Diana Durães: «A única certeza é que vou continuar no CAR Jamor»
Cerca de uma semana depois de ter competido no Mundial de Singapura nos 800 e 1500m livres, o quinto da carreira, o que a tornou na portuguesa com mais presenças no evento, Diana Durães, surpreendeu, ao final da noite de segunda-feira, ao publicar nas redes sociais que deixava o clube da Luz após quase uma década, vinda do FC Porto, e depois de ter estado nos Jogos de Tóquio-2020.
«Após 9 anos a representar com orgulho as cores do Sport Lisboa e Benfica, chegou o momento de seguir um novo caminho. Foram quase 10 anos de trabalho, dedicação e paixão pela natação, sempre com a águia ao peito. Durante este tempo, tive o privilégio de conquistar vários recordes nacionais, competir nos maiores palcos internacionais, tornar-me a primeira portuguesa a alcançar os mínimos olímpicos nos 1500m livres e representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020», escreveu a recordista dos 800 e 1500 livres, tanto em piscina longa como curta. Precisamente as distâncias que nadou em Singapura.
«Orgulho-me ainda de ter ajudado o Benfica a voltar a ser Campeão Nacional de Clubes femininos, um título que o clube não conquistava há 35 anos», adiantou.
E entre vários agradecimentos, avisou de imediato que não irá abandonar a competição. «O fim desta ligação não abala a minha determinação em continuar a lutar pelos meus objetivos. Com a mesma ambição e profissionalismo de sempre, sigo focada no meu percurso enquanto atleta, com os olhos postos em mais uma participação nos Jogos Olímpicos — desta vez, em Los Angeles 2028.»
A BOLA conversou, ontem, com Diana, de 29 anos, para saber as razões pelas quais deixava as águias. No entanto, aquela preferiu não falar sobre o assunto, já que ainda na véspera havia feito o anúncio, mas fazendo questão de deixar claro que sempre foi bem tratada na Luz.
A que Diana Durães não colocou objeções foi falar sobre o futuro. Questionada se pretende continuar a treinar-se integrada na equipa liderada por Samie Elias no CAR Jamor, como aconteceu esta temporada, responde de imediato: «Isso é certinho». «Para já é a única certeza que tenho», acrescenta rindo-se. «Gostei do trabalho que fizemos este ano, por isso não quero mudar uma coisa que correu bem e principalmente onde fui bem recebida», adianta revelando ainda que a candidatura havia sido entregue ainda antes do Mundial, dentro do prazo, e foi aceite.
«Nunca achei que não fosse continuar», responde à questão se por isso se sentia mais tranquila. «Mas como já havia dito antes, para mim, o Mundial, corresse como corresse, não iria decidir nada dali para a frente. Foi apenas o recomeçar de uma nova etapa da carreira. Uma cirurgia como a que fiz num atleta é quase como começar a nadar», salienta, recordando a operação realizada, em agosto de 2024, ao ombro esquerdo para reconstruir o tendão. O que apenas lhe permitiu voltar a competir em abril.
E já está à procura de um novo clube ou espera que a contactem? «Não sei. Não sei responder a isso…», diz com uma pequena gargalhada. «Lá está, é tudo muito recente. Mas sim, estou aberta a propostas…».
Preferia um clube competitivo ou isso não tem tanta importância porque vai treinar no CAR Jamor? «Sinceramente, ainda não parei para pensar. Foi ontem…». Mas nestas menos de 24 horas desde o anúncio já a procuraram? «Recebi mensagens de amigos e atletas a perguntarem para onde ia, só que ainda não decidi nada e terei de pensar bem», reforça.
E vê-se a nadar como individual? «Acho que não. Não preciso e não quero. Desejo representar um clube e ter uma equipa que esteja ao meu lado nos bons e maus momentos. Gosto do ambiente de chegar a uma competição nacional e também ver os resultados dos colegas de equipa e a evolução deles. Estar numa prova sozinha não tem a mesma piada», considera.
Mas, por exemplo, na última época, quando esteve no CAR Jamor, apesar de também lá estarem o Diogo Ribeiro e Miguel Nascimento, não treinava com a equipa do Benfica, não era? «É verdade, foi diferente e, salvo um período em que estive no CAR de Rio Maior, nunca tinha vivido dessa forma. Mas sempre que ia ao Benfica ou eles ao Jamor, estavam numas pistas ao lado, gostava que os mais novos me procurassem e olhassem para mim como um exemplo. De transmitir a minha experiência, falar com eles, responder à pergunta como é que recuperas de uma lesão… Daí nunca ter pensado competir como individual».
Antes de partir para Singapura referiu que umas das razões porque ia ao Mundial se devia ao desejo de estar nos Jogos de Los Angeles-2028. O que é que gostaria de lá nadar? «Conhece as provas que gosto, vão desde os 400 aos 1500 livres, mas esta época e a que vai começar foram anos de mudanças. Naturalmente, já não estou em idade para grandes experiências e as minhas provas são os 800 e 1500 livres. No entanto, o bichinho dos 400 livres está sempre cá, só que gostar é uma coisa e fazer é outra», explica.
Fiz a pergunta porque, caso não tivesse havido a pandemia, talvez tivesse cumprido o sonho de, em Tóquio-2020, se ter tornado no primeiro português a competir em três provas nuns Jogos Olímpicos [entretanto concretizado por Diogo Ribeiro em Paris-2024]. Acabou por apenas ir aos 800 e 1500 livres. Será agora mais difícil consegui-lo em Los Angeles 2028? «É difícil, mas não impossível…».