A análise à época de sonho de Artur Jorge feita por André Geraldes e Carlos André, no primeiro episódio do Política Desportiva, programa de A BOLA TV conduzido pelo jornalista João Pimpim

Artur Jorge: «Chamei adeptos ao balneário antes de um jogo e ganhámos 5-0»

Treinador português abordou também a saída do Botafogo, garantindo que irá sempre ter uma forte ligação com o emblema 'alvinegro'

«2024 foi o melhor ano da minha vida desportiva». É com esta frase que Artur Jorge resumiu um ano em que subiu ao mais alto patamar do futebol sul-americano, depois de conquistar a Libertadores e o Brasileirão, ao serviço do Botafogo.

Em entrevista à SIC, o treinador afirmou que a conexão com o clube alvinegro será eterna, apesar da saída polémica.

«O Botafogo não vai sair nunca da minha vida. Foi o sítio em que fui mais feliz na minha vida desportiva. Essa ligação vai sempre existir, tenho grande apreço e grande carinho pelo Botafogo, pelos seus adeptos e pelos seus jogadores. Falei com todos os jogadores da minha altura antes da final da Supertaça do Brasil, que acabaram por perder. Criámos uma relação muito próxima, tendo em conta aquilo que conseguimos juntos. Daqui a 10 ou 20 anos, quando se falar de 2024, da primeira conquista da Libertadores do Botafogo, vai falar-se de mim inevitavelmente», começou por dizer.

«Saída? Há factos que nós sabemos mais do que o simples adepto. É muito fácil julgar ou criticar o que quer que seja. Eu tive, no final do último jogo com o São Paulo, em que fomos campeões em casa, o estádio a gritar por mim: 'Fica, fica, fica'», lembrou.

«Mas eu sei um pouco mais do que os adeptos, tenho mais informação. Temos que às vezes ser mais brandos no julgamento. Ninguém é doido para querer o pior para si. Dentro daquilo que eu sabia, dentro daquilo que era o momento, fez-me tomar essa decisão [de rumar ao Qatar]», considerou o treinador luso,

Artur Jorge a celebrar a conquista do Brasileirão com a sua equipa técnica do Botafogo

Aquela meia-final com o Penãrol

Por fim, Artur Jorge lembrou um episódio que marcou a sua estadia no Brasil. Durante a meia-final da Libertadores, o técnico português resolveu chamar um grupo de adeptos para a reunião pré-jogo e o resultado foi... um sucesso.

«Tivemos uma meia-final da Libertadores, com o Peñarol, e eu recordo-me que quando fizemos o meeting no pré-jogo, fiz questão de chamar três grupos de adeptos para participarem. Chamei uma família, um pai e uma mãe com dois filhos pequenos, chamei um adepto comum e um adepto especial, porque nos acompanhava muitas vezes e, infelizmente, a vida colocou-o numa cadeira de rodas», comecçou por contar.

«Aquilo serviu para eles verem aquilo que são os exemplos de superação, que nós precisaríamos de ter para conseguir atingir patamares mais altos. Para verem o espírito de família, que procurámos construir e o adepto único, que representava a paixão pelo clube. Aquio foi um momento muito bonito entre nós, muito simbólico e marcante. Quem lá esteve, acabou a chorar pela emoção do acontecimento e sei que nos tocou imenso. Criou uma energia diferente dentro de nós e a verdade é que nós fizemos um resultado histórico nessa meia-final. Vencemos 5-0 em casa o Peñarol e praticamente definimos a passagem para a final», referiu, deixando ainda uma mensagem sentimental: «Falámos pouco de futebol, mas falámos muito de sentimento e paixão pelo que fazemos. Tudo aquilo que é feito com paixão, leva-nos a ter sucesso mais vezes.»