Treinador leonino comentou as decisões de arbitragem e voltou a pedir o mesmo critério para todas as equipas

A Liga da verdade: justificação ou desculpa?

'Mercado de valores' é o espaço de opinião semanal de Diogo Luís

De vez em quando somos surpreendidos com as teorias da Liga da verdade. Acho este tópico muito interessante, até porque a Liga da verdade está assente em interpretações e não em dados irrefutáveis. Como todos sabemos, o futebol não é matemática. O que me parece mais interessante é que a classificação da suposta Liga da verdade tem por base erros de árbitros que alterariam os resultados de vários jogos. Percebo o argumento comercial, mas fico sempre com as seguintes questões: se uma decisão fosse diferente num jogo, isso significava que a equipa que tinha sido prejudicada conseguiria vencer ou empatar? Em lances de penálti, a Liga da verdade pressupõe que os castigos máximos seriam todos convertidos? E em caso de se confirmarem estes pressupostos anteriores, com uma alteração no resultado a uma determinada altura do jogo, a restante partida não seria diferente? Ou será que a Liga da verdade pressupõe que a única coisa que mudaria num jogo seria a decisão errada do árbitro e tudo o resto se manteria igual?

Liga da verdade: desculpas?

A verdadeira Liga da verdade é a que analisa a realidade. De uma forma surpreendente, Rui Borges falou sobre este tema como que a justificar o facto de o Sporting ser prejudicado pela arbitragem. Devemos analisar este ponto de várias perspetivas diferentes. A principal são os factos que levaram o Sporting a perder tantos pontos. Até à 11.ª jornada o Sporting liderava com 33 pontos, 39 golos marcados e cinco sofridos. Nas 12 jornadas que se seguiram, o Sporting conquistou 20 pontos, marcou 22 golos e sofreu 15. Será que o foco do Sporting deveria ser os árbitros? Ou será que, internamente, deveriam estar preocupados em perceber o que se passou e está a passar com a equipa? Com tantas lesões, será que o que está a acontecer ao Sporting é apenas uma questão de azar? Será que as decisões tomadas pela administração ao longo da época foram as melhores? A escolha de João Pereira teve por base que critério? Em quatro jornadas, sob a liderança de João Pereira, a equipa leonina conquistou quatro pontos, marcou quatro golos e sofreu cinco. Será que esta escolha fez com que os jogadores tivessem ficado desmotivados? Será que esta escolha fez com que os adeptos, que consideravam a sua equipa invencível, tivessem ficado desconfiados? Será que foi tudo azar? Será que isto aconteceu porque João Pereira não pôde ser João Pereira? Será que Rui Borges teve o azar de ter um plantel que não se enquadrava na sua forma de jogar? Será que a administração do Sporting não pensou neste ponto? Será que a Liga da verdade resolvia os problemas do Sporting?

A verdade do FC Porto

O FC Porto passa por um momento complicado. A Liga da verdade do FC Porto está a ser jogada agora. Depois de vários anos de uma gestão muito pouco cuidadosa, a realidade é que o medicamento para curar o clube está a gerar uma enorme ressaca. André Villas-Boas tinha uma missão complicada. Com uma situação financeira muito débil, André Villas-Boas tinha a esperança de conseguir ir endireitando o clube com um rendimento desportivo mais estável. Possivelmente, o presidente do FC Porto não tinha a noção da verdadeira situação do clube. Assim, perdeu jogadores importantes a custo zero e teve de vender outros para poder cumprir com os compromissos financeiros. O facto de os adeptos apenas se preocuparem com a bola entrar, ou não, faz com que hoje o FC Porto tenha menos capacidade e menos condições para lutar com os rivais. Analisando a vertente desportiva, parece-me que o FC Porto se precipitou. Vítor Bruno era um génio? Claro que não. Analisando de fora, não tenho dúvidas de que Vítor Bruno tinha anticorpos com uma pequena franja de adeptos e mesmo com alguns jogadores. Parece-me que Vítor Bruno foi um alvo para fragilizar André Villas-Boas. O futebol de Vítor Bruno era entusiasmante? Não, mas com os jogadores que o FC Porto tem, será que isso é possível? O FC Porto era uma equipa muito mais consistente defensivamente? Sem dúvida! Criava muitas ocasiões de golo? Não. E agora, com a substituição do treinador, o FC Porto defende melhor? O FC Porto cria mais ocasiões? Controla melhor os jogos? É verdade que em janeiro perdeu Nico e Galeno, mas será que isto justifica a inconsistência defensiva? Mais uma vez prefiro olhar para a realidade: Vítor Bruno saiu a quatro pontos do Sporting, a um do Benfica e com seis de avanço sobre o SC Braga. Quem via a equipa do FC Porto podia achar que praticava um futebol monótono, mas sentia que a equipa controlava os jogos e era equilibrada. A chegada de Anselmi está a provar que o problema do FC Porto nunca foi Vítor Bruno. O problema do FC Porto foram anos e anos de má gestão que fazem com que, no curto prazo, o mais importante seja recuperar a credibilidade, a racionalidade e equilíbrio financeiro para, no futuro, o FC Porto poder voltar a ter condições para ser mais competitivo.

Samuel Dahl

De todas as contratações do Benfica, Dahl era o menos conhecido. Aparentemente o Benfica acertou. Dahl faz-me lembrar Aursnes, pela adaptação, utilidade e inteligência em campo. Contratado para ser a sombra de Carreras, o sueco tem sido o complemento do espanhol. Tem jogado mais à frente. Sabe fechar por dentro e equilibra o meio-campo quando a bola está do lado contrário. Junta-se à linha defensiva, formando uma linha de cinco quando o contexto o justifica. Apesar de não ser um mágico tem qualidade com a bola nos pés. Não se intimida com os adversários nem com o ambiente. Tem sido importante e Bruno Lage tem sido perspicaz a utilizá-lo. Tem surpreendido pela positiva.

A valorizar: Vasco Botelho Costa
Depois do êxito nos sub-23 do Estoril e de fazer regressar o UD Leiria às competições profissionais, está a fazer um grande trajeto no Alverca, que está a lutar pela subida à Liga. Vasco destaca-se pelos resultados, pela qualidade do jogo das suas equipas e pela valorização dos seus jogadores.
A desvalorizar: João Félix
Depois de uma primeira boa impressão as criticas começam a surgir como aconteceu no Barcelona, no Chelsea ou no Atlético de Madrid.