Trincão foi o único habitual titular a jogar de início e aproveitou para fazer a diferença — Foto: IMAGO
Trincão foi o único habitual titular a jogar de início e aproveitou para fazer a diferença — Foto: IMAGO

Foi só preparar o corpo que a cabeça há muito está na Champions (crónica)

Mesmo em modo poupança, leão não correu o mínimo risco. Todos os atores principais poupados, menos Trincão, o protagonista. Esquerdino resolveu o jogo e depois saiu para Luis Suárez reaparecer a... marcar

O Sporting cumpriu a formalidade de eliminar o Marinhense e segue em frente na Taça de Portugal. Sem a mínima dificuldade.

A jogar em Alvalade perante uma equipa modesta e ainda por cima a viver um momento conturbado —Renato Sousa transitou da formação para treinador principal face ao processo instaurado pelo clube ao antecessor, Rui Sacramento, por alegados abusos psicológicos aos jogadores —, os leões cedo se instalaram no meio-campo adversário e daí não mais saíram. As oportunidades sucederam-se e a única dúvida foi sempre saber qual a diferença final no marcador.

Já com a cabeça na Champions,   pois na quarta-feira há importantíssimo duelo com o Club Brugge, que em muito pode definir o futuro europeu da equipa, Rui Borges optou por guardar praticamente todos os trunfos, aproveitando o encontro para preparar o corpo de muitos dos menos utilizados neste início de temporada, até porque o embate da prova rainha surgiu após o interregno para os compromissos das seleções.

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Assim, Trincão foi o único dos titulares a entrar de início. E em boa hora, já que foi o esquerdino a marcar o ritmo de toda a equipa e até a assinar os dois primeiros golos. Ele que tinha atuado apenas 27 minutos no duplo compromisso que carimbou a presença da Seleção Nacional para o Mundial das Américas e que, naturalmente, necessitava de readquirir o ritmo que faz com que seja não apenas um dos principais desequilibradores mas também um dos mais influentes criativos dos leões.

De resto, todos os outros atores principais foram guardadinhos para a UEFA Champions League, incluindo os meio-titulares, casos de Quenda ou Geny Catamo. Nada que colocasse em perigo uma vitória tão clara como natural. Afinal, o Marinhense, apesar de toda a boa-vontade, é uma equipa muito limitada, como traduz o atual 12.º e antepenúltimo lugar da série C do Campeonato de Portugal. Ou seja, está mais próximo de descer aos distritais do que manter-se no 4.º escalão nacional.

Com tudo resolvido ao intervalo, Rui Borges esperou mais 20 minutos para observar como reagiam já com o jogo em ritmo de passeio os habituais suplentes e Salvador Blopa (o ala não esteve particularmente inspirado, mas tem um potencial atlético que lhe permite criar desequilíbrios com enorme facilidade) e Rodrigo Ribeiro (belas movimentações à ponta de lança, que bem mereciam o golo que o camaronês Framelin lhe negou), os dois meninos que lançou de início.

A intensidade tinha reduzido consideravelmente e o treinador decidiu-se por dar minutos a Quenda e Luis Suárez, bem como   entrosar com os artistas principais um dos maiores talentos da Academia, Flávio Gonçalves. E o colombiano foi um dos que puxou dos galões, como que a justificar com o golo, após passe açucarado de Quenda, que o lugar é dele.

Há mesmo jogadores que fazem a diferença. Trincão e Suárez são daqueles que não sabem... brincar.