Diana Durães: «Cheguei a pensar que não iria voltar a competir»

Em Singapura viverá o Mundial pela quinta vez, tornando-se na nadadora lusa com mais presenças e de sempre terceira em ambos os sexos. Após meses de dúvidas se voltaria a nadar, agora quer estar nos Jogos de Los Angeles-2028

Onze meses depois de ter sido operada ao ombro esquerdo, reconstrução do tendão, e três após ter regressado à competição, ainda com dor, Diana Durães está de volta aos grandes palcos internacionais ao integrar a Seleção de natação pura, juntamente com Diogo Ribeiro (Benfica), Camila Rebelo (Louzan) e Francisca Martins (Foca), que, a partir de domingo e até 3 de agosto, vai disputar no 22.º Mundial de Singapura-2025.

Para a olímpica do Benfica, de 29 anos, que, felizmente, havia conseguido mínimos A aos 800 e 1500 livres antes da lesão, será o quinto campeonato em piscina longa e tornar-se-á na portuguesa com mais mundiais, distanciando-se de Victoria Kaminskaya e Tamila Holub.

Fotografia A BOLA

Mas, bem ao seu jeito, essas são contas que nunca quis contabilizar, muito menos agora, que considera que só estar de volta é uma vitória e tendo temido o fim da carreira que a levou a viver em centros de alto rendimento desde os 14 anos. Mais uma superação para alguém que já passou por lesões e teve de ultrapassar por um não menos fácil distúrbio alimentar que quase a impediu de realizar o sonho de estar nos Jogos de Tóquio-2020.

Ora, numa época em que passou a treinar-se na equipa do CAR Lisboa, liderada por Samie Elias, onde também figura Diogo Ribeiro, Diana diz que é um regresso apontado aos Jogos de Los Angeles-2028. No entanto, para já, não quer saber de tempos e classificações, só acreditar que está de volta.

— No Mundial de Singapura em que já se perdeu nas contas a quantos campeonatos do mundo foi, ou melhor, nunca gostou de fazer contas quantos são [na carreira], em que é que apostou para este campeonato?

— Este foi um ano um bocadinho desafiante para mim. Fiz uma cirurgia, em agosto, ao ombro [esquerdo] e todo esse processo foi um procedimento difícil, complicado, com tudo o que envolve uma cirurgia. Pelo caminho houve também alguns... contratempos pessoais, também a nível físico, e que atrasaram um pouco a recuperação. Por isso, só o facto de estar aqui hoje, poder embarcar e estar pronta para competir, já é uma grande vitória e uma enorme conquista para mim.

Fotografia A BOLA

— Em que altura é que sentiu: estou capaz de ir ao Mundial de Singapura?

— Não sei responder... ou seja, neste último mês muita coisa aconteceu. Evoluí bastantes nos últimos dois meses. Há três, no campeonato nacional [Open de Portugal, no Jamor], só o facto de subir para cima do bloco e tentar mergulhar era uma coisa em que ainda existia dor no ombro. Lembro-me que nadei a prova 200 metros livres com dor e na minha cabeça só passava: ‘como é que vou nadar os 1500 ou como é que vou nadar os 800 livres? Faltam três meses!’ Por isso, acho que foi tudo um processo, semana a semana. Tive uma equipa técnica incrível, que me ajudou a superar todos estes desafios, porque foram mesmo desafios.

— E no estágio em Tenerife [que fez juntamente com Diogo Ribeiro e Francisca Martins cerca de 13 dias antes de ter ido para Macau], sentiu aquelas sensações que gosta antes das competições?

— Sim, acho que neste último estágio em Tenerife voltei a sentir-me a Diana que era a treinar, ou seja, voltei a sentir-me forte… [emociona-se um pouco]. Não sei o que dizer porque foi mesmo um ano muito complicado da minha carreira. Tive momentos em que achava que não iria voltar a competir. É como eu disse anteriormente, estar aqui hoje, com toda a comitiva, é um passo para uma nova fase. Uma nova etapa e, mais do que qualquer resultado, mesmo independentemente do resultado, estar aqui já é uma grande vitória.

Diana Durães no estágio de adaptação ao fuso horário em Macau Fotografia A BOLA

— Mas então qual é a principal aposta em Singapura?

— Foi o que acabei de dizer, vou nadar 800 e 1500 metros livres. Não tenho perspetivas em mente. Como referi, sinto que só estar aqui é uma vitória, foram muitos desafios que tive de superar.

— E pode ser o primeiro passo para o desafio de tentar nadar em Los Angeles 2028, voltar a estar nos Jogos Olímpicos?

— Esse é o objetivo, senão não teria feito uma cirurgia se calhar tão complicada como aquela que fiz. O objetivo sempre foram os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Isto são apenas passos até lá chegar. Mas acho que estou num bom caminho, e foi como disse, independentemente do resultado…

Mas claro que me sinto preparada. Sei que posso não estar a 100 por cento no Mundial porque só comecei a treinar a 100 por cento há dois ou três meses, mas estou pronta para chegar lá e competir com os melhores.