Apesar da pouca experiência e de se ir estrear ao mais alto nível... ibérico, João Farromba está confiante na capacidade do HC Porto para fazer frente a clubes que têm um campeonato há 53 temporadas
MADRID — Com 19 anos e ainda sem qualquer experiência de hóquei no gelo jogado ao mais alto nível… na Península Ibérica, João Farromba, natural da Covilhã, foi o jogador que representou o HC Porto na apresentação da Liga, onde está ciente que o conjunto português não só não irá fazer má figura como entrará com aspirações ao título.
«Comecei a jogar hóquei no gelo há três anos. Não, não fazia hóquei em patins, comecei mesmo do zero. Até então as modalidades que havia praticado haviam sido o futebol, ski de slalom e kickboxing, mas a nível federado só as duas primeiras», revela João que tem visitado frequentemente a capital espanhola para se preparar, já que é aí que o HC Porto irá exibir-se enquanto não tiver um rinque, está a ser construído um na Trofa, com dimensões olímpicas.
E que expectativas tem? «Bem, será a primeira vez que irei entrar numa liga a sério, profissional. Neste momento só quero aprender pois vou jogar contra jogadores e com pessoas com maior experiência. Aproveitarei todas as oportunidades», diz Farromba que integrou o conjunto português há escasso tempo. «Fui aos trials que realizaram no verão, gostaram de mim e fiquei», diz.
«Sim, estamos todos com grandes expectativas para esta época e tenho notado que os jogadores mais velhos [do HC Porto] estão todos empenhados em ensinarmo-nos. Temos treinado quando vimos estagiar a Madrid, onde também jogamos, mas existe a esperança que venhamos a ter brevemente um rinque em Portugal. Até lá a nossa casa será sempre em Espanha», confirma.
E qual é a maior dificuldade que sentem? «Não conseguir treinar sempre. Nos rinques de gelo mais pequenos que existem no país, mesmo o do Palácio do Gelo [Viseu], é impossível fazê-lo em termos táticos. Daí que, cada vez que vimos a Espanha procuremos aproveitar ao máximo. É óbvio que ficamos mais carregados em termos de horários, mas é o precisa ser feito. Normalmente fazemos estágios de uma semana, mas já chegámos a ficar duas. Só que para quem fez outras modalidades e treinava três/quatro vezes por semana e jogava ao fim de semana, sinto a falta dos treinos frequentemente. Só que como esta a modalidade que escolhi só tenho de me esforçar e tentar tornar-me cada vez melhor».
Depois de na temporada passada apenas ter podido participar no campeonato de Espanha sem estar autorizado a vir ganhar algum título, HC Porto junta-se a seis clubes espanhóis na criação de uma competição ibérica que terá 21 jornadas a começar a 21 de setembro e acabar a 16 de fevereiro. Presidente da federação portuguesa radiante e esperançoso no crescimento da modalidade e qualidade.
Mas são todos profissionais? «Sim». E um jogador de hóquei no gelo já ganha bem em Portugal? «Ah, em Portugal não. É ainda tudo mais pela paixão do desporto», acaba por considerar quem tem no canadiano Connor McDavid, dos Edmonton Oilers, da liga NHL, o seu ídolo preferido. «É o melhor jogador do mundo , mas sei que será impossível chegar ao patamar dele. Ao contrário do McDavid, não comecei a jogar cedo. Como sou rookie, sei que não estarei nas primeiras opções do treinador, mas no final da temporada gostava de ter chegado à terceira linha. No entanto, acima de tudo, gostava de ganhar a Liga, declara o estreante.
Mas não teme que o desnível entre as equipas espanholas e a portuguesa vá ser muito grande? «Não. Acho que nos vamos bater muito bem contra as equipas espanholas. Temos grande chance de vencer e é o que vamos tentar fazer.»
Quase mais do que a equipa de Andorra, ou outras que estão a na possibilidade de se juntarem à Liga, todos sabem da importância da