Em vésperas do anúncio do vencedor da Bola de Ouro 2019, Jorge Valdano escreveu em A BOLA: «Há não muito tempo, o Barcelona foi equipa deslumbrante com um génio lá dentro. O tempo foi melhorando o génio e piorando a equipa. O que Messi ainda faz agora ajuda a dissimular a decadência coletiva. É um engenheiro agrónomo pisando cada zona do terreno, tem a visão dum astronauta quando levanta a cabeça, desarma e arma a bola como se fosse um cubo de Rubik cada vez que a toca.»


Poderia, no seu estro, dizer mais do Messi, o Valdano - e só isso bastava para mostrar como a Bola de Ouro voltou, justamente, à sua essência: premiar o Melhor Jogador do Mundo (e não premiar o melhor jogador da equipa que ganhou mais ou ganhou o mais importante).


Sim: o Melhor Jogador do Mundo 2019 foi o Messi - e foi o Messi porque se António Lobo Antunes já o dissera:


- Existem três ou quatro coisas importantes na vida: os livros, os amigos, a mulher e o Messi...


o Messi ainda não saiu desse melhor de si - transformando a bola que leva no pé (como se ela estivesse, intocável a outros, lá dentro) em beleza e luz, golo e desconcerto, como mais ninguém faz.


Sim: o Melhor Jogador do Mundo 2019 foi o Messi - e foi o Messi porque se Ricardo Serrado já o dissera:


- Messi é um futebolista que joga  no futuro


o Messi ainda não deixou de jogar no seu futuro, criando, com o seu dom da adivinhação, linhas de horizonte onde outros só veriam becos sem saída - como se, a cada toque ou passe, a cada drible ou remate, ele tivesse a musicalidade dum Mozart ou a poesia dum Borges.


(PS: Lotina dissera-o também:


- Comparar Ronaldo com Messi é exercício de ignorância futebolística: Messi é Messi e os outros são futebolistas…


e se, ainda ontem, com o Maiorca, o Messi tornou a mostrar que não é deste Mundo, a cada dia que passa vê-se o Van Dijk, o Mané, o Bernardo ou o Salah a serem como o Ronaldo - ou melhores...)