Nico estendeu a Mantl(a) para o brilho de Ricardinho
As duas equipas apresentaram-se no Estádio de São Miguel num estado de espírito sereno, tendo em conta que os açorianos há muito que alcançaram o seu objetivo de época, a manutenção e os arouquenses estão pertíssimo de o conseguir e até lá podem chegar este domingo. Mas já lá vamos...
Ainda os Lobos da Serra da Freita estavam em fase de adaptação ao habitat açoriano e já o seu guarda-redes Nico tinha cometido um erro ao colocar a bola nos pés de Ricardinho e estender a Mantl(a) para o brilho do português, que num remate muito colocado de fora da área inaugurou o marcador.
Os homens de Vasco Seabra não se entregaram a um destino que se parecia desenhar no horizonte e responderam, estando por três vezes perto do golo. Primeiro foi Fukui a ameaçar (14'), seguiu-se Sylla por duas vezes (22' e 27'). Mas nesta segundo lance tem de se destacar o enorme corte do central do Santa Clara Luís Rocha — quem diria que já vai nos 38 anos... apenas menos seis do que o seu treinador, Vasco Matos.
Depois disso, há o momento encantado (37') a meio do Atlântico. MT coloca a bola na direita em Lucas Soares, este faz um passe meio atabalhoado para o meio, Ricardinho está de costas para a baliza, controla com o pé direito, vira-se e remata com o esquerdo. Um gesto a lembrar uma lenda do futebol, Zinedine Zidane e que vai ficar nos anais dos golos desta ronda. Desta vez, perante tanta magia, nada a fazer para os homens de Vasco Seabra.
Chegava o intervalo e sentia-se a impotência arouquense, que tinha muita bola mas era pouco agressivo no ataque ao último terço, com os açorianos a terem sempre as zonas de pressão muito bem definidas.
Na segunda parte, o Santa Clara fechou-se como tão bem sabe fazer quando está em vantagem e o Arouca bem tentou, mas de perigo... pouco. A maior emoção veio através de decisões do VAR, primeiro num golo anulado a João Costa por fora de jogo de Gabriel Silva no início do jogada que daria o 3-0 aos açorianos e depois num penálti revertido a favor dos homens da Serra da Freita, pois quando a bola rematada por Sylla embate no braço de Lucas Soares, este tem o braço em posição natural, encostado ao corpo.
Face ao cenário apresentado, vitória justa para o Santa Clara, que fica no quinto lugar à condição à espera do que fará este domingo o Vitória de Guimarães e esta posição, a ser atingida no final, constituirá a sua melhor de sempre na Liga e dar-lhe-à acesso às provas europeias. O Arouca terá de esperar um pouco pela manutenção, mas até a poderá alcançar este domingo, caso o Aves SAD perca diante do Benfica.
A Notas do Santa Clara: Gabriel Batista (6); Sidney Lima (6), Luís Rocha (7) e MT (6); Lucas Soares (6), Adriano Firmino (6), Serginho (6) e Matheus Pereira (6); Ricardinho (8), João Costa (5) e Gabriel Silva (7). Diogo Calila (5), Vinícius Lopes (5), Wendel Silva (6), Daniel Borges (—) e Matheusinho (—)
As notas do Arouca: Nico Mantl (4); Alex Pinto (5), Fontán (5), Chico Lamba (6) e Weverson (5); Loum (3) e Fukui (6); Trezza (4), Sylla (6) e Mansilla (5); Dylan (5). Puche (5), Gozálbez (5), Henrique Araújo (4), Dante (—) e Yalcin (—)
As reações dos treinadores
Vasco Matos (Santa Clara)
Uma entrada muito forte da nossa equipa, a condicionar muito o adversário. O lance do primeiro golo é um lance que foi trabalhado. Tivemos uns primeiros minutos com muita qualidade e intensidade. O Arouca depois cresceu no jogo, conseguimos sustentar o ímpeto e, quando fizemos o segundo golo, tirámos o Arouca do jogo. Se pudermos ficar em quinto, não vamos ficar em sexto...
Vasco Seabra (Arouca)
O fator-chave foi o Santa Clara ter passado para a frente quando nada o fazia prever. Tivemos oportunidades, o Santa Clara é muito competente. Fomos tentando, fomos fazendo alguns remates, mas nunca conseguimos entrar no jogo. Queremos fazer nove pontos nos próximos três jogos. A equipa sabe que estamos num clube que treina e joga nos limites. Queremos acabar com 42 pontos