Fotografia Helena Valente/ASF

Luís Magalhães diz ter sido castigado pela federação por uma entrevista que nunca deu

PARTE 3 - Campeão pelo Sporting em 2020/21 e tendo ganho na época seguinte três dos quatro títulos em disputa, Luís Magalhães estranha nunca ter sido eleito Treinador do Ano e, na entrevista que deu a A BOLA, conta que lhe disseram que o sistema não permitia mostrar a divulgação das votações

—  Este é um tema que ainda não há muito tempo escreveu sobre ele nas redes sociais. Na sua última época como treinador do Sporting foi alvo de um processo disciplinar pela federação. Por mais de uma vez reclamou que não sabia o resultado final, já o sabe? 

— Não. Essa é outra vergonha. A federação não é uma pessoa de bem. Andam lá pessoas que não o são. Como é que é possível ter uma nota de culpa e ser castigado por ela, responde-se à nota de culpa e dizemos que nunca dei entrevista ao jornal O Jogo. O castigo é com base nessa entrevista que nunca aconteceu. Houve um dirigente do FC Porto que foi dar uma entrevista, para defender, não o FC Porto, mas o trabalho que não souberam fazer. 

 É natural que estivessem nervosos e quando perdem arranjem maneira de dizer que a culpa é dos outros, deste ou daquele. São desculpas em vez de olharem para dentro

Como disse o presidente Pinto da Costa na época em que entrei - por quem tenho muito respeito e consideração pelos anos que convivi com ele -, e em que o clube ganhou uma dessas taças, quando foi a recebeu no museu: ‘Epá, vocês ainda existem. Já tinha saudades de ver aqui o pessoal do basquetebol’. Percebi a mensagem. Andavam há não sei quantos anos, e andam, sem ganhar praticamente titulo nenhum. Por isso é natural que estivessem nervosos e quando perdem arranjem maneira de dizer que a culpa é dos outros, deste ou daquele. São desculpas em vez de olharem para dentro e verem onde é que têm de ser mais fortes e o que devemos fazer para serem melhores. 

Nunca dei a referida entrevista, fiquei castigado, recorri e até hoje, zero.

A verdade é que ele foi dar uma entrevista para O Jogo a dizer coisas que eu disse e a federação castigou-me a referir a entrevista que tinha dado, quando nunca o fiz. Foi feita a resposta à nota de culpa e já passou ano e meio e ainda não responderam. Isto numa instituição de utilidade pública que devia ser clara. Nunca dei a referida entrevista, fiquei castigado, recorri e até hoje, zero. 

— Na sua última época no Sporting, das quatro provas nacionais venceu três, menos o campeonato, e foi nessa que chegou aos quartos de final da Taça Europa, o que até então nunca ninguém conseguira. Pareceu-me que ficou magoado por não ter sido considerado Treinador do Ano?

— Fiquei. Já no ano anterior em que havia sido campeão perguntei porque não havia sido considerado como tal. Perguntei à associação dos treinadores porquê, já que havia havido uma votação, e qual era o critério. Responderam que foram os votos dos treinadores e para mostrarem a classificação porque vários me haviam contactado a perguntar porque não ganharam porque eles haviam votado em mim e outros é que haviam vencido.  Fiquei admirado. Mas é normal, estamos em Portugal. Toda a gente com mínimo de princípios ficou pasmado. E depois dizem que o sistema não permite a divulgação das votações. Não parece que seja um regime democrático, claro e transparente.