Lewis Hamilton atira-se a conselheiro da Red Bull
Lewis Hamilton classificou de inaceitáveis os comentários xenófobos do conselheiro da Red Bull Honda, Helmut Marko, à inconsistência do piloto mexicano da equipa, Sergio Perez, atribuida às suas origens… sul-americanas.
«Sabemos que ele tem problemas na qualificação, oscilações de forma – é sul-americano e não consegue ter a cabeça tão focada quanto Max [Verstappen, neerlandês] ou Sebastian [Vettel, alemão]», afirmou o austríaco de 80 anos após o Grande Prémio de Itália, há duas semanas, gerando imediata polémica. É que não só o México fica na América do Norte, como na lista de campeões da F1 constam sul-americanos como Nelson Piquet ou Ayrton Senna.
Dias depois redimiu-se. «Peço desculpa pela minha observação ofensiva e quero deixar absolutamente claro que não acredito que possamos generalizar sobre pessoas de qualquer país, qualquer raça, qualquer etnia. Tentei analisar o desempenho oscilante de Checo este ano, mas estive errado ao atribuí-lo à sua herança cultural», alegou Helmut Marko, também ele um antigo piloto.
Não se livrando, porém, da dura crítica de Lewis Hamilton, heptacampeão mundial e único piloto negro na Fórmula 1. Nem de uma advertência da própria FIA. «O que disse é completamente inaceitável. Embora digamos que não há espaço para discriminação neste desporto – e não deveria haver – dirigentes e pessoas na sua posição fazerem comentários destes não é nada bom. Só destaca o muito trabalho ainda por fazer. Para ser honesto, não me surpreende», censurou o piloto britânico da Mercedes em declarações à Sky Sports.
«Podemos confirmar que Helmut Marko, que é consultor da equipa Red Bull, recebeu uma advertência por escrito e foi lembrado das suas responsabilidades enquanto figura pública no automobilismo, de acordo com o código de ética da FIA», diz o comunicado do organismo que gere o desporto a nível mundial.
Já esta quinta-feira, em Singapura, Sergio Perez revelou que o conselheiro lhe apresentou pessoalmente desculpas. «Conheço-o, sei que não era a sua intenção e é só isso que me importa», informou, lacónico, o atual 2.º classificado no Mundial de pilotos, a distantes 145 pontos do líder e companheiro na equipa Red Bull, Max Verstappen.
Também via Sky Sports surgiu a reação da escuderia britânica, pela voz do seu diretor, Christian Horner: «Claro que já abordámos o assunto. Arrependeu-se do que disse e pediu desculpas. Mesmo aos 80 anos, não é tarde para aprender.»