Benfica perde poder de fogo
Bruno Lage considera exagerado que o jejum de golos de Vangelis Pavlidis seja qualificado de seca, apesar de o avançado não marcar, agora, há 1.445 minutos. Seja o que for a verdade é que o Benfica baixou a produção ofensiva e, significativamente, a média de golos marcados, nos últimos três jogos: soma uma vitória, por 1-0, sobre o V. Guimarães, na Luz, e dois empates seguidos, em casa com Bolonha (0-0) e, anteontem, fora com Aves SAD (1-1). Preocupante para o treinador, seguramente, será constatar que nos dois jogos para o campeonato a equipa rematou menos que os adversários.
Não é só sobre Vangelis Pavlidis, Arthur Cabral e Zeki Amdouni, que Lage identificou recentemente como os pontas de lança, assinalando estar muito feliz com todos, que recai a responsabilidade de marcar. É impossível ignorar, porém, que os três têm marcado pouco — contribuem com 15 golos para o total de 54 esta época, 28 por cento. Nos três últimos jogos os marcadores foram Akturkoglu, contra o V. Guimarães, e Amdouni, anteontem, na Vila das Aves.
Um dos motivos para o Benfica marcar menos poderá explicar-se pela quantidade de remates. Com o Vitória disparou oito vezes, contra 10 dos minhotos, e só um enquadrado. Chegou para vencer. Com o Bolonha 15, contra 10 dos italianos, e apenas cinco enquadrados. Nenhum golo marcado. Com o Aves SAD, finalmente, 14 contra 18, dos quais quatro à baliza. Só valeu um empate.
Amdouni, apesar de ter sido utilizado apenas 121 minutos nestes três jogos, foi quem mais rematou, oito e quatro deles enquadrados. Seguiram-se Akturkoglu (7 remates/2 deles enquadrados), Pavlidis (6/4), Di María (6/2), Kokçu (3/0), Otamendi (2/0), Aursnes (2/0), Florentino (1/0), Carreras (1/0) e Arthur Cabral (1/0). Trinta e dois por cento de remates enquadrados.
Analisando apenas Pavlidis, Arthur Cabral e Amdouni percebe-se facilmente quem puxa mais depressa o gatilho. Amdouni soma 8 remates em 121 minutos, Pavlidis seis em 179' e Arthur Cabral um em 83'.
Quanto a golos marcados há equilíbrio no total. Pavlidis tem seis em 21 jogos, marca a cada 241', Arthur Cabral quatro em 18, mas marca a cada 124' e Amdouni cinco em 18, marca a cada 97'.
Considerando que Amdouni não é um ponta de lança fixo — nas Aves, por exemplo, jogou atrás de Arthur Cabral e na ala esquerda — os números sugerem que a produção ofensiva do Benfica não favorece a finalização de Pavlidis ou Arthur Cabral, ou seja, que os pontas de lança têm menos oportunidades que, por exemplo, Akturkoglu ou Di María, para rematar.
O mesmo aconteceu no ano passado — Rafa foi o melhor marcador da equipa (21 golos), seguido de Di María (17). O primeiro ponta de lança dessa lista foi Arthur Cabral, com 11.
Darwin foi o último Bola de Prata
Kerem Akturkoglu, com seis golos no campeonato (12 em todas as provas), é o jogador do Benfica mais bem classificado da Bola de Prata, troféu entregue pelo nosso jornal ao melhor marcador da Liga. O avançado turco ocupa o quarto lugar da lista, liderada por Viktor Gyokeres (Sporting) com 18 golos (sete de penálit), Samu (FC Porto, com 10, e Galeno (FC Porto), com oito (quatro de penálti).
Darwin Núñez foi o último benfiquista a receber o troféu, na época 2021/2022, na qual marcou 26 golos no campeonato (quatro de penálti), superando Mehdi Taremi, então no FC Porto, que assinou 20 golos (seis de penálti).
Na primeira passagem de Bruno Lage pelos encarnados, época 2018/2019 na qual substituiu Rui Vitória e foi campeão, o goleador foi Haris Seferovic, que marcou 23 golos no campeonato (superando os 20 de Bruno Fernandes, à data no Sporting) 27 em todas as provas. Na temporada seguinte, que Lage não terminou, por ter sido despedido, os melhores marcadores, considerando todas as competições, foram Pizzi e Carlos Vinícius, respetivamente com 30 e 24 golos.