Benfica em estado inflamável em Turim
O Benfica viaja esta terça-feira para jogar na quarta com a Juventus, em Turim, às 20h00, a última jornada da fase de liga da Champions, num momento de turbulência e pressão.
A equipa perdeu por 1-3 com o Casa Pia, em Rio Maior, para o campeonato, e os adeptos insultaram e assobiaram Rui Costa, o presidente dos encarnados, e Bruno Lage, o treinador, que viu lenços brancos no estádio e depois do jogo se viu envolvido em episódio que viria a inflamar mais os ânimos dos benfiquistas.
Lage falou com alguns adeptos ainda antes de entrar do autocarro, pedindo-lhes ajuda para resolver os problemas, e na garagem da Luz, à chegada a Lisboa, teve uma conversa com outro grupo de adeptos na qual falou de erros da equipa e de situações do âmbito da política desportiva. Na manhã seguinte foi partilhado nas redes sociais um áudio com parte dessa conversa e a polémica resultante levou o Benfica a marcar uma conferência para o treinador clarificar o assunto.
É debaixo deste episódio, que fragiliza o treinador e embaraça plantel, presidente e estrutura do futebol, que o Benfica terá quarta-feira de encarar um jogo difícil em Itália. Mas é sobretudo o momento desportivo negativo que precisa de uma resposta, situação inesperada depois de uma grande exibição, apesar da derrota, no 4-5 da Luz frente ao Barcelona, na semana passada.
O Benfica tem quatro derrotas (Sporting, SC Braga, Barcelona e Casa Pia) e um empate (Sporting, na final da Taça da Liga, ganha nos penáltis) nos últimos oito jogos. E se olharmos apenas para o campeonato perdeu três dos últimos quatro desafios. Foram nove pontos que a equipa deixou pelo caminho, em 12 possíveis, que comprometem os objetivos na competição.
A derrota com o Casa Pia deixou os benfiquistas desiludidos e a estrutura diretiva do Benfica preocupada, na medida em que surge depois de um momento de aparente retoma e antecedido por um outro quando a equipa chegou ao primeiro lugar na Liga, mas o deixou escapar com derrotas frente a Sporting e SC Braga.
Quando Roger Schmidt foi despedido, à quarta jornada, o Benfica tinha cinco pontos de diferença para o Sporting e agora tem seis.
TRÊS MOMENTOS
Olhando para a época, há três momentos que a marcam negativamente — a má entrada no campeonato com uma derrota e um empate nas primeiras quatro jornadas da Liga, e que levou à saída de Schmidt; as duas derrotas seguidas para o campeonato com Sporting e SC Braga, nas jornadas 16 e 17; e a derrota com o Casa Pia a seguir à derrota frente ao Barcelona.
Este último jogo interno foi o primeiro em que a equipa não consegue responder positivamente numa ressaca europeia. Venceu por 5-1 o Rio Ave depois do 1-3 com o Feyenoord e por 4-1 o FC Porto depois do 0-1 em Munique, frente ao Bayern.
Terá, quarta-feira, oportunidade de deixar outra imagem e acalmar os ânimos dos adeptos. E frente a um adversário que, sendo complicado, traz boas memórias às águias — em oito encontros, os encarnados venceram seis, empataram um e perderam outro. Nas quatro deslocações que teve a Turim: duas vitórias, um empate e uma derrota.