À procura do 'segredo': afinal, como é que João Neves é tão bom de cabeça?
São cinco golos em oito jogos para João Neves pelo PSG esta temporada, mais três golos em quatro partidas pela Seleção Nacional – com o bónus do hat-trick na recente goleada diante da Arménia.
O médio formado no Benfica continua a impressionar pela veia goleadora que tem demonstrado, evidenciada ainda mais em 2025/26, e com golos de todas as maneiras e feitios: remates de meia-distância, pontapés de bicicleta e até... de cabeça.
O internacional português, apesar dos 174 centímetros de altura, apresenta uma capacidade pouco habitual para alguém da sua estatura no jogo aéreo, e isso despertou a atenção de um dos jornais mais prestigiados do mundo: o L'Équipe.
A publicação francesa foi à procura de uma explicação e falou com duas pessoas que trabalharam com Neves no Benfica: Luís Castro e Diego Moreira.
«Quando o João chegou, eu disse que ele seria um dos jogadores mais dominantes no jogo aéreo do campeonato, e não estou surpreendido. Vários fatores contribuem para a sua eficácia nesta área, incluindo as suas capacidades atléticas», disse Luís Castro, atual treinador do Nantes.
«Ele é muito forte nos apoios, um atleta que se estrutura em quadríceps e abdominais potentes», acrescentou.
Diego Moreira também está em França, mas ao serviço do Estrasburgo. Dos tempos no Benfica, recorda-se de uma qualidade acima da média no jogo aéreo.
«Ele é muito forte, duro e tem bons apoios. É o melhor jogador de cabeça com quem já joguei, sem dúvida. Pode tornar-se um dos melhores do mundo nessa especialidade. É incrível.»
Apesar do trabalho na formação do Benfica, o jovem de 21 anos foi trabalhando outras vertentes do seu jogo com o pai, Pedro. O cabeceamento treinou-o sobretudo nas praias de Tavira, de onde é natural, em torneios de futevólei.
«Ele evoluiu imenso nos aspetos de coordenação e na leitura das trajetórias», explica uma fonte próxima do jogador ao L'Équipe.
Além disso, João Neves apresenta um sentido de posicionamento «impressionante», defende Lesli Djhone, antigo preparador físico do Toulouse.
«Sente-se confortável com o seu corpo, sabe como posicioná-lo no espaço, é impressionante. Mas o que é flagrante é o seu sentido de oportunidade. Podes ser explosivo e fazer tudo mal. Ele, pelo contrário, combina as suas qualidades físicas com a sua inteligência.»
«Ele atrai a bola, está sempre bem posicionado, tem o timing certo. Não se trata apenas da impulsão, mas de chegar no momento exato para poder atacar a bola. Outros podem saltar mais alto, mas ele, em relação à trajetória, faz a leitura correta», disse Claudio Beauvue, ex-jogador do Guingamp e especialista no jogo aéreo. «Vê-se que ele tem um gosto especial pelo jogo de cabeça. É preciso gostar de ir ao duelo para ser assim.»