Obrigação de ganhar, Roma e Pavia, Vieira e algumas promessas: tudo o que disse Lage
— Benfica arrancou a época com cinco jogos sem sofrer golos e quatro vitórias. Como justifica estes números? E, já agora, de que forma o Tondela pode desafiar este registo?
— Já não falávamos há imenso tempo, há 36 horas [sorriso], vamos ver se temos muito assunto. Vou começar com um chavão – é o jogo mais importante, é o próximo. Digo com toda a sinceridade, porque a Liga dos Campeões é importante, dá prestígio aos jogadores, ao clube, financeira e estrategicamente também é muito importante. Na época passada chegámos aos oitavos de final, fomos a equipa portuguesa que mais pontos fez para o ranking, batemos recordes de receita, mas no final não fomos campeões. E o que os benfiquistas querem é que sejamos campeões. Por isso, o nosso foco tem de ser total no campeonato e no jogo com o Tondela. Há três pontos que queremos conquistar, sabemos que temos muitas coisas a perder neste tipo de jogos, por isso temos de estar determinados, concentrados, empenhados e agressivos para vencer o Tondela. É uma equipa com um treinador muito experiente — o Ivo [Vieira] —, tem feito sempre bons trabalhos, os dois resultados são um pouco enganadores [derrotas com SC Braga e Famalicão, respetivamente por 0-3 e 0-1], a equipa apresenta uma forma de jogar muito interessante, muito forte na construção, tem um jogador que conheço muito bem e que treinei no Wolverhampton [Ivan Cavaleiro], três homens na frente muito interessantes a atacar a profundidade, um ponta de lança com registo muito interessante de golos… Temos de estar muito concentrados e empenhados para vencer.
— Disse que Rui Costa decidirá se Akturkoglu fica ou não. Ele voltou a jogar e Schjelderup voltou ao banco. Como vai gerir esta situação de um jogador que era para sair e vai ficar e de outro que pensou que seria a época de afirmação e que poderá perder o lugar na equipa?
— Independentemente de haver ou não decisões, o mais importante é sermos claros. Quem toma as decisões sobre a equipa sou eu. Tenho de olhar para o rendimento dos jogadores no campo e fora de campo, percebendo o contexto, a dinâmica da equipa e a estratégia para o jogo. Tenho depois de escolher o melhor onze. Em cinco jogos, Akturkoglu jogou em dois e Andreas em três. Quero que sejam competitivos entre eles para ter a capacidade de tomar as melhores decisões, em função da estratégia.
— Depois do jogo com o Fenerbahçe disse que preferia um bom resultado a uma boa exibição. Quando os resultados não aparecerem e as exibições começarem a não agradar-lhe, como se vai justificar perante os adeptos?
— Temos de falar de cada momento. Vou usar mais um chavão: Roma e Pavia não se fizeram num dia. Neste momento, temos de vencer e com certeza depois teremos tempo de convencer. Quando olhamos para os cinco jogos, já houve alguns em que estivemos muito bem, fomos elogiados até mesmo por vós [jornalistas], que partilharam determinados momentos coletivos da equipa. Neste momento, o resultado está em primeiro lugar e tenho total confiança. Estamos em agosto, fizemos um arranque de época muito positivo, estamos satisfeitos, sabemos todos que temos de dar muito mais. Neste momento, primeiro vencer e depois teremos tempo para convencer.
— Benfica marcou seis golos em cinco jogos. É o pior registo dos últimos 15 anos. Pavlidis disse, no fim do jogo com o Fenerbahçe, que a equipa tem de ser mais agressiva e criativa no ataque. Mantém a ideia de que o Benfica não precisa de criativos e tem soluções internas ou precisa de outras para ser mais eficaz?
— Pavlidis, por acaso, disse algo que tínhamos comentado a seguir ao jogo e na projeção do seguinte — ser mais agressivos no último terço. Iniciámos o jogo muito bem, no primeiro minuto temos uma grande oportunidade do Ríos. É nesse sentido que ele faz esse comentário. Lembra-se da última vez que o Benfica iniciou uma época assim, com quatro jogos, quatro vitórias e zero golos sofridos? É a primeira vez. Por isso é que não se lembra. Esta é a primeira vez. Estamos a fazer isto sem férias, sem pré-época. E já fizemos quatro vitórias, sem golos sofridos, cinco jogos seguidos sem sofrer e vencemos a Supertaça. Depois, se quiser olhar para o número de golos marcados, se recuar 60/70 anos, no top seis de épocas têm lá duas com o registo de um treinador português.
— Disse que os benfiquistas querem o Benfica campeão e também reconheceu que estavam insatisfeitos com a exibição depois da vitória sobre o E. Amadora. Objetivamente, sabendo que Roma e Pavia não se fizeram num dia, em que é que a equipa precisa de melhorar já?
— Tem de continuar a trabalhar. Olhar para as coisas muito boas que tem feito e dar continuidade, ter consistência. Estamos em agosto, temos cinco/seis semanas de trabalho, precisamos de dar muito mais para atingir objetivos. Garanto que, neste momento, sinto a equipa muito motivada em continuar a dar projeção a este início de época. Sabemos que podemos crescer, houve jogadores que chegaram recentemente, que só há dois/três dias têm casa, ou seja, viviam em hotéis. Estamos a fazer tudo ao mesmo tempo e, com este registo, estamos satisfeitos e queremos mais. Sabemos muito e bem qual é a exigência dos nossos adeptos.
— Passaram dois meses desde que disse nos Estados Unidos que queria um extremo direito e admitiu, até, que gostava de Moussa [Feyenoord]. Seria mais fácil, neste contexto, ter o plantel fechado? Continua a querer um extremo direito?
— Faremos a análise do mercado no final. Não há um plantel fechado até ao fim do período de transferências.
— Luís Filipe Vieira disse que Bruno Lage mudou a essência enquanto treinador, acusando-o de já não apostar em jovens. Quer responder?
— Não tenho intenção de responder a qualquer candidato, desde que não seja ultrapassada a linha vermelha de que falámos da primeira vez sobre eleições. Por isso, essa linha vermelha não foi ultrapassada, não tenho qualquer intenção de falar sobre isso.
— Vai rodar a equipa com o Tondela?
— Espero apresentar o onze em melhores condições. Aproveito para agradecer publicamente ao Besiktas, deu-nos a possibilidade de treinar lá no centro de treinos. É uma corrida contra o tempo e treinámos ontem em Istambul, fomos muito bem recebidos. Temos de perceber como os jogadores recuperam e amanhã de manhã decidir o melhor onze para vencer o jogo.
— Akturkoglu foi uma escolha específica para o onze no jogo com o Fenerbahçe? Pode ser titular com o Tondela?
— É uma possibilidade, como qualquer outro jogador, desde que se treine no limite, como gosto.
— Ainda sobre Akturkoglu, pode garantir que vai ficar?
— Já respondi várias vezes. Vou repetir: está muito feliz, está de cabeça corpo e alma no Benfica. Se não fosse assim, não teria feito este início de época e o jogo com o Fenerbahçe. Há uma proposta, está nas mãos do presidente. Sinto que o jogador está de cabeça, corpo e alma no Benfica e quer ajudar a equipa a vencer, como fez com o Fenerbahçe.