LeBron James disputa o Jogo das Estrelas pela 21.ª vez e sempre eleito para o cinco inicial Fotografia IMAGO

Aí está o 74.º All-Star Game, mas sem Estados Unidos-Resto do Mundo

Havia que voltar a criar uma fórmula para o 74.ª Jogo All-Star da NBA. Alguns desejaram um duelo Estados Unidos contra o Resto do Mundo, tão elevado é o número de estrangeiros que estão entre os melhores da NBA, mas a Liga, pelo menos para já, não quis ir por aí. Há sete não americanos entre os 24 eleitos para o Jogo das Estrelas, cada vencedor levará para casa 120 mil euros.

SÃO FRANCISCO — Passados 75 anos após o commisioner Maurice Podoloff, o diretor de publicidade da Liga, Haskell Cohen, e o dono dos Celtics, Walter A. Brown, terem desenvolvido a ideia original de Cohen em se realizar um All-Star Game das seleções do Este contra o Oeste com os melhores basquetebolistas de uma competição que apenas começara quatro épocas antes, a cidade de São Francisco e os Golden State Warriors, um dos três clubes sobreviventes do arranque da Liga em 1946/47, são os anfitriões do 74.º All-Star Weekend.

Celebração que, na realidade, começou na última madrugada com o Rising Stars, três jogos entre rookies, sophomores e jogadores da G League — a Equipa C, composta por cinco rookies e dois jogadores de segundo ano bateu a da G League por 25-14 —, e termina domingo, com o aguardado embate das estrelas.

O evento, que no início da entrada do século chegou a ter dificuldades para encontrar quem, dentro da Liga, o recebesse de imediato de braços abertos, quase recordando que aquele conceito peregrino há mais de 70 décadas foi para a frente porque Walter A. Brown acreditou nele, ofereceu-se para pagar as despesas, estava disposto a cobrir prejuízos se existissem, e cedeu o Boston Garden para o embate, é um sucesso ao nível da organização. Apenas um lockout dos patrões ao arranque da temporada de 1998/99 impediu que se disputasse ininterruptamente e nem a pandemia o travou em 2020/21, ainda que ficando reduzido à partida no domingo.

74.º Jogo das Estrelas
Equipa Shaq Ogs LeBron James* (Lakers), extremo, 21 All-stars Stephen Curry* (Warriors), base, 11 All-Stars Kevin Durant* (Suns), extremo, 15 All-Stars Jayson Tatum* (Celtics), extremo, 6 All-Stars James Harden (Clippers), base, 11 All-Stars Anthony Davis (Mavericks), ext./poste, 10 All-Stars Damian Lillard (Celtics), base, 9 All-Stars Jaylen Brown (Celtics), extremo, 4 All-Stars Kyrie Irving (Mavericks), base, 9 All-Stars * eleito para o cinco inicial ** lesionado, substituído por Kyrie Irving

Há um ano, o impacto económico imediato em Indianápolis 2024, foi de $300 milhões (€289 milhões), levando à cidade 200 mil visitantes, dos quais 190 estiveram nos vários eventos que decorrem paralelamente para lá da capacidade de 20 mil lugares de um pavilhão. Até porque, um All-Star tornou-se num centro de negócios da Liga e das empresas que trabalham com ela, como é o caso da portuguesa Hoopers. Agora, espera-se que esse mesmo impacto atinja os $350 milhões (€337 milhões).

O problema tem-se mantido naquilo que é a génese da festa: o Jogo das Estrelas. Sobretudo a sua atração e audiência televisiva devido à falta de empenho dos jogadores numa verdadeira e competitiva partida de basquetebol.

74.º Jogo das Estrelas
Equipa Kenny’s Young Stars Jalen Brunson* (Knicks), base, 2 All-Stars Anthony Edwards (Wolves), base, 3 All-Stars Jaren Jackson (Grizzlies), ext./base, 2 All-Stars Darius Garland (Cavs), base, 2 All-Stars Cade Cunningham (Pistons), base, 1 All-Star Jalen Williams (Thunder), base, 1 All-Star Evan Mobley (Cavs), ext,/poste, 1 All-Star Tyler Herro (Heat), base, 1 All-Star * Eleito para o cinco inicial

Não se espera um caso como o que, em Orlando 2012, numa disputa de bola nos momentos finais, Dwyane Wade partiu o nariz a Kobe Bryant e originou a primeira falta flagrante do All-Star, mas que pelo menos joguem com maior empenho. Quem diria que Bob Cousy e Rick Barry chegaram a sair, por duas vezes, com excesso de faltas em All-Stars, Hakeem Olajuwon uma, ou que o mítico treinador dos Celtics Red Auerbach foi expulso por não concordar com uma decisão dos árbitros.  

Dwyane Wade e Kobe Bryant

Depois de, durante seis épocas, se ter deixado o formato original de um jogo entre a seleção da Conferência Este a de Oeste e se terem constituído equipas formadas pelos capitães, após serem conhecidos os 24 eleitos, em Indianápolis 2024 regressou-se à fórmula Este-Oeste.

