Lage e Mourinho no Benfica-Fenerbahçe do play-off da Champions (FOTO: MIGUEL NUNES)
Lage e Mourinho no Benfica-Fenerbahçe do play-off da Champions (FOTO: MIGUEL NUNES)

Benfica: 'chicote' funcionou mais depressa com Lage do que com Mourinho

Treinadores fizeram exatamente o mesmo número de jogos (12) entre setembro e a paragem de novembro e A BOLA comparou desempenho

José Mourinho, treinador do Benfica, e Bruno Lage, ex-treinador do Benfica, têm muito mais em comum do que a cidade de Setúbal. Trabalharam uma primeira vez no clube da Luz, saíram e voltaram. Mourinho substituiu Lage em setembro, com polémica incluída, depois de Lage ter eliminado Mourinho no play-off de acesso à fase de liga da UEFA Champions League. E também de Mário Branco, o homem de confiança de Mourinho na Turquia, ter chegado à Luz no verão.

O português de 62 anos acabou por ser despedido na Turquia e pouco depois seria o próprio Lage a ser eliminado, mas por Rui Costa, presidente do Benfica, que em poucos dias apresentou Mourinho como o novo treinador. Muitos defenderam tratar-se apenas de uma manobra eleitoral há muito prevista, mas Mourinho devolveu a esperança aos benfiquistas e terá tido efetivamente o seu peso na reeleição de Rui Costa, à boleia de um prestígio à prova de bala e com currículo sem paralelo no futebol português.

O efeito da chicotada psicológica está, no entanto, por confirmar, dado que o Benfica não está a jogar bem, como já não estava com Bruno Lage, e os números não são famosos. A BOLA foi comparar os percursos dos dois treinadores e encontrou realmente semelhanças profundas: começaram a trabalhar em setembro, Lage por Roger Schmidt, em 2024, Mourinho por Lage, em 2025, e ambos fizeram exatamente 12 jogos entre o momento da estreia e a paragem de novembro, aquela em que nos encontramos, para dar lugar aos compromissos das seleções.

Os números não traduzem tudo, mas deixam patente que o efeito da entrada de Lage foi imediato. José Mourinho tem menos vitórias e mais derrotas, também menos golos marcados e está em pior situação na Liga e na UEFA Champions League, apenas igualando o número de golos sofridos e o facto de continuar em prova nas taças. Tem tido mais dificuldade em materializar as suas ideias e já apontou lacunas no plantel, adivinhando-se reforços em janeiro.

Bruno Lage também recebeu quatro caras novas — Dahl, Manu Silva, Bruma e Belotti —, Mourinho já referiu que «um ou dois jogadores com determinado perfil» poderão fazer a diferença. O último jogo de Bruno Lage antes da paragem de 2024 foi o clássico com o FC Porto na Luz, para a Liga (4-1), que teve lugar a 10 de novembro, agora, a 9 de novembro de 2025, o Benfica empatava em casa com o Casa Pia (2-2).

Mourinho, porém, já visitou o Dragão e roubou os únicos pontos perdidos por Farioli na Liga (0-0). E também não tem a exclusividade da paupérrima presença na UEFA Champions League, pois a primeira das quatro derrotas pertence a Lage e ainda por cima com o adversário teoricamente mais fácil (2-3, na Luz, com o Qarabag). Fez sete jogos fora e cinco em casa, Lage fez seis na Luz e seis fora.

Poderão ser, pois, atenuantes para o técnico atual, mas o comparativo é favorável a Lage e também os números do técnico ex-Benfica esta época são superiores, embora apenas haja 10 jogos para mostrar: 7 triunfos, um deles a valer a conquista da Supertaça, dois empates e a tal derrota com o Qarabag.

Por fim, no que diz respeito exclusivamente à Liga, Bruno Lage entrou à 5.ª jornada, estava o Benfica em 7.º, a 5 pontos do Sporting, subindo na classificação (2.º) até à paragem de novembro, mas não diminuindo a diferença para o Sporting de Ruben Amorim. José Mourinho, por seu turno, arrancou na 6.ª jornada, encontrando o Benfica em 4.º, a 4 pontos do FC Porto e um atrás de Sporting e Moreirense. Recuperou, pois, uma posição, mas a distância para a frente aumentou: 6 pontos.