Bomba de Poveda ‘mata’ sonho famalicense e devolve esperança aos algarvios (crónica)
Cinco meses depois o Farense voltou a ganhar em casa e mantém o objetivo da manutenção vivo. Os algarvios agarraram (à condição) o Aves Sad no 16.º posto, com 24 pontos, deixando a companhia do Boavista, que é último. Axadrezados e avenses defrontam-se na segunda-feira. Por terra cai o sonho do Famalicão em chegar ao 5.º lugar e à Liga Conferência.
Darío Poveda voltou a ser talismã para o Farense. O espanhol entrou aos 79 minutos e doze depois apontou o golo que consumou a reviravolta e devolveu os algarvios às vitórias no São Luís: a última tinha sido a 29 de novembro, 1-0 ao Estrela da Amadora, com golo… de Poveda! O avançado deu justiça ao resultado, num jogo em que os algarvios foram melhores durante todo o jogo, com oportunidades para não terem necessidade de tanto sofrimento.
Foi muito ingrata a primeira-parte para o Farense, quando viu o Famalicão marcar na primeira ocasião. Elisor surgiu com espaço nas costas da defesa local e finalizou o passe de Gustavo Sá, só com Kaique pela frente. Até esse momento, o Farense já tinha desperdiçado quatro bons ensejos para marcar, dois (2’ e 5’) por Cláudio Falcão de cabeça, e também por Marco Moreno (27’) e Rony Lopes (29’). As duas últimas ocasiões travadas por Carevic.
A vantagem dos azuis e brancos (que jogaram de laranja) do Minho perturbou um pouco a progressão do Farense, que não foi tão incisivo em atacar o adversário como o tinha sido antes. Mas os algarvios ganharam novo alento nos descontos, por Filipe Soares (45+4’), que finalizou na pequena área um cruzamento de Falcão e levou um certo alívio para o descanso. Porque reentravam de novo na discussão do resultado, e ainda por voltarem a marcar em casa, o que não sucedia há 593 minutos.
E foi principalmente pelo que fizeram até ao intervalo, que os três pontos acabaram por ficar bem em Faro. É que depois o jogo o encontro foi mais fechado, houve mais vigor físico nos duelos, em contraste com a diminuição de situações de perigo junto das balizas, com os dedos de uma só mão a serem suficientes para as assinalarem: Aranda (51’), Rui Costa (77’) e van de Looi (87), todos com boas intervenções dos guarda-redes.
E, quando o desespero já tomava conta dos adeptos do Farense, Cláudio Falcão colocou a bola em Darío Poveda e o avançado espanhol não pediu licença para atirar a matar, desferindo um balázio que só parou no fundo da baliza do Famalicão. O São Luís ‘explodiu’ e o Farense volta a sonhar com a manutenção!
O resumo do jogo:
As notas dos jogadores do Farense (4x4x2): Kaique (6), Pastor (6), Marco Moreno (6), Tomás Ribeiro (6), Paulo Victor (6), Cláudio Falcão (6), Rony Lopes (5), Filipe Soares (6), Yusupha Njie (5), Rui Costa (6), Tomané (5), Alex Bermejo (5); Darío Poveda (7), Marco Matias (5), Raul Silva (-) e Samuel Justo (-)
As notas dos jogadores do Famalicão (4x4x2): Carevic (6), Rodrigo Pinheiro (5), Leo Realpe (5), Justin de Haas (5), Rafa Soares (5), Van de Looi (6), Topic (5), Sorriso (5), Gustavo Sá (6), Óscar Aranda (5), Simon Elisor (6), Mathias de Amorim (5), Gil Dias (5), Sejk (5) e Pedro Bondo (-)
O que disseram os treinadores
Tozé Marreco, treinador do Farense
«A primeira parte foi aquilo que se passou connosco nesta época: temos as primeiras chances claríssimas e o adversário tem dificuldades em chegar à nossa baliza, mas quando chega faz golo. E tivemos de reagir e ir atrás, e conseguimos. Já o merecíamos noutros jogos em casa. Estamos para luta, fortes, não com os pontos que merecíamos, mas vai ser até ao fim. Hoje, a primeira-parte foi totalmente nossa e em situação normal tínhamos de ir com dois golos de vantagem para intervalo. A segunda foi mais equilibrada.»
Hugo Oliveira, treinador do Famalicão
«Não foi um jogo de encontro à nossa ideias. Sabíamos que ia ser um jogo emocional contra um adversário a lutar pela vida, mas são nestes momentos que temos de aparecer com a nossa personalidade. Fizemos o golo e a partir daí teríamos de pausar o nosso jogo e na emoção sofremos na ida para intervalo. Na segunda-parte era momento para quando o adversário começasse a abrir mais um pouco e lutar um pouco mais nos momentos finais, com mais discernimento numa saída ou ligação poderíamos ter feito um golo e chegar à vitória. Nos momentos finais podia cair para qualquer lado e houve muita anarquia e muita emoção a vir para dentro do campo.»