«Alguém tem de fazer barulho»: fecho de 17 cafés junto a Alvalade causa polémica

Pouco depois das 13h40, Bruno Sá foi surpreendido com a visita da Polícia Municipal de Lisboa que o informou que no sábado teria de fechar o restaurante Cantinho do Sá às 13h de sábado. O habitual ponto de encontro de adeptos sportinguistas foi um dos 17 cafés que a Câmara Municipal da capital mandou encerrar até às 7h de domingo.

A habitual azáfama de um dia de jogo no reduto do leão seria ampliada no dia que pode marcar a conquista do bicampeonato por parte do Sporting, 71 anos depois. Bruno Sá lamenta a A BOLA o timing desta decisão: «Já aceitei reservas, o restaurante leva quase 100 pessoas em dois turnos ao almoço, tenho bancada no andar de baixo, tinha tudo preparado.»

«Tinha acabado de vir do talho, encomendei 70 quilos de cachaço, 40 quilos de vazia, 46 barris de cerveja, tinha contratado mais pessoas para ajudar na cozinha», acrescentou Bruno Sá, visivelmente desagrado. O dono de um dos restaurantes mais queridos entre os adeptos leoninos revela que lhe foi informado que «a ordem pública ultrapassava o negócio» e que por isso permaneceria encerrado.

Questionado sobre os possíveis prejuízos do encerramento em dia de jogo do título, o empresário garante que a perda de dinheiro não é a principal preocupação: «Não me importo de abdicar de dez mil euros para o Sporting ser campeão.»

Bruno Sá frisou a unicidade da situação e deixou um apelo à direção leonina: «Alguém tem de fazer barulho, quem pode fazê-lo é o Sporting. Onde é que as pessoas vão ver o jogo? Vai ser um inferno. Vão estar todos dispersos na rua.»

Apesar de se manter confiante de que a medida pode ser revertida antes da receção leonina ao Vitória de Guimarães, Bruno Sá equaciona avançar judicialmente caso não tal aconteça: «Já falei com os advogados, está-se a tornar num ambiente de festa num ambiente de tensão, tenho 44 anos e nunca vi isto.»

O dono do Cantinho do Sá realça que não foram encerrados estabelecimentos comerciais na semana passada, na antecâmara do dérbi entre Benfica e Sporting, disputado no Estádio da Luz (1-1).

O dilema de Bruno Sá é partilhado com mais 16 estabelecimentos comerciais nas ruas adjacentes ao Estádio de Alvalade e habituais pontos de encontro dos adeptos leoninos. A operação de segurança estende-se por toda a cidade de Lisboa: diversos restaurantes na zona do Marquês de Pombal têm ordem para encerrar a partir das 13h, assim como as estações de metro do Parque, Marquês, Avenida e Picoas.