EuroBasket: «Às vezes os 'underdogs' têm dias felizes»
Sem estrelas de maior capazes de fazer sombra aos principais candidatos ao título no 41.º EuroBasket 2025 ou atrair multidões, de regresso ao evento passados 14 anos para uma quarta presença e 56.ª seleção do ranking mundial, tendo apenas atrás nesta edição o Chipre (84.ª), que é um dos quatro países organizadores, foram poucas as questões colocadas ao selecionador Mário Gomes e ao capitão Miguel Queiroz na conferência de imprensa na Xiaomi Arena, em Riga. Capital onde está sediado o Grupo A, que conta com a anfitriã Letónia (9.ª), Chéquia (19.ª), Turquia (27.ª) e Estónia (43.ª).
Na verdade, a imprensa turca esteve mais interessada por conhecer Portugal do que a checa, contra quem os Linces, ao início desta tarde (12h45) vão marcar o arranque do campeonato, estando obrigados a vencer, pelos menos, duas partidas para concretizarem o objetivo anunciado pelo selecionador de passar aos oitavos de final. E sabendo para isso terão de bater a Chéquia e a Estónia, precisamente o primeiro e último jogo.
Meta apenas concretizada em Espanha 2007, quando Portugal terminou em 9.º, e que causou surpresa. Houve dirigentes da federação portuguesa que já tinham saído de carro de Sevilha de regresso ao País e tiveram de voltar para trás a meio do caminho. E quando a Seleção chegou a Madrid, não havia autocarros, balneários e tudo o mais com o nome de Portugal porque a organização não os mandara faze. Nunca acreditara nessa hipótese.
Mas essas são outras estórias, até porque o selecionador começou por elogiar as condições, «alojamentos, de treino, transportes» que foram dadas em Riga. «Sei que isso é o normal, mas não acontece sempre e por isso estamos agradecidos», disse.
«Qualificámo-nos após 14 anos, foi um longo caminho para alcançarmos este EuroBasket e temos objetivos. Tentar é uma obrigação, mas queremos passar a fase de grupos. Vamos ver se o conseguimos, estamos prontos para jogar, tal como as outras equipas. Vamos lutar por tudo», afirmou Gomes, de 68 anos, que está de volta ao Euro depois de ter sido adjunto de Mário Palma no Lituânia-2011 (21.º/24.º).
Questionado sobre o que pensa da seleção turca, a qual conta com Alperen Sengun, poste dos Rockets, eleito para o All-Star de 2025, Gomes não esteve com meias-medidas. «Sabemos que somos os underdogs (não favoritos) da competição e que a Turquia é muito forte. Assim como que este ano o plantel está completo, o que não tem acontecido sempre nos últimos anos. Vamos lutar, mesmo sabendo que as hipóteses de derrotar a Turquia são muito, muito pequenas, mas queremos ser competitivos. Às vezes acontecem surpresas, às vezes os underdogs têm dias felizes», completou sorrindo.
«Não me considero — e no dia em que o fizer, se forem meus amigos, mandem-me para o hospital porque já não estou bom da cabeça —, um guru destas coisas, mas estamos aqui porque temos uma equipa com qualidade. Se estamos cá porque temos uma equipa formada por jogadores com qualidade suficiente, e que são melhores do que se pensa em Portugal. O que é que isto significa para o basquete português? Depende mais daquilo que fizermos a seguir do que o que fizemos até agora. Vamos ver como é que esta oportunidade é aproveitada», concluiu.
Entre desejar que a presença de Portugal no Europeu passe a ser mais frequente e do impacto positivo que esta qualificação possa ter na modalidade em Portugal, Miguel Queiroz falou igualmente da importância de começar bem o campeonato. «É sempre um bom sinal quando se começa bem. E nós queremos começar bem. Sabemos que a Chéquia é bem orientada pelo seu treinador espanhol, que tem também grandes jogadores, mas é importante arrancarmos bem. Falámos nisso na nossa preparação, mas também não queremos colocar demasiada pressão nos jogadores para que não se sintam ansiosos no jogo. Vamos encará-lo de uma forma séria, tentar desfrutá-lo, mas a lutar por todas as posses de bola e tentar conseguir a vitória».
Aliás, Queiroz avisou que Portugal «Não temos medo de ninguém e estamos preparados para jogar cara a cara contra quem seja». «Sabemos que estamos noutro nível, mas queremos provar que podemos competir contra esses jogadores top. Vamos tentar tudo para vencer, mesmo contra a Turquia ou a Sérvia», prometeu.
A Chéquia conta com o base dos Hawks Vit Krejci, de 25 anos e há quatro épocas na NBA, mas surgiu privada dos jogadores do Barcelona Tomas Satoransky e Jan Vesely.
«Espero um encontro difícil»
Se Mário Gomes e o capitão Miguel Queiroz praticamente não tiveram perguntas sobre o confronto de hoje contra a República Checa (12h45), Diego Ocampo, o espanhol, de 49 anos, que está à frente da seleção checa desde 2023, mas que nas últimas duas temporadas acumulou o cargo com o comando do Burgos (LEB Ouro) e já na última do Manresa na poderosa ACB, foi bastante questionado.
«Portugal tem uma boa equipa, como mostrou frente à Espanha [vitória por 74-76, em Málaga]. Fez um bom jogo, competiu e venceu. Por isso, espero um encontro difícil», começou por deixar claro.
No entanto, à imagem do técnico luso, quer que a equipa viva o campeonato «jogo a jogo e neste momento estamos apenas focados no encontro contra com Portugal (56.ª do ranking mundial), disse Ocampo sem deixar de reconhecer o favoritismo da Sérvia (2.ª), Letónia (9.ª) e Turquia (27.ª) apesar da sua equipa figurar como a 19.ª melhor do ranking.
«Portugal tem muitos jogadores no seu melhor momento, como são os casos de [Neemias] Queta e [Travante] Williams. Conta com basquetebolistas jogadores que controlam bem a bola e também com bons lançadores. É uma equipa completa, que te pode ferir com o jogo interior ou exterior, e com um bom treinador, que sabe como geri-la, pelo que vai ser um jogo difícil para nós», voltou a reforçar sacudindo mais uma vez qualquer favoritismo.
Quanto à sua seleção, considerou tratar-se de «um orgulho estar nesta fase final». «É uma era diferente no basquetebol da República Checa, com muitos jovens e também alguns jogadores mais experientes, que regressaram e ajudam na integração. Fizemos uma boa preparação, temos melhorado dia a dia, e estamos confiantes. Temos um bom grupo, que é a nossa força, contou Diogo Ocampo que deseja que a seleção jogue «rápido e com agressividade», mas tem receio dos nervosismos e desorientações que podem aparecer no embate inaugural do grupo, sobretudo nos primeiros momentos.
«O objetivo é competir com a nossa identidade, perder ou ganhar com a nossa identidade. Temos de passar a bola, esforçamo-nos em todos os momentos e sermos proativos na defesa», acabou por especificar.
Calendário
FASE DE GRUPOS*
27 agosto/3 setembro
Grupo A (Riga, Letónia): Portugal (56.º ranking mundial), Estónia (43.º), Letónia (9.º), Turquia (27.º), Sérvia (2.º), Rep. Checa (19.º).Xiaomi Arena, 11.200 espectadores
27 agosto
Rep. Checa-Portugal, 12h45
Letónia-Turquia, 16h00
Sérvia-Estónia, 19h15
29 agosto
Turquia-Rep. Checa, 12h45
Estónia-Letónia, 16h00
Portugal-Sérvia, 19h15
30 agosto
Rep. Checa-Estónia, 12h45
Letónia-Sérvia, 16h00
Turquia-Portugal, 19h15
1 setembro
Estónia-Turquia, 12h45
Portugal-Letónia, 16h00
Sérvia-Rep. Checa, 16h00
3 setembro
Estónia- Portugal, 12h45
Rep. Checa-Letónia, 16h00
Turquia-Sérvia, 19h15
Grupo B (Tampere, Finlândia): Alemanha (3.º ranking mundial), Finlândia (20.º), Grã-Bretanha (48.º), Lituânia (10.º), Suécia (49.º), Montenegro (16.º).
Nokia Arena, 13.455 espectadores
Grupo C (Limassol, Chipre): Chipre (84.º ranking mundial), Itália (14.º), Geórgia (24.º), Espanha (5.º), Grécia (13.º), Bósnia e Herzegovina (41.º).
Spyros Kyprianou Athletic Center, 8.000 espectadores
Grupo D (Katowice, Polónia): Islândia (50.º ranking mundial), França (4.º), Eslovénia (11.º), Polónia (17.º), Bélgica (40.º), Israel (39.º).
Spodek, 11.036 espectadores.
* Passam aos oitavos de final os quatro primeiros de cada grupo
FASE A ELIMINAR
Xiaomi Arena, em Riga
Oitavos de final, 6 e 7 de setembro
Quartos de final, 9 e 10 de setembro
Meias-finais, 12 de setembro
3.º lugar, 14 de setembro
Final, 14 de setembro