Danny Higginbotham num lance com Manuel Fernandes, num Besiktas-Stoke City, em 2011
Danny Higginbotham num lance com Manuel Fernandes, num Besiktas-Stoke City, em 2011 - Foto: IMAGO

Álcool e medicação: como ex-Man. United superou o medo de andar de avião

Numa longa reportagem do The Athletic, Danny Higginbotham contou como ultrapassou o medo de voar que o acompanhava desde sempre

Não convém a ninguém não gostar de andar de avião, muito menos a um futebolista. O caso mais famoso é o de Dennis Bergkamp, mas há outros, e Danny Higginbotham é um deles.

Formado no Manchester United, chegou a fazer sete jogos pela equipa principal dos red devils no início da carreira, antes de acabar por fazer carreira em clubes de menor dimensão em Inglaterra: Derby County, Southampton, Stoke City e Nottingham Forest são alguns desses clubes.

O medo de voar esteve lá desde sempre, mas foi posto à prova sobretudo nos últimos anos, quando recebeu um convite da AppleTV para ser comentador da MLS. Vários jogos por semana significaram vários voos por semana e... várias horas de sofrimento por semana.

Durante mais de um ano, tentou de tudo para minimizar esse medo. Medicação, acupuntura e até álcool. Ia para os aeroportos com três horas de antecedência, na esperança de que isso o acalmasse, mas só piorava.

O pior, conta agora ao The Athletic, eram as descolagens. «Ficava como se tivesse acabado de correr uma maratona ou um sprint», recorda.

O pânico era de tal forma grande que começou a afetar a vida pessoal: «Eu estava presente, mas não estava. Porque estava sempre a pensar no próximo voo que tinha de apanhar.»

«Com a hipnose, de repente, foi como aprender a libertar-me»

Nada parecia resultar para Higginbotham, até que a esposa, no inverno passado, antes do início de uma nova época na MLS, lhe fez uma sugestão decisiva. «Já consideraste a hipnose?», questionou.

O antigo defesa começou a ser consultado por Frank Perri, diretor do Philadelphia Hypnosis Center e um profissional habituado a trabalhar com atletas. A vida mudou desde então.

Após algumas sessões de hipnoterapia, começou a sentir progressos. Dois meses depois, por exemplo, apercebeu-se de que tinha se tinha esquecido de apertar o cinto de segurança durante um voo numas férias familiares. Um marco importante, reconhece agora.

Passou a ir apenas com uma hora de antecedência para o aeroporto e agora, admite, o problema é outro. «A minha maior preocupação agora, quando estou num voo, é o tédio», disse, ao The Athletic.

«Com a hipnose, de repente, foi como aprender a libertar-me. As pessoas diziam: ‘Ok, mas deves estar a fazer alguma coisa para te conseguires libertar.’ E, até certo ponto, é verdade, por causa da parte da meditação. Mas o que se descobre é que a meditação não só ajuda na forma como se encara o ato de voar, como também se infiltra noutras áreas da vida», prosseguiu.

Higginbotham começou a partilhar a sua história com outras pessoas, e recentemente teve até alta. Mas para já, diz, continua a querer encontrar-se com Frank Perri uma vez por mês.