'Caso Conti': e o Sporting, o que fez para contratar Mangas na Rússia?
A transferência de cerca de 76 mil euros por parte do Lokomotiv Moscovo diretamente para as contas do Benfica, numa operação referente a parte de dívida da transferência do defesa-central argentino Germán Conti, está na ordem do dia, pois a transação violaria as medidas restritivas aplicadas à Rússia e aprovadas pela Organização das Nações Unidas e pela União Europeia. O presidente do Benfica, Rui Costa, deverá mesmo ser constituído arguido.
Já nesta janela de verão do mercado, mas no Sporting, houve operação com clube russo, o Spartak Moscovo, com os leões a pagarem 300 mil euros pelo passe de Ricardo Mangas, transferência que pode, com objetivos, chegar a €1 milhão, pois os bónus variam entre os 500 e o 700 mil euros.
Mas o que difere aqui, entre Conti e Mangas, entre Benfica, Sporting, Lokomotiv e Spartak para os verdes e brancos poderem estar descansados sem esperarem problemas relativos a possíveis violações das sanções aplicadas à Rússia? Nesta operação de Mangas, o Sporting procedeu a ‘due diligence’ antes de concluir o transação e obteve parecer favorável de duas entidades externas especializadas, uma nacional e outra estrangeira, que foram propositadamente contratadas para o efeito. Posteriormente, o banco que esteve na operação não obstaculizou a transferência dos fundos.
A ‘due diligence’, explique-se, é processo de investigação e auditoria aprofundada para avaliar os riscos, a situação financeira e operacional de uma empresa ou de um projeto antes de uma transação, como fusão, aquisição, ou para cumprir requisitos legais e regulamentares.
Além deste procedimento realizado pelo Sporting, um dos motivos aliás pelo qual a oficialização de Ricardo Mangas demorou nove dias para ganhar forma – chegou da Rússia na noite de 29 de julho mas foi oficializado apenas a 7 de agosto, precisamente porque os verdes e brancos aguardavam por essa luz verde para concluir a operação –, acresce ainda o facto de o Spartak, ao contrário do Lokomotiv, não ser detido pelo estado russo.
O emblema onde Mangas jogou em 2024/2025 é propriedade da empresa petrolífera Lukoil, que apesar das restrições na venda de petróleo para a Europa não está sujeita a sanções. E terá então sido também por isso que o Benfica recebeu e sem qualquer tipo de problema posterior os 2 milhões de euros da transferência de Tomás Tavares em janeiro de 2023 para o mesmo clube, o que serve também de exemplo para os leões estarem nesta altura descansados na operação Ricardo Mangas.
Já o Lokomotiv é detido pela empresa estatal RZD – Ferrovias Russas, que também patrocina o clube e que e faz dele um dos que são controlados por uma entidade pública. Daí o problema que se está a verificar no caso de Conti e com o Benfica.
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