1.ª, Patrícia Sampaio (Por), 2.ª, Inbar lanir (Isr), 3.ª, Audrey Tcheumeo (Fra) e Fanny Posvite (Fra)
Fotografia Emanuele Di Feliciantonio/IJF

Valeu a pena. Agora surgiu imparável e contabilizou a 18.ª medalha de um português no Grand Slam de Paris, num total de 11 judocas que subiram ao pódio naquela que é considerada uma das mais difíceis e prestigiantes provas do Circuito. Porém, apenas Pedro Soares (1998), Telma Monteiro (2012, 2015), Bárbara Timo (2021) e agora Patrícia o fizeram para fazer soar A Portuguesa, que cantou com a mão sob no coração.

Até chegar à final, Patrícia, que ficou isenta da ronda inaugural, superar a neerlandesa Lieke Derks (29.ª) nos quatros de final, com uma imobilização, para depois, na semifinal, ultrapassar a veterana campeã francesa Audrey Tcheumeo (9.ª), duas vezes pódio olímpico (Londres-2012, Rio-2016) e quatro em Mundiais, o último prata em 2023. Tcheumeo viu-se eliminada com três castigos.

SELEÇÃO NACIONAL
Femininos -48 kg, Catarina Costa - 9.ª classificada (0 v-1 d) -70 kg, Taís Pina - 9.ª classificada (0 v-1 d) -70 kg, Joana Crisóstomo - 9.ª classificada (1 v-1 d) -78 kg, Patrícia Sampaio - 1.ª classificada (3 v-0 d) Masculinos -66 kg, Miguel Gago - não classificado (0 v-1 d) -73 kg, Otari Kvantidze - 5.º classificado (3 v-2 d) -100 kg, Jorge Fonseca - 5.º classificado (2 v-2 d) Selecionadores: Marcos Morais e Pedro Soares *Competiu a expensas próprias

A uma vitória do pódio terminou o ex-bicampeão mundial dos -100 kg Jorge Fonseca (12.º) ao perder o combate para 3.º lugar, por imobilização a 49s do fim, ante o russo Arman Adamian (14.º).