Melhor médio do mundo, críticas e renovação: tudo o que disse Roberto Martínez
— No ténis, o match point é o mais difícil. Na Seleção Nacional, estando perto de fechar o apuramento para o Mundial 2026, existe alguma ansiedade ou nervosismo?
— O aspeto emocional é importante em todos os jogos, mas acho que o grupo está calmo, focado e a trabalhar muito bem. A equipa percebe a força que tem quando joga em casa. O jogo contra a Irlanda teve uma energia no ambiente que o jogador fica com muita vontade de voltar. Hoje é um dia para focar as ideias do que nós queremos fazer amanhã: tentar ganhar o jogo e o apuramento para o Mundial frente aos nossos adeptos. A força dos adeptos ajuda muito no aspecto emocional.
— Portugal sentiu dificuldades contra o bloco baixo da Irlanda. O que é preciso mudar?
— Avaliar o desempenho no global. Sem bola foi exemplar. É importante o aspeto do que fizemos sem bola, deixámos a Irlanda sem remates enquadrados, sem cantos e sem lançamentos. Foi um desempenho bom, mas faltou marcar cedo. A bola bate no poste e sai. Gosto da estatística dos golos marcados. O que não podemos perder é o que fizemos sem bola, a resiliência de continuar a tentar fazer o que acreditamos. Ninguém fala do golo da vitória, não é de azar ou de sorte, é uma jogada de qualidade, de cruzamento e uma chegada. É um golo merecido. Queremos continuar a melhorar, podemos melhorar a fluidez e rapidez com a bola. Continuamos com o que fizemos bem e queremos melhorar.
— Oito dos nove golos marcados na fase de apuramento foram apontados por jogadores que atuam na Arábia Saudita. É um indicador que a liga saudita é cada vez mais competitiva?
— O golo é a consequência de um bom jogo. Não só do jogador individual. Não é importante para a Seleção onde os jogadores jogam. O importante é a atitude, o compromisso e ajudar a equipa. Não tem a ver com uma liga ou um país. É importante termos muitos marcadores diferentes, criarmos muitas oportunidades. Não há uma relação entre os golos e onde os jogadores jogam.
— Está aberto a mudar o sistema?
— Acho que a nossa média de golos é de uma das maiores seleções do mundo. Precisamos de valorizar o que fazemos com bola ao detalhe, mais objetivamente. Somos uma equipa de ataque. Não é um problema. A Hungria não sofreu golos de bola corrida, nós marcamos dois e um de grande penalidade. Se falamos de avaliar jogos, precisamos de avaliar e objetivamente. A equipa cria oportunidades ao mais alto nível das melhores seleções do mundo. Já fizemos isso contra a Alemanha e Espanha. O jogo contra a França (Euro 2024) é o primeiro jogo que queremos jogar olhos nos olhos. O primeiro golo muda todo o jogo. Gosto de ver o que escrevem depois dos jogos. Temos uma seleção que joga muito e bem. Temos jogadores com um compromisso incrível. Vamos desfrutar disso.
— Portugal tem marcado muitos golos e decidido nos últimos minutos. É sorte ou insistência na baliza contrária?
— Acho que é melhor para vocês falar disso, não é para mim. A minha responsabilidade é criar um ambiente competitivo, uma equipa de ataque. É aqui onde se ganha a sorte. 13 vitórias nas fases de apuramento. Nunca foi feito. Acho que o que acontece na Seleção é do trabalho, do compromisso e da dedicação dos jogadores. Precisamos de falar mais do que os jogadores estão a fazer bem do que da sorte do selecionador.
— Sente que as críticas que tem sido alvo são injustas?
— Faz parte. Gostaria que fossem informadas. O foco é desfrutar mais da seleção. Não há uma equipa perfeita, mas acho que os jogadores merecem mais respeito pelo que estão a fazer. Todas as pessoas têm uma opinião, a Seleção é de todos. Faz parte, não vejo um problema aqui.
— Luis de la Fuente disse recentemente que o Pedri é o melhor médio do mundo. Quem é o melhor médio? E qual a capacidade do Vitinha que o deixa contente?
— O Luis de la Fuennte [selecionador espanhol] está certo em dizer que os seus jogadores são os melhores, porque trabalha com eles e conhece-os melhor. Para mim, o Vitinha é o melhor médio do mundo. João Neves também é dos melhores do mundo, com caracterísitcas diferentes. De todas as estatísticas, o melhor médio foi o Vitinha. Com a época que fez foi o melhor médio da UEFA Champions League. Precisamos de aceitar as opiniões, mas também apoiamos o que é objetivo.
— Bolas paradas defensivas são importantes?
— Já conhecem o jogador do Liverpool [Szoboszlai], tem um grande capacidade na decisão. Dá muito à Hungria não só nas bolas paradas, mas também nas bolas corridas. É um jogador com muita liberdade, que consegue espaço. Trabalhámos nisso. A bola parada é um aspeto importante.
— O seu contrato termina em 2026. Não seria altura de falar em renovação?
— O foco é passo a passo, tentar ter um bom desempenho, fazer as nossas tarefas e tentar jogar o quanto é possível. O resto não é para o selecionador falar.
— Haverá mudanças no onze inicial?
— O importante é ter uma equipa com energia e clareza durante 90 minutos. Não é só o onze. Acho que é importante que todos estejam preparados para um jogo exigente. O João Félix também vai treinar esta tarde, e todos os jogadores estão preparados. Tivemos que dispensar o Rafael Leão e o Gonçalo Inácio. Normalmente no segundo jogo fazemos duas ou três trocas. Faz parte do que trabalhamos.