«Gostava muito de ganhar o campeonato com o Sporting»
Na primeira época a tempo inteiro na equipa principal do Sporting, após um ano de empréstimo ao Valadares Gaia, Carolina Santiago marcou sete golos nos oito jogos iniciais, renovou contrato até 2029 e captou a atenção da Seleção Nacional. A internacional sénior lusa refletiu, em entrevista A BOLA, sobre o percurso de leão ao peito, elegeu as principais referências no futebol e destacou a importância de ter dado os primeiros toques na bola em equipas mistas.
— Esperava que, depois de uma época de empréstimo, tivesse um início tão fulgurante no Sporting?
— Acho que não, mas sempre foi o meu objetivo. Regressar bem, poder ajudar ao máximo a equipa e que estou muito feliz com este início. Sempre foi o meu objetivo jogar no Sporting, desde pequenina que era o meu sonho.
— Como é que se sentiu depois de marcar logo no primeiro jogo de regresso, no play-off da Champions contra a Roma, perto do fim?
— Muita felicidade. Entrar, estrear-me na Liga dos Campeões e marcar um golo foi de sonho. Fiquei muito feliz por ter contribuído para a vitória e por ter conseguido ajudar a equipa.
— O Sporting vai defrontar o Hammarby nos quartos de final da Europa Cup. É irrealista pensar na conquista desta prova?
— Claro que não. Acho que nós encaramos todos os jogos para vencer. Todas as competições que nós entramos é para tentar ganhar. Temos vindo a fazer um bom percurso. O objetivo é passar à próxima fase e, quem sabe, conseguir o título.
— Ao fim de seis jornadas na Liga, o Sporting tem uma desvantagem de cinco pontos para o Benfica. A confiança na conquista do título mantém-se inalterada?
— Obviamente. É uma margem, é a realidade, mas ainda há muitos jogos pela frente, muito campeonato ainda estamos na primeira volta, é continuar a fazer o nosso trabalho. Tenho a certeza que vamos conseguir alcançar o nosso objetivo.
— O plantel sofreu muitas alterações durante o verão. A necessidade de adaptação justifica os pontos perdidos?
— Sim, muitas jogadoras novas, vêm de contextos e ligas diferentes. Temos mais competições também, a Liga dos Campeões, a Europa Cup, isso tudo requer adaptação. Há muitos jogos, muitas viagens. Não pode servir de desculpa, mas a realidade é que também afeta um bocadinho.
— Como é que é partilhar o balneário com jogadoras que já admitiu serem referências, como a Cláudia Neto?
São muito um exemplo. A Cláudia Neto é uma jogadora muito experiente, já passou por vários países, já tem uma carreira incrível, conseguiu muitos títulos, muitos feitos individuais também, e óbvio que é um exemplo para mim, mas penso que para qualquer jogadora em Portugal e tê-la no balneário e na equipa é algo muito bom. Vejo-a como um exemplo em tudo o que faz no treino, ajuda-nos bastante e é uma pessoa incrível.
—Realiza sete jogos pela equipa principal na época de estreia [2024/25], antes de ser emprestada ao Valadares Gaia. Como é que foi regressar a Vila Nova de Gaia na sua primeira temporada tempo inteiro na Liga?
— No início foi um bocadinho duro, não estava à espera. Foi um choque de realidade, mas depois junto da minha família, do meu agente, das pessoas me amam e estão sempre a ajudar-me, percebi que seria o melhor para mim. O Sporting também o fez com esse intuito e foi mesmo o passo mais acertado. No Valadares consegui crescer e aprender bastante. O facto de estar em casa também ajudou a matar um bocadinho de saudades, estar com a família. Voltei mais madura, não dei tantas dores de cabeça aos meus pais [risos]. Foi muito bom e ajudou-me bastante para o meu regresso ao Sporting.
—No Valadares é eleita a jogadora revelação da Liga BPI...
— Foi incrível, não estava à espera, mas trabalho todos os dias para conseguir alcançar os meus objetivos, os meus sonhos. Fui para o Valadares e queria dar o melhor de mim. Óbvio que queria trabalhar para conseguir regressar ao Sporting, então esse sempre foi o meu objetivo, dar o meu máximo em todos os jogos, em todos os treinos, fiquei muito feliz por ter conseguido fazer uma boa época e por estar de volta.
— No Valadares jogou muito pela direita, no Sporting tem jogado muitas vezes ao centro do ataque. Onde é que se sente confortável?
— A avançada, mas se tiver de jogar noutra posição não me importo. O que eu quero é jogar futebol, por isso estando dentro de campo sou feliz. Basta isso.
— Começa a jogar no Vilanovense e permanece no clube durante cerca de três anos, em equipas mistas. De que forma é que essa experiência a jogar lado a lado com rapazes moldou a forma como encara o jogo?
— Acho que me ajudou bastante no aspeto físico. Claro que eles sendo rapazes tinham mais força, mas nunca me deixei acanhar e que isso me abalasse, então obrigava-me também a ser como eles, a ir ao ombro. Foi algo que quando vim para o Sporting me beneficiou bastante, porque também era muito conhecida por ser uma jogadora forte. Acho que isso veio muito do futebol masculino.
— Aos 19 anos já se estreou pelo Sporting e pela Seleção Nacional. Qual é o objetivo a curto prazo que ambiciona conquistar?
— Gostava muito de conseguir ganhar o campeonato com o Sporting, é um objetivo neste momento.
— E a longo prazo, nos próximos dez anos?
— Encontrar a minha melhor versão todos os dias, tentar melhorar o máximo possível, quem sabe um dia chegar aos patamares mais altos do futebol e continuar a representar Portugal.