74.º Jogo das Estrelas
Equipa Chuck Global Stars Nikola Jokic* (Nuggets), poste, 7 All-Stars G. Antetokounmpo** (Bucks), extremo, 9 All-Stars S. Gilgeous-Alexander* (Thunder), base, 3 All-Stars K-Anthony Towns* (Knicks), poste, 5 All-Stars Donovan Mitchel* (Cavs), base, 6 All-Stars Paskal Siakam (Pacers), extremo, 3 All-Stars V. Wembanyama (Spurs), poste, 1 All-Star Alperen Sengun (Rockets), poste, 1 All-Star Trae Young (Hawks), base, 4 All-Stars * eleito para o cinco inicial ** lesionado substituído por Trae Young

De nada serviu, assim como o facto dos vencedores terem passado a receber 100 mil dólares (96 mil euros) cada e os derrotados $25 mil (€24 mil). Num embate sem defesa e competitividade, o Este ganhou por 211-186. Números que derrubaram quase tudo o que eram recordes de pontos e lançamentos triplos: com os vencedores a converterem 42 lançamentos em 97(!) tentativas; o Oeste 25 em 71.

Damian Lillard (Bucks), recebeu o troféu Kobe Bryant para o MVP das mãos do commissioner Adam Silver, cuja cara de desilusão era difícil de esconder. Pedira tanto para que tornasse a existir um jogo minimamente competitivo e negociar o formato e novos prémios com a associação de jogadores e…. nada.

Concurso de destrezas
Donovan Micthel e Evan Mobley (Cavs) Zaccharie Risacher (Hawks) e Alex Sarr (Wizards) Chris Paul e Victor Wembanyama (Spurs) Draymond Green e Moses Moody (Warriors)

Havia que voltar a criar uma fórmula para o Jogo All-Star. Alguns desejaram um Estados Unidos contra o resto do mundo, tal é a quantidade de estrangeiros que estão entre os melhores. Ideia ponderada, mas não avançou. «Talvez um dia», disse Silver há três semanas nos Jogos de Paris.

Concurso Triplos
Jalen Brunson (Knicks) Cade Cunningham (Pistons) Darius Garland (Cavaliers) Tyler Herro (Heat) Buddy Hield (Warriors) Cameron Johnson (Nets) Damian Lillard (Bucks) Norman Powell (Clippers)

Há quem diga que é para não se correr o risco, agora ou mais tarde, dos americanos poderem perder. A justificação saiu que não seria justo que houvesse quem pudesse ir ao All-Star apenas por ser americano ou estrangeiro e não porque foi considerado um dos melhores 12 jogadores de uma conferência pois, neste momento, a escolhas seriam feitas num universo em que há 70% de americanos e 30% de emigrantes.

Com muitas estrelas a não quererem disputar um jogo de 48 minutos num fim de semana de férias, a nova fórmula encontrada. Sem aumentar o número de 24 convocados, 12 de cada conferência decididos por votação do público (50%), jogadores (25%) e 99 jornalistas (25%), incluindo A BOLA, foram formadas três equipas de oito, após a escolha, à vez dos general managers Charles Barkley, Shaquille O’Neal e Kenny Smith, a que se juntará a formação vencedora (Equipa C) do jogo de ontem do Rising Stars – GM Candice Parker – nitidamente para procurar colocar os mais novos a tentarem vencer as estrelas.

Concurso de afundanços
Matas Buzelis (Bulls) Stephon Castle (Spurs) Andre Jackson (Buks) Mac McClung (Osceola Magic, G League)

Faz-se um mínimo torneio de três partidas: duas meias-finais (Chuck’s Worldwide-Kenny’s Young Stars e Shaq’s OGs vs. Candace’s Rising Stars), com os vencedores a disputarem a final. Em qualquer encontro ganha quem marcar 40 pontos. Cada basquetebolista que ganhe a final leva para casa $125 mil (€120), os derrotados $50 mil (€48) e os semifinalistas batidos $25 (€24 mil). Será que resulta? Kevin Durant disse logo que não gostava, mas que esperava para ver.

Com os bilhetes para amanhã a serem vendidos no site SeatGeek entre os 600 (576) e os 50 mil dólares (48 mil euros), e Stephen Curry (Warriors) a ser anfitrião à 11.º participação, LeBron James, aos 40 anos, amplia o recorde de Jogos All-Star para 21, com a particularidade de ter sido eleito em todos para o cinco inicial desde os 20 anos.

No lado oposto, seis estreantes, todos com 25 anos ou menos: Cade Cunningham (Pistons), Tyler Herro (Heat), Evan Mobley (Cavaliers), Aleren Sengun (Rockets), Victor Wembanyama (Spurs) Jalen Williams (Thunder).

Contam-se sete n.º 1 do draft, os Cavaliers são os únicos a colocar três elementos — Donovan Mitchell, Darius Garland e Evan Mobley — a que se junta o treinador Kenny Atkinson. Irão jogar oito ex-MVPs do All-Star desde 2006, que somam um total de 11 troféus.

Giannis Antetokounmpo (Bucks) e Anthony Davis (Mavericks), tiveram de ser substituídos por lesão, com o commissioner Adam Silver a chamar os bases Trae Young (Hawks) e Kyrie Irving (Mavericks).

Por fim, sete não americanos. Todos de países diferentes: Giannis Antetokounmpo (Bucks, Grécia), Shai Gilgeous-Alexander (Thunder, Canada), Kyrie Irving (Mavericks, nascido na Austrália), Nikola Jokic (Nuggets, Sérvia), Alperen Sengun (Rockets, Turquia), Pascal Siakam (Pacers, Camarões) e Victor Wembanyama (Spurs, France). O máximo foram nove, em Salt Lake City 2023.