Mundial: o amarelo que estragou um dia bom
A diferença esteve nos pormenores, nos erros cometidos, alguma indisciplina associada, leia-se faltas cometidas por Portugal, e no maior aproveitamento da vantagem numérica pelo lado australiano.
Assim se pode explicar a derrota de Portugal frente à Austrália na 4.ª jornada do Grupo C do França-2023, por 34-14, num Estádio Geoffroy-Guichard, em Saint-Étienne, conhecido como O Caldeirão transformado numa casa de festas lusitana.
Vinte pontos de diferença explicados, em grande parte, pelos três ensaios convertidos nos primeiros 40m pelos Wallabies Richard Arnold (19'), David Porecki (21') e Angus Bell (26') quando jogavam em superioridade numérica devido à suspensão temporária de Pedro Bettencourt devido a um amarelo aos 15’ por placagem alta.
Um empurrão caído numa altura em que os Lobos estavam em vantagem (3-7), fruto de um ensaio de Bettencourt e do respetivo pontapé de conversão de Samuel Marques.
A Austrália não subiu ao relvado «num dia mau» e o tal «jogo perfeito», desejado por João Mirra na antevisão da primeira partida entre as duas nações, para levar Portugal a sonhar com uma vitória, foi placado nesse amarelo.
O adversário aproveitou erros defensivos e as penalidades concedidas para usar e abusar das fases estáticas e, através do pontapé para o alinhamento (conquistado), chegar ao intervalo com 24-7.
17 pontos de diferença que ainda foram ameaçados por Nicolas Martins próximo do apito para o descanso ao pisar a linha lateral centésimos de segundo antes de aterrar com a bola para lá da linha de ensaio.
Com o regresso do centro Bettencourt, Portugal (16.º do ranking) equilibrou o jogo, mas viria a sofrer novo ensaio - toque de meta que deu o ponto de bónus ofensivo à Austrália. Os Lobos estiveram mais um vez na iminência de tocar com a bola na zona da felicidade, mas Mike Tadjer, terá largado a oval para a frente antes daquela chegar à relva.
Imagem que o TMO não esclareceu, mas a equipa de arbitragem liderada pelo georgiano Mika Amashukeli assim decidiu – até que, tirando partido de dois amarelos em 3m (Matt Faessler, 59’ e Samu Kerevi, 61’), a Seleção chegou ao merecido ensaio através de Rafael Simões (70’).
Na resposta, apesar da Austrália ter registado o quinto ensaio, a exibição de Portugal mereceu os aplausos de todos os adeptos e mais um: Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República que voltou a marcar presença num jogo da Seleção depois de ter estado no embate de preparação para o França-2023 frente aos Estados Unidos, a 12 de agosto, no Algarve.
Campeã mundial em 1991 e 1999 e atual 10.ª do ranking, na iminência de se despedir, pela primeira vez, de um Mundial na fase de grupos, algo que nunca aconteceu nas nove edições anteriores, a Austrália, que completou os quatro jogos, conseguiu o desejado ponto de bónus ofensivo (5 ensaios) e adiou para a derradeira jornada a decisão de comprar ou não, bilhete de regresso a casa.
Portugal, 5.º e último classificado (2 pts) do Grupo C, tem nas mãos o destino dos australianos se ganhar às Fiji no próximo domingo, em Toulouse, e conseguir a primeira vitória de sempre num Campeonato sem permitir ponto de bónus defensivo à seleção do Pacífico Sul.