A apoteose do início e o adeus sem brilho: a passagem de Conceição no Milan
A um dia de fazer cinco meses da contratação de Sérgio Conceição, o AC Milan anunciou que o português já não é o treinador principal. Numa nota publicada no site oficial, os rossoneri anunciam que clube e técnico «não continuarão a jornada juntos na próxima temporada»: «O clube agradece ao Sérgio e à respetiva equipa técnica pelo compromisso, profissionalismo e dedicação mostrados na liderança da equipa principal nos últimos meses. A família AC Milan separa-se do treinador que conquistou o 50.º título da história do clube, desejando-lhe o melhor para o futuro.»
Este título a que a nota se refere é a Supertaça de Itália, conquistada frente ao rival Inter numa final épica — aos 51 minutos de jogo, os rossoneri perdiam por 0-2 e venceram por 3-2 aos 90+3' — uma semana depois da chegada do português. Pareciam ser boas indicações para o que restava da temporada, mas acabou por não haver a recuperação que se esperava após Paulo Fonseca, substituto de Stefano Pioli no início da temporada, ter ficado aquém nos resultados.
O primeiro grande desaire da era Conceição chegou a 18 de fevereiro. Depois de uma pobre exibição em Roterdão, o Milan iniciou a partida da segunda mão do play-off da UEFA Champions League frente ao Feyenoord com um golo de Santiago Giménez — uma das contratações sonantes de inverno — no primeiro minuto. A equipa italiana dominava a partida em San Siro quando, aos 51', uma simulação de Theo Hernández valeu ao lateral o segundo amarelo, deixando a equipa a jogar com menos um. Carranza fez o 1-1 e o Milan tombava, assim, na prova milionária.
A Taça era sonho... até ser pesadelo
A outra competição por que lutava a equipa de Rafael Leão e João Félix, chegado por empréstimo em janeiro, era a Taça de Itália. Depois de derrotar a Roma por 3-1, o adversário do Milan nas meias-finais era, novamente o rival Inter.
Após empatar a uma bola na primeira mão, a equipa de Sérgio Conceição fez a melhor exibição da época para vencer por 3-0 na segunda e chegar à final, frente ao Bolonha. Mas, no duelo derradeiro, um golo de Dan Ndoye apagou a chama rossonera, que pouco brilhou ao longo dos 90 minutos.
Vencer o rival é importante. Mas não chega
Contra o Inter, o Milan de Conceição jogou quatro vezes e não perdeu nenhuma. Só que os restantes jogos... não foram famosos. No final das contas do campeonato, o 19 vezes campeão italiano ficou em oitavo lugar, a dois pontos da Fiorentina, última equipa em lugar europeu. Depois de cinco meses, nem uma transformação tática — começou em 4x3x3 e terminou em 3x4x3 — alterou o destino deste Milan. Resta saber se Massimiliano Allegri conseguirá tirar proveito do talento da equipa, algo que Sérgio Conceição e Paulo Fonseca não conseguiram fazer em 2024/25. O ex-FC Porto deixa assim o primeiro projeto desde que deixou os dragões (curiosamente com a conquista da Taça) após 31 jogos: 16 vitórias, cinco empates e 10 derrotas.