Paulo Jorge Pereira festeja com os jogadores o apuramento de Portugal para a meia-final do Mundial de andebol (IMAGO) - Foto: IMAGO

«Dinamarca é tricampeã do Mundo, mas vamos para cima deles com tudo» 

Paulo Jorge Pereira após o apuramento de Portugal para as meias-finais do Mundial 

A ferver por dentro, mas com a tranquilidade na voz. 

Após o apuramento histórico de Portugal para as meias-finais do Mundial de andebol, Paulo Jorge Pereira apontou todos os elogios ao grupo de homens que lidera e que tornou ainda maior o feito que já tinha alcançado, antes de bater a Alemanha, vice-campeã olímpica. 

Antes de olhar para o que acabara de acontecer no jogo decidido com um golo a cinco segundos do fim do prolongamento, o selecionador recordou as dificuldades sentidas no início da competição. 

«O tónico tem crescido do início até agora. Não sabíamos o que iria acontecer, andámos à procura de soluções, com a questão do Miguel Martins [suspenso por doping na véspera do arranque do Mundial] e do Alexandre Cavalcanti [lesionado no último treino antes do início do Mundial], a quem dedicamos este resultado. Fomos encontrando soluções, com toda a gente disponível para ajudar. O que sinto é que esta malta tem um coração cada vez maior. Por vezes não sei onde é que eles vão buscar forças para continuar a lutar contra todas as adversidades. É comovente ver como lutam. Tem sido um orgulho fantástico», descreveu. 

O treinador elogiou particularmente Victor Iturriza, que depois do cartão vermelho mostrado a Luís Frade a meio da 2.ª parte teve de ser mais sacrificado.  

«Foi o melhor jogo que vi o Victor fazer na vida dele. O facto de o Frade já não estar, fez com que lhe déssemos o tempo quase todo em termos defensivos e ofensivos. E como o jogo da Alemanha foca-se muito no ataque à posição dele, ele cumpriu ao limite todas as indicações que lhe demos e resolveu todos os problemas. Foi muito difícil passar por ele na defesa e ainda marcou sete golos ao Wolff, que é um dos melhores guarda-redes do mundo. Foi uma coisa brutal aquilo que ele fez», notou. 

Também Martim Costa, autor do golo decisivo, mereceu palavras elogiosas do técnico de 59 anos. 

«Já lhe tinha dito que ele ia fazer um grande jogo. Sentia isso. E no início do jogo pensei que me teria equivocado, mas ele foi entrando no jogo e fez esta parte final que foi brutal. Além do golo da vitória, lutou contra tudo e contra todos. A tática foi o mais simples possível: era o Martim a criar situações de golo e a resolver. Com atletas destes podemos ir a qualquer sítio», enaltece. 

Segue-se agora o adversário mais temido de todas as equipas, a Dinamarca, que leva mais de 30 vitórias seguidas em Mundiais. Mas o selecionador promete coragem. 

«Continuamos, agora temos a Dinamarca, tricampeã do Mundo, e podemos garantir que vamos para cima deles. Só não sabemos o que pode acontecer em termos de resultado», assegura. 

E agora, para responder até onde podem chegar estes Heróis do Mar, Paulo Jorge Pereira partilhou algo muito pessoal. 

«Tenho uma pedra escrita e uma das coisas que está lá é WC: World Champion. A minha sensação era que um dia podia ganhar uma medalha. Não sei se vai acontecer neste Mundial, mas estamos muito perto. Claro que para isso acontecer, temos de ganhar ao tricampeão do Mundo. É uma montanha muito alta de escalar. Toda a gente sabe o que representa a Dinamarca. Mas já tenho este sentimento há muito tempo. É preciso haver uma série de fatores reunidos, é muito difícil. Mas com este grupo de jogadores pode levar-nos a qualquer sítio», finalizou.