Pedro Machado durante a passagem pelo IFK Mariehamn - Foto:  @ifkmariehamn/@alinairene_
Pedro Machado durante a passagem pelo IFK Mariehamn - Foto: @ifkmariehamn/@alinairene_

A chegada atribulada (e gelada) à Finlândia: «Comecei logo a pensar no Titanic»

Pedro Machado fala sobre a experiência na Finlândia, ao serviço do IFK Mariehamn. Foi treinado por um português e destacou os brindes (fora do normal) que os melhores jogadores em campo recebiam

Destino Aventura é a rubrica em que A BOLA dá a conhecer os jogadores espalhados pelos cantos mais remotos do mundo. Pedro Machado, defesa-central do Al Tadhamon (Koweit), recorda a passagem (gelada) pelo IFK Mariehamn (Finlândia), em 2024.

— Na tua passagem pela Finlândia, foste treinado por um português, Bruno Romão. Quais foram os maiores desafios nessa aventura no Mariehamn?

Já joguei no Norte de Portugal, no Mirandela, e também é muito frio e desafiante nesse aspeto. Foi um choque muito grande, porque no primeiro dia em que eu cheguei, a viagem para a ilha fazia-se de barco. Vou a ver e o mar está completamente congelado. Entrei ali um bocado em pânico. Não pensei em voltar para trás, mas pensei em como é que ia sair dali, se a viagem seria adiada... Comecei logo a pensar naquela questão do Titanic, porque realmente o mar estava completamente congelado. Mas pelos vistos era normal. Quando cheguei à Finlândia estava a nevar imenso e aí é que me caiu um pouco a ficha. Mas até achei engraçado, mas pensei que realmente, quando eram essas condições, que iríamos treinar, por exemplo, no indoor, algo assim. Foi algo que aconteceu nos primeiros treinos. Mas depois era tudo no estádio, normal.

— Chegaste a fazer jogos em recintos cobertos?

Não. Era tudo descoberto, até o jogo que tivemos com o HJK, que era o campeão na altura. Fomos jogar ao estádio deles e estava a nevar. Para eles era tranquilo, não era uma neve muito intensa. E se fosse realmente uma neve muito intensa, acredito que aquilo que eles fariam era trocar as bolas. Desde que houvesse condições para jogar, jogávamos. Trocávamos a bola por uma florescente e siga.

— Chegaste a ser eleito homem do jogo e recebeste uma mochila como prémio. Era algo normal?

— Normalmente, era uma mochila com um brinde. Pelo menos naquilo que eram os nossos jogos em casa. Eu lembro-me que, no meu, apanhei aquelas bolas de praia, uma toalha de praia, uma garrafa. Até dava jeito, porque lá no verão até fazia calor. Mas sim, foi engraçado, porque naquela altura não estava assim tanto calor e deram aquilo. Nos jogos em casa era isso. Era sempre uma mochila com um brinde, com qualquer coisa lá dentro. Às vezes eram até batatas, grandes sacos de batatas, que era para abrirmos e espalharmos pelo público. Era uma loucura. Cada clube tinha um bocado a responsabilidade de poder decidir o que é que iria entregar. Não é como nós em Portugal, que recebemos a estatueta.

— Que balanço fazes da passagem pela Finlândia?

Gostei muito e foi uma das melhores experiências da minha vida. Eu vinha de uma fase da minha carreira algo complicada e fui bastante mentalizado para lá. E foi uma experiência muito boa para mim. Apanhei o mister Bruno Romão. Cinco estrelas enquanto pessoa e com muita qualidade também enquanto treinador. É alguém que gosta de um futebol muito positivo, em potenciar muito os jogadores. E eu senti muito isso. Era exigente no sentido de tentar sempre trazer o melhor lado do jogador. Potenciou bastante as minhas características e dos meus colegas. Estávamos a jogar um futebol muito positivo para aquilo que era o campeonato finlandês e aquilo que era a realidade da nossa equipa. As pessoas lá são acolhedoras. Não só os adeptos, como toda a estrutura do clube. Era um clube pequeno, mas histórico na Finlândia. No início fui sozinho, mas depois fiz força para que a minha família fosse também. Eles trataram de tudo, com a ajuda do mister, do CEO, de toda a gente. Fizeram os possíveis para a minha família ir, para se sentir bem. Adorei a experiência na Finlândia. Não só futebolisticamente falando, mas também a nível pessoal. É um país que, apesar do frio, tem muito boas condições de vida e perspetivas de futuro. Foi muito bom para mim.