Sporting conquistou o título de campeão nacional em 2024/25, o segundo consecutivo e terceiro nas últimas cinco temporadas (IMAGO)

O Sporting manda nisto tudo

O Sporting não manda em tudo mas manda em muita coisa e Rui Costa quer mandar no Benfica mas começa a perceber que corre o risco de ficar a mandar coisa nenhuma… Este é o ‘Nunca mais é sábado’, espaço de opinião de Nuno Raposo

No futebol manda no campeonato e na Taça de Portugal; no andebol manda no campeonato e pode mandar na Taça; no voleibol manda no campeonato; no futsal já manda na Taça de Portugal e quer mandar no campeonato; no hóquei em patins também já manda na Taça e luta por mandar no campeonato… É nisto que o Sporting manda na temporada 2024/25. O Sporting não manda em tudo, mas manda em muita coisa e Rui Costa quer mandar no Benfica mas começa a perceber que corre o risco de ficar a mandar coisa nenhuma. Com as eleições marcadas para outubro, está visto qual é o plano do presidente do Benfica: muito barulho, disparar para todos os lados e mais uma pipa de massa para contratar jogadores e assim tentar convencer os sócios a votarem nele porque… para o ano é que é.

A Taça de Portugal nunca salvaria a época do Benfica. Não há um benfiquista que o considerasse, porque a grandeza do clube exige muito mais todos os anos como não exige a mais nenhum em Portugal — é o preço a pagar por ser maior do que os outros. Ainda assim seria um título, um doce para terminar a época e que estava quase garantido. Só que Gyokeres, Harder, Trincão e companhia tiraram o chupa-chupa da boca dos encarnados já no fim e por isso, e por se tratar do rival vizinho já consagrado campeão nacional, o impacto foi maior. Tão grande que Rui Costa reagiu como se viu na tribuna, lamentando-se ao primeiro-ministro sentado ao seu lado; disparando depois contra quem estava por perto; também via comunicação social ainda no Jamor; mais tarde contra o Sporting já no Seixal, numa conversa em altos berros para quem quisesse ouvir — ou melhor, para quem estava do outro lado do muro a captar, como se o líder dos encarnados falasse tão alto e naquele sítio se não quisesse que o ouvissem…

Não se adivinham tempos serenos na Luz. Enquanto se tem de preparar mais uma temporada, a equipa vai andar pelos Estados Unidos num Mundial de Clubes que pode dar prestígio mas dinheiro que valha a pena apenas para quem chegar muito longe na competição. E com o Benfica a ter um mês de agosto intenso e decisivo, porque jogará a entrada na fase de liga da Champions, os jogadores correm o risco de lá chegar sem o descanso necessário por terem as férias contadas ao dia.

Por tudo isto Rui Costa sente perto o bafo duma oposição que vê neste cenário a oportunidade de chegar ao poder, o momento certo como em nenhuma outra ocasião. Perder um campeonato e uma Taça de Portugal no espaço de uma semana para o rival de Lisboa e ter um verão de trabalhos tão exigentes pela frente com eleições no horizonte deixa o líder encarnado à beira do que pode ser a tempestade perfeita para se chegar ao fim de uma era. E não é a disparar para todo o lado e com um discurso exaltado que Rui Costa pode resolver o seu problema. Já ninguém vai nisso, nem mesmo o adepto mais suscetível a seguir as emoções de forma cega. Os tempos são outros, Rui Costa. E se o líder encarnado não o perceber, então vai mesmo ficar sem mandar em coisa alguma.