Boavista em perigo de ser desclassificado das distritais do Porto
A Associação de Futebol (AF) do Porto instaurou um processo disciplinar ao Boavista, que está impedido de inscrever novos jogadores e falhou os últimos três encontros, arriscando ser desclassificado do quarto e último escalão distrital.
De acordo com o mapa de castigos, a que a agência Lusa teve acesso esta sexta-feira, o Conselho de Disciplina do organismo abriu um processo ao clube na terça-feira, seis dias depois de anular a visita dos axadrezados ao Ventura, em jogo atraso da primeira jornada da Série 5.
As panteras já não tinham defrontado fora o Panteras Negras FC - fundado em julho por adeptos contestatários da atual direção e cuja designação faz referência à claque e ao nome original do Boavista -, para a terceira ronda, a 5 de outubro, cenário repetido no domingo, quando não receberam o Marechal Gomes da Costa, em Ramalde, na quinta-feira.
Solidário com as dívidas da SAD axadrezada, que, na semana passada, subiu de cinco para seis impedimentos de inscrição de novos atletas junto da FIFA, o Boavista encarou três derrotas administrativas nesses encontros, com a AF Porto a instaurar um processo para perceber se o cenário se enquadra em sucessivas faltas de comparência do clube.
«É equiparada à falta de comparência a situação em que um clube, às 12 horas do último dia útil anterior a um jogo, não tiver inscrito um número suficiente de jogadores que o possam representar, podendo a AF Porto proceder à desmarcação do jogo», pode-se ler no sexto ponto do 58.º artigo do regulamento disciplinar do regulador dos escalões distritais portuenses.
De acordo com os pontos três e dois dos artigos 58.º e 46.º do documento, em caso de falta de comparência injustificada em dois jogos oficiais seguidos ou três interpolados, o clube infrator é desclassificado da prova em que está inserido e multado em 600 euros.
A 15 de outubro, dia em que o Boavista não efetuou a partida com o Ventura, em Leça da Palmeira, o presidente axadrezado, Rui Garrido Pereira, disse à Lusa que recebe «desde o primeiro instante promessas da SAD» sobre o levantamento dos impedimentos, mas não controla o processo, em que «não há diferença entre clube e SAD para a FIFA».
O clube ainda não competiu em 2025/26, ao contrário da SAD, 18.ª e última classificada da divisão principal da AF Porto, que perdeu os quatro embates realizados e adiou três.
A SAD liderada pelo senegalês Fary Faye tem alinhado com antigos e atuais atletas da respetiva equipa de sub-19, da segunda Divisão nacional daquele escalão, e continua a tentar resolver as restrições da FIFA - duas incidem sobre três períodos de inscrição e quatro têm duração ilimitada -, que tinham vigorado em anos anteriores e reapareceram em março, impossibilitando, para já, a utilização dos reforços oficializados durante o verão.
A queda do Boavista
A Boavista SAD deveria disputar a Liga 2 em 2025/26, mas não conseguiu inscrever-se nas provas organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e, mais tarde, também viu negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), sendo relegada para os escalões distritais da AF Porto.
A ausência de pressupostos financeiros sustentou esse desfecho e levou o clube a criar uma equipa sénior independente da SAD, cujo direito de apresentar um plano de recuperação foi aprovado por maioria pelos credores, que votaram por unanimidade a continuidade da atividade axadrezada.
A liquidação do clube também foi ratificada em assembleia de credores, ao rejeitarem o adiamento por 30 dias da votação do plano de recuperação da direção de Rui Garrido Pereira, que já recorreu da deliberação e não inscreveu a equipa na Taça da AF Porto.
Despromovido à Liga 2 em maio, após fechar a edição 2024/25 da Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas consecutivas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título conquistado em 2000/01.