Nuno Catarino, vice-presidente e CFO do Benfica — Foto: SL Benfica
Nuno Catarino, vice-presidente e CFO do Benfica — Foto: SL Benfica

Benfica District: a defesa do projeto, os 80 mil lugares da Luz, o financiamento por fechar e o exemplo do Sporting

Nuno Catarino revela como será feito aumento da capacidade para 80 mil. Vice-presidente defendeu projeto que será votado a 3 de janeiro em AG

O vice-presidente e CFO do Benfica, Nuno Catarino, explicou como a capacidade do Estádio da Luz aumentará para 80 mil lugares, no âmbito da requalificação associada ao Benfica District. O dirigente participou, ontem, numa sessão de esclarecimento aos sócios no Instituto Superior de Engenharia, na Universidade do Algarve, em Faro, voltou a defender o projeto e deu conta dos próximos passos.

Nuno Catarino confirmou que «o plano» do Benfica é aumentar a capacidade da Luz para 80 mil. «Nunca o veiculámos desta maneira», reconheceu, para revelar os pormenores e os custos da operação, estimada em €75 milhões: «É um projeto interno que já começou. Estamos hoje em 68.116. Sabemos como chegar a 70 mil e depois a 75 mil. Vamos chegar a 80 mil lugares. O primeiro passo é a remodelação do piso 0. O segundo é baixar o relvado, teremos um estádio mais à inglesa, com as pessoas mais perto [do relvado]. Estamos a trabalhar do ponto de vista jurídico e de segurança o terceiro passo — criar área de safe standing, ou seja, alguns setores do piso 0 com pessoas de pé. Os clubes alemães têm isso mais desenvolvido. Temos pedidos para fazer testes, mas a legislação em Portugal não é fácil. O último passo será feito, em ligação com o Benfica District, quando for reforçada a estrutura exterior — isso permitirá aumentar um conjunto de filas na parte superior. Tudo numa lógica de não parar a operação do estádio. A estimativa do custo é de €75 milhões, algumas obras estão feitas. Tem um custo de sete mil euros por lugar, enquadrado nos custos internacionais.»

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Nuno Catarino acredita que para lá do melhoramento desportivo, o Benfica District será «um destino» e que a parte comercial, que ocupará sete por cento da área, proporcionará «a rentabilização» financeira, como aconteceu noutros projetos, nomeadamente de Tottenham, City, Real Madrid ou Barça.

Estádio Etihad, Manchester, Inglaterra
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A Direção, insiste Nuno Catarino, não quer que o Benfica District, com custo estimado de €220 milhões, seja um peso na tesouraria. O projeto finance «não está nem poderia estar fechado» e até admite «não fazer» o Benfica District se os valores do custo da obra forem muito diferentes. Essa, porém, não é a perspetiva. Existe, ao contrário, até alguma flexibilidade para negociar prazos de pagamentos de empréstimos com os bancos. «Queremos fazer em 15 anos, os bancos até nos dizem que é ambicioso. O Sporting, na operação Alvaláxia, por exemplo, está a fazer em 27», partilhou.

O próximo passo, se o projeto for aprovado na AG de 3 de janeiro, é entrar com o processo na Câmara Municipal de Lisboa.

'Naming' da Luz em negociação

José Gandarez, vice-presidente do Benfica, também presente na sessão de esclarecimento aos sócios, em Faro, sobre o Benfica District, revelou que o projeto «vai ter um impacto bastante positivo» para fechar o naming da Luz, «ambição e atual preocupação» da Direção.

«Benfica District vai alavancar a possibilidade de termos naming. A própria cobertura prevista Luz transforma o estádio num outdoor gigante e interativo. Estamos em negociações e o Benfica District poderá ajudar a acelerar essa negociação. O naming tem de ser de uma marca forte, com reputação e não de empresas que aparecem ou desaparecem. Normalmente, aponta-se para contratos de 8 a 10 anos e, por isso, terá de ser com empresas sólidas», explicou José Gandarez, que assinalou: «O objetivo principal é competir desportivamente e ganhar títulos. Não somos entidade imobiliária. Estamos a criar condições para termos receitas e ficar menos dependentes de vendas de jogadores, dos prémios das participações desportivas e das receitas dos sócios.»