Humildade, quatro dedos mostrados aos adeptos do FC Porto e a 'ameaça' Bernardo Silva: tudo o que disse Bruno Lage
— Como está a abordar este jogo com o Arouca, sabendo que faltam seis jornadas para o fim do campeonato?
— Com o foco total. Esta manhã foi um bom exemplo disso. Todos temos estar com o foco certo para atingir os nossos objetivos. Precisamos de trazer a confiança necessária das nossas exibições, mas, simultaneamente, o respeito que tivemos hoje a observar o Arouca. Que isso nos traga humildade para enfrentarmos o jogo de amanhã. É também isso que espero dos adeptos. Confiança e respeito, porque vamos jogar com uma equipa que pratica bom futebol, que num passado recente fez duas boas exibições, com SC Braga e Sporting, com resultados de 2-2 e 1-2. Por isso, tem de haver da nossa parte esses fatores: confiança do percurso, pelas exibições e pela forma como treinou, e o respeito, pela análise que fizemos ao adversário. E amanhã precisamos de uma humildade tremenda para vencer. Da parte dos adeptos [esperamos] o apoio de sempre, que amanhã o Estádio da Luz seja mais uma vez o inferno da Luz e que da bancada para o relvado passe apenas energia positiva para vencermos.
— Benfica é o principal favorito a vencer o campeonato? Sentiu que o Sporting abanou e que o Benfica é uma equipa mais confiante e com mais condições para acabar em primeiro lugar?
— Temos de ser, neste momento, favoritos para vencer o jogo de amanhã. Por isso, o nosso foco total é nisso. Os objetivos da equipa são claros. Tenho falado nos últimos meses sobre os quatro favoritos, incluí o SC Braga e não me enganei, porque o SC Braga é, realmente, uma excelente equipa. Queria reforçar o que tem feito, principalmente nos jogos com os grandes, já nos venceu no campeonato, venceu o FC Porto, empatou com o Sporting. Olhando para o nosso percurso temos de estar focados nos nossos objetivos e, para isso, estar focados no jogo de amanhã e sermos favoritos em vencer o jogo de amanhã.
— Com o Tirsense o Benfica entrou em campo com seis jogadores da formação no onze. Na próxima temporada até podem ser sete, caso Bernardo Silva volte ao Benfica. Como é que vê essa possibilidade e que importância teria o regresso de Bernardo, símbolo do Benfica, ao Estádio da Luz?
— Começando por aí, os adeptos reconhecem que o Bernardo é um símbolo do Benfica. Tive o prazer de trabalhar com ele vários anos na formação, escolas, iniciados e juvenis. Mas o mais importante é aquilo que controlamos. E aquilo que controlo, enquanto treinador, é o jogo de amanhã. Sobre o mercado e o que pode ser a próxima época há pessoas que estão a trabalhar sobre o assunto, como sempre a preparar a próxima época e a equipa, para que esta seja cada vez mais forte.
— Sem referir nomes, um jogador que questione as suas opções e lhe vire as costas enquadra-se na sua máxima de que os egos não entram na equipa? Como classifica a sua atitude no Dragão mostrando quatro dedos aos adeptos do FC Porto?
— Vamos falar abertamente e meter os nomes. Vi muitas conversas sobre o Bruma. O clube já fez um comunicado, ali está a verdade. Sobre o Bruma o que tenho a dizer é que não jogou com o Tirsense porque esteve doente, recuperou, treinou-se, está convocado e amanhã, se for o meu entendimento, será opção para o jogo. Sobre os meus quatro dedos, tinha-vos dito que o jogo iria ser quentinho. E tanto foi quentinho lá fora como por vezes é quentinho e a ferver cá dentro. Foi uma interação minha com a bancada, tenho o castigo. É merecido e compreendo-o. Espero não voltar a repetir. Quando as coisas estão quentinhas não podemos prometer essas coisas. O mais importante é que esse jogo está fechado: exibição, resultado e multa.
— Depois da derrota com o Casa Pia pediu calma aos adeptos e prometeu-lhes que resolveria a situação e agora está em primeiro lugar. Se o Benfica for campeão é o rosto deste título? É o principal responsável?
— Isto não há rostos. Rostos são... qualidade dos jogadores, minha competência e da equipa técnica. Como vos tenho dito, sem eles não teria capacidade de preparar os jogos como preparo e de fazer a equipa e os jogadores. É também a capacidade do presidente, diretor desportivo e diretor geral... de termos a capacidade de fazer os ajustes necessários em janeiro. Enfim, de uma estrutura sempre presente e a ajudar, a indicar-nos o rumo. E também a forma como os adeptos têm apoiado a equipa. Isso de dizer que é do a, b ou c quando estamos num desporto coletivo é pouco importante. Importante é as pessoas sentirem que pertencem a um grande clube, que jogam numa grande equipa e que todos temos um objetivo em comum. Reforço que o jogo de amanhã é muito importante para sentirmos que todos, dentro e fora do campo, que o foco tem de estar nos nossos objetivos finais.
— Como está a equipa a viver este bom momento?
— Vou repetir o que disse: com confiança, mas também com respeito, pela forma como analisámos o Arouca. Em conjunto com humildade para a equipa corresponder com boas exibições e golos. É isso que pretendemos e é viver o dia a dia. Confiança e respeito para nos dar humildade suficiente que temos tido. A equipa responde sempre bem em momento de pressão, em que tem de dar uma boa afirmação e é isso que queremos para amanhã.
— Di María foi envolvido numa polémica fora de campo. Como sente o jogador? Falou com ele? Receia que possa ter impacto desportivo?
— O jogador já falou publicamente sobre o assunto. Estamos ao lado dele, sabe que tem uma estrutura e um treinador que o vai defender sempre. Ontem e hoje vi um atleta supermotivado em continuar a fazer boas exibições e ajudar a equipa a vencer.
— Permita-me voltar ao assunto de Bernardo Silva até porque há uma situação que poderá controlar. Mantém contacto com ele? E, se mantém, já falou com ele sobre a possibilidade de ele regressar?
— Não mantenho contacto com ele. A última vez que falámos... já não sei se foi para lhe dizer que lhe daria um tiro numa rótula. Ele ia jogar contra nós e, em jeito de brincadeira, [disse-lhe isso]. É um jogador talentoso e a única maneira que tínhamos de travá-lo no Wolverhampton era dar-lhe um tiro numa rótula. É um jogador por quem os adeptos têm um enorme carinho, que conheço muito bem e tem feito uma carreira fantástica. Ele e muitos outros que cresceram aqui, que triunfaram cá dentro como lá fora, já manifestaram a vontade de regressar. Quando? Não se sabe. Tem de juntar-se a vontade do jogador e a oportunidade do clube. E poder concretizar-se. Mas isso, repito, não é nada do que nos tire o foco do jogo de amanhã [com o Arouca], porque isso é que é o mais importante e que eu controlo.