Benfica reagiu a tempo de ser campeão
Ajornada 32 da I Liga foi altamente clarificadora, quer na frente, quer na cauda da tabela. Assim, para simplificar, o Benfica sabe que, ganhando ao Santa Clara na Luz na derradeira ronda, será campeão, independentemente do que acontecer em Alvalade, ou ao FC Porto em Famalicão. Já o SC Braga sabe que se ganhar, na Pedreira, também na última jornada, ao Paços de Ferreira, garantirá a terceira posição que lhe abre as portas da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, relegando o Sporting à Liga Europa. Na luta pela sobrevivência, se na ronda que se segue o Marítimo vencer o Vizela nos Barreiros, terá lugar no playoff com o terceiro da Liga 2, sentenciando Paços de Ferreira e Santa Clara à descida.
Curiosamente, e haverá, por certo tempo para debater a questão, o Benfica, que a páginas tantas parecia um balão a perder hélio, regenerou-se fisicamente logo que passou a dispor de ciclos de trabalho mais longos (ou seja, depois de sair da Champions, onde disputou 14 partidas), e já vai em quatro vitórias seguidas, que lhe permitiram manter os quatro pontos de vantagem sobre um FC Porto que tem ultrapassado os obstáculos com uma dificuldade que revela como a equipa, também fruto de um plantel curto para as várias solicitações que teve, chegou a esta fase com pouca frescura.
Quanto ao SC Braga, que apanhou ontem, frente ao Santa Clara, um susto pelo menos tão grande quanto aquele que o Casa Pia meteu ao FC Porto, tem o pódio ao alcance e deve agradecer a quem decidiu reforçar o plantel (Pizzi e especialmente Bruma), num contexto em que a saída de Vitinha podia ter depauperado o grupo.
Já o Sporting mantém a irregularidade que tem sido a sua imagem de marca na presente época, e tanto passeia em Paços de Ferreira, como se vê e deseja para levar de vencida o Marítimo. Ora, perante tal bipolaridade é virtualmente impossível conjeturar, sem pura e simplesmente especular, sobre o dérbi do próximo fim de semana. Uma coisa é certa, e se fosse ao contrário a história seria exatamente a mesma (lembram-se de Sabry?): os leões tudo farão para que o Benfica não seja campeão em Alvalade, e como o FC Porto conseguiu, a duras penas, derrotar os gansos, a questão de abrirem ou não alas ao novo campeão, nem sequer se coloca. Porque o Benfica ainda tem trabalho a fazer...
ÁS — JOÃO NEVES
Quando se pensava que António Silva, 19 anos, seria a única surpresa da época, eis que aparece outro miúdo, João Neves, 18, a dar nova vida ao meio-campo do Benfica, ajudando a repor a intensidade que estava a baixar. Se a estes dois juntarmos Florentino, Guedes e Ramos, percebemos a importância do Seixal neste Benfica.
ÁS — BRUMA
O Santa Clara esteve muito perto de pontuar em Braga, o que reabriria a porta da Champions ao Sporting. Porém, foi Bruma, da formação leonina, por sinal, a salvar os minhotos, colocando-os a uma vitória do pódio da Liga. Bruma, emprestado pelo Fenerbahçe, chega ao fim da época a justificar uma chamada à Seleção.
DUQUE — SÉRGIO CONCEIÇÃO
É, ninguém duvida, um bom treinador e no FC Porto, com pouco, tem feito muito. Mas a atitude com que encara (menos na UEFA) a exposição pública que tem como técnico dos dragões não é bom exemplo para ninguém, como ontem, uma vez mais, ficou à vista. E dizer que «é uma questão de feitio» não chega. Não é feitio, é defeito.