O 'mister' de A BOLA: Sofrer sem necessidade
1. Aguentar a pressão
O Moreirense recorreu à estratégia de ‘espera’ pelo adversário no seu meio-campo defensivo. Tal como referido na antevisão do jogo, Rui Borges implementou uma organização defensiva compacta e pressionante, procurando explorar as transições ofensivas. Esta evidência, foi característica das duas últimas épocas de Rui Borges, na segunda liga portuguesa, onde a fase defensiva acabou por ser a principal valência das suas equipas. Durante a primeira parte observou-se oito-nove jogadores atrás da linha da bola, fechando o espaço interior entre linhas, incentivando ao erro do Porto, durante a sua fase de criação. O princípio geral de superioridade numérica foi utilizado em todo o meio-campo defensivo do Moreirense, como também os princípios específicos defensivos, de cobertura defensiva, concentração e equilíbrio defensivo.
2. FC Porto apático
A equipa de Sérgio Conceição levou algum tempo a perceber que a velocidade de circulação, e as trocas posicionais constantes, eram fundamentais para desequilibrar o adversário. O FC Porto não conseguiu chegar ao golo, porém foi a equipa que mais quis jogar e proporcionar aos adeptos uma forma superior de organização estrutural em todos os momentos do jogo. Ao intervalo, a entrada de Toni Martínez veio preencher o vazio de uma referência posicional, mas foi o Moreirense que chegou à vantagem.
3. Reação coletiva
A desvantagem no resultado, salientou alterações, a entrada de Baró para aumentar a eficácia do jogo interior e relação intersectorial. A prestação do jogador, individualmente, é determinante no rendimento coletivo, logo as missões táticas específicas apresentam-se como meios para atingir fins. O domínio das ações de jogo pertenceu à equipa portista, e naturalmente a reviravolta foi alcançada - Toni Martinéz e Wendell marcaram num curto espaço temporal. A colocação de Pepê à direta foi inteligente, bem como a colocação de Otávio mais próximo dos jogadores do setor ofensivo. O desgaste da equipa do Moreirense revelou a quebra do bloco, com o Porto a aproveitar o espaço para variação o ângulo de ataque recorrente, potenciando situações favoráveis nos corredores laterais.
4. Síntese
A resistência do Moreirense esbarrou na qualidade do jogo coletivo portista. Eustáquio quando recuou no terreno, possibilitou a sistematização das ações de saída em construção, isto criou vantagens circunstanciais em termos numéricos, espaciais e temporais. Taremi mais solto, contribuiu para a crise de raciocínio tático dos cónegos, intervindo com maior perigo perto da baliza do adversário. Os últimos minutos foram difíceis, mas o FC Porto cumpriu com os requisitos exigidos na jornada inicial deste campeonato. O Moreirense mostrou ser competente, porém necessita de prescrever espaços vitais para o desenvolvimento da sua fase ofensiva, incrementando a iniciativa dos jogadores na regulação do ritmo de jogo, bem como variar os parâmetros de soluções táticas plausíveis na resolução das situações de jogo.