Benfica no Mundial de Clubes: não é só Rui Costa a fazer exigências

O Benfica mudou-se para os Estados Unidos da América, onde entra em campo no dia 16 de junho, para defrontar o Boca Juniors, no primeiro jogo da fase de grupos do Mundial de Clubes, onde terá de medir forças, igualmente, com Bayern e Auckland City.

A participação desportiva dos encarnados está a motivar naturais expectativas, dado que o Benfica estará entre a nata do futebol mundial e há muito em jogo a todos os níveis. Para a equipa do Benfica, para os seus jogadores, para o clube a simples possibilidade de fazer boa figura e ganhar prestígio e bom dinheiro, mas para presidente e treinador dos encarnados está algo mais em causa.

Rui Costa, líder dos encarnados, está sob grande pressão depois de o clube ter perdido o campeonato e a Taça de Portugal para o Sporting, lida com oposição feroz, que pretende a demissão e eleições antecipadas, e respondeu aos benfiquistas com a promessa de um Mundial de Clubes de grande qualidade, capaz de «elevar o nome do Benfica».

Será a forma de acalmar os sócios e adeptos, será a forma de neutralizar a oposição e preparar terreno para o anúncio da recandidatura à presidência do Benfica. Uma prova de baixa qualidade — falhar o apuramento para a fase seguinte num grupo que fornece dois apurados — poderá custar um futuro complicado no Benfica e por isso o presidente faz exigência ao treinador e à equipa.

As palavras de Rui Costa na Assembleia Geral deste sábado deixam pouca margem para dúvidas: «O fundamental nesta altura é encerrar a época com uma participação de elevada qualidade e enorme ambição no Campeonato Mundial de Clubes. Partimos para os EUA com o orgulho de estar num evento de dimensão global, que será um marco na história do futebol. Queremos por isso, mais do que nunca, elevar o nome do Benfica. Depois de terminada a temporada com o Mundial de Clubes e antes do arranque da nova época desportiva, comunicarei aos sócios a minha decisão de ser ou não candidato a um novo mandato como presidente do Sport Lisboa e Benfica.»

Mas Rui Costa não é o único a fazer exigências e a procurar garantias. Bruno Lage, treinador do Benfica, que várias vezes foi convidado a acordar o futuro nas conferências de Imprensa, também está a colocar pressão, pois pretende melhores condições no futuro, na próxima temporada.

Quando o Benfica perdeu a Liga e a Taça de Portugal, o ângulo de muitos era de que o treinador poderia sair, mesmo tendo contrato, mas Lage foi sempre dizendo que o clube conhece o seu trabalho e que iria falar com o presidente. O ângulo do treinador será, pois, bem diferente. A sair do Benfica, não seria por maus resultados, mas por não ter as condições que entende necessárias. E a vários níveis.

Bruno Lage entrou na Luz, para substituir Roger Schmidt, numa posição delicada, pois a equipa não estava bem e também agarrava o Benfica depois de passagem falhada pelo Botafogo, mas entenderá que a temporada realizada, com vitória na Taça da Liga, oitavos de final da Liga dos Campeões, final da Taça de Portugal e discussão da Liga até à última jornada, justifica crédito por parte do presidente encarnado.

Margem de manobra nas contratações, ou seja o poder de decidir e escolher, introdução de algumas mudanças estruturais numa equipa profissional que perdeu Luisão, como diretor técnico e de performance, e que pode perder também Lourenço Pereira Coelho, o atual diretor-geral do futebol.

E até mesmo a parte financeira estará em causa, dado que não está, hoje, a receber mais no Benfica do que quando saiu do clube, em 2019. Nessa altura tinha salário anual líquido de aproximadamente €1 milhão. Uma posição de força para conseguir o que quer também passa por um Mundial de qualidade.

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