Raphaella Monteiro conta experiência traumática em Itália
Internacional brasileira, ex-jogadora do Benfica, MVP da Liga portuguesa e campeã nacional pelas águias, esteve um mês no clube italiano Battipaglia e foi dispensada após vários episódios controversos. Regressou ao Brasil e está desempregada. Decidiu quebrar o silêncio
Raphaella Monteiro, internacional brasileira de 28 anos, que se distinguiu na Liga portuguesa pelo União Sportiva, Quinta dos Lombos e Benfica, eleita MPV da competição nas três últimas temporadas e contribuindo para o clube da Luz sagrar-se campeão nacional em 2021/2022, transferiu-se no final da época transata, em junho, para a equipa brasileira Sampaio Corrêa, onde alinhou em apenas dez jogos, rumando ao principal campeonato italiano, em setembro, para representar o Battipaglia.
Contudo, o sonho de carreira de Raphaella Monteiro na liga transalpina transformou-se rapidamente em pesadelo. «Tudo começou em setembro, quando viajei do Rio [de Janeiro] para Itália. Aparentemente, parecia que seria uma temporada normal. Só que assim que cheguei tive uma crise de sinusite. Fiquei muito doente durante uma semana e comecei logo a sentir do clube uma certa pressão para que voltasse aos treinos mesmo sem estar a 100 por cento. Como era o início, não considerei nada pessoal e prossegui a recuperação», começou por contar a jogador numa publicação nas suas redes sociais, a que recorreu para «quebrar o silêncio sobre uma situação traumática que pode suceder a atletas, e que muitas vezes não é tornado público, beneficiando os infratores».
«Comecei então a treinar com a equipa e as minhas companheiras receberam-me muito bem. Mesmo muitas, sem falarem inglês, relacionavam-se bem comigo, esforçavam-se para me ajudar a integrar-me. Tivemos, então, dois jogos amigáveis para preparar o campeonato e no primeiro senti-me completamente perdida em campo, o que é normal para uma jogadora nova, na primeira semana num clube e num país diferente», conta a atleta, que após esse jogo teve uma conversa inesperada com o treinador.
«Chamou-me e disse-me que não contava comigo, que seria melhor começar a procurar clube. Eu disse-lhe tudo bem e que falaria como o meu agente, o que fiz. Mas este disse-me que o clube não lhe tinha enviado nenhuma comunicação oficial e sem isso nada feito, que teria de continuar a apresentar-me no clube e a treinar. E cumpri», continua Raphaella Monteiro, que cumpriu 116 jogos em competições portuguesas, destacando-se com 50 por cento de conversão de lançamentos de campo. Uma jogadora a quem se reconhece qualidades para singrar numa liga mais competitiva.
«Não tinham passado duas semanas num clube que me contratou há alguns meses e já estava a ser dispensada, nem queria acreditar. Estranhamente, no dia seguinte o clube voltou atrás, reuniu-se comigo e o presidente e o treinador encorajaram-me, pediram-me para focar-me e que tinha condições para ser a melhor jogadora em Itália», continuou a atleta sobre a experiência no clube italiano da província de Salerno.
«Um dia, após um jogo que correu mal, o presidente nega-nos o jantar. Mais adiante, depois de um treino, o treinador zangou-se e mandou-nos para casa. Mas o pior é que o presidente do clube decidiu multar-nos com um corte de 10 por cento do salário, pela falta ao treino do qual o treinador nos tinha dispensado. Perante as nossas queixas, foi extremamente mal-educado, dizendo que se não quiséssemos aceitar a regras nos trocaria a todas. Uma confusão», refere Raphaella Monteiro.
«Então, o clube oficializa a intenção de rescindir o meu contrato. Mas só quis pagar o mês trabalhado, e não aceitei. Exigi que me indemnizasse até dezembro [próximo], o que o presidente rejeitou, e que se quisesse ficar, seria sem jogar e a treinar à parte. Fiquei duas semanas nestas condições e então decidi escolher a minha saúde mental e sair, mesmo defraudada financeiramente, regressando ao Brasil, onde estou sem clube, desempregada», concluiu a poste/extremo brasileira.