Hugo Souza: Chaves, Glória a Deus e um viva ao 'Neneca'
Estava dividido entre escrever sobre o número de vezes que Matheus Reis menciona Deus nas redes sociais (Deus já deve ter ativado as notificações só para ele) ou sobre Hugo Souza, o Neneca, que me impressionou na sua estreia no Flamengo frente ao Palmeiras (1-1), em 2020. Como Ancelotti o convocou para a seleção brasileira, prevaleceu o Hugo. Também ele é um homem de fé – mas subiu na vida sem pisar ninguém. Foi, todavia, pisado sem piedade, mesmo sendo tão novo quando conquistou títulos no Fla.
«Goleiro ruim», diziam os meus amigos brasileiros. Não achava. Parecia-me uma mistura entre um super-herói e um personagem dramático: tanto fazia defesas impossíveis como sofria golos que não lembravam ao diabo (já que falamos de Deus, venha o outro lado também). Há menos de dois anos, Hugo estreava-se pelo Chaves num jogo da Taça da Liga contra o Aves. Um espetáculo digno de um filme: sofreu um golo do meio-campo e, nos penáltis, defendeu uma bola... que bateu no poste, voltou a bater nele e entrou.
Apesar de o Chaves ter descido, Hugo mostrou serviço. Bem, talvez serviço a mais quando participou num torneio de futevólei sem autorização do clube, um dia depois da despromoção. Quem nunca? Ainda assim, o momento que definiu a sua reinvenção foi a saída do Flamengo. Não vale a pena alimentar um amor não correspondido. O Corinthians revelou um Hugo Souza mais maduro – tem 26 anos – e mais amado. Não se perdeu pelos caminhos tortuosos do futebol. Esteve perto. Foi pisado. Mas não perdeu a cabeça...