Bardghji, alvo do FC Porto, junta FM, Man. United, Panenka e uma lesão grave (perfil)

Roony Bardghji foi chamado aos 63 minutos por Jacob Neestrup para entrar em cena frente ao Manchester United, na quarta jornada da Liga dos Campeões de 2023/24. Depois da estreia na derrota do FC Copenhaga diante do Bayern Munique (1-2) na segunda ronda, ao pisar o relvado mais ou menos pela mesma altura no lugar de Elias Achourim, coube então ao jovem sueco de 17 anos e 358 dias de vida substituir Mohamed Elyounoussi e, dessa vez, aproveitou bem melhor a oportunidade.

Aos 87 minutos, depois de uma jogada confusa na área dos red devils, a bola caiu-lhe à frente, mesmo ao jeito do pé esquerdo. Rematou de primeira, com o esférico a bater no solo e a ganhar velocidade, sem hipóteses para Onana, e protagonizou a reviravolta. Os dinamarqueses confirmariam pouco depois um espantoso triunfo por 4-3, com Bardghji a bater dois recordes de uma vez na Liga dos Campeões: tornou-se o mais jovem de sempre a marcar ao United e também o mais novo goleador da história do clube que representa.

Internacional sub-21 sueco, nascido no Kuwait, tem ascendência síria e joga na Dinamarca. Apesar de beber de várias culturas, a linguagem em campo é bem clara: com bom controlo, drible curto e excelente definição na finalização, é ainda capaz de pressionar de forma agressiva e apresenta uma boa tomada de decisão. O potencial é enorme. Em 2022, tinha declarado a sua ambição, em declarações à imprensa espanhola: «Vejo-me a jogar no Real Madrid e a ficar lá durante muitos anos. O meu objetivo é tornar-me no melhor jogador do mundo.» Na verdade, quando era pequeno, foi fotografado com a camisola do Barcelona, contudo toda a gente tem direito a mudar de ideias.

Há outro atributo a acrescentar ao perfil de Roony Bardghji. A frieza. Três meses antes dessa partida com o United carimbou o apuramento para o play-off da Liga dos Campeões com um penálti à Panenka, curiosamente diante de uma equipa checa, o Sparta Praga. Antonín Panenka deu o título europeu de 1976 à Checoslováquia com um chapéu a Sepp Maeier, guarda-redes alemão, no desempate decisivo dos 11 metros e esse tipo de pontapé carrega desde então o seu nome. Porém, deverá ter sido apenas coincidência. Bardghji não poderia ser assim tão maquiavélico, ou será que poderia?

O jovem sueco levava em novembro de 2023 10 golos em todas as competições em 1217 minutos, o que lhe dava uma média de um remate certeiro a cada 121. Noticia-se há algum tempo que o Chelsea andava muito atento às suas prestações, o que fazia sentido devido à política desportiva recente dos Blues, com várias contratações a apontar mais para o médio prazo. O seu valor de mercado rondava os quatro milhões de euros.

O hype, no entanto, não tinha começado aí. Já existia há algum tempo. Roony Bardghji era um dos wonderkids do famoso jogo Football Manager, e esteve nas equipas de muitos fãs, que o podiam contratar bem cedo na carreira por pouco dinheiro. Se a sua evolução o tornará de certeza umas das melhores apostas no simulador, só resta saber onde o levará a vida real.

Desde a magia diante do Manchester United, a vida real trouxe-lhe desafios e oportunidades. Após o golo decisivo frente ao United, Bardghji continuou a afirmar-se no FC Copenhaga até sofrer uma grave lesão no joelho em maio de 2024, que o afastou por quase um ano dos relvados. Apesar do enorme contratempo, regressou com personalidade, já nos últimos jogos da temporada 2024/25.

Atualmente com 19 anos, está na reta final do seu contrato (que termina em dezembro de 2025) e já comunicou ao clube que não irá renovar. O resultado? Uma corrida de gigantes para garantir o seu talento: FC Porto, Tottenham, Chelsea, Newcastle e Marselha já demonstraram interesse — alguns, como os dragões, terão mesmo avançado com proposta formal.

O valor de mercado subiu para cerca de 8 milhões de euros, embora, face à proximidade do fim de contrato, clubes vejam na sua contratação uma verdadeira pechincha no mercado. Roony Bardghji, agora mais maduro, tem pela frente uma nova encruzilhada: continuar a crescer na Escandinávia ou dar o salto para uma das grandes ligas europeias.

O Football Manager previu-lhe um futuro brilhante. Resta saber se a próxima jogada será tão certeira quanto aquele remate em Copenhaga, que afundou o United e lançou Bardghji em definitivo para debaixo dos holofotes do futebol europeu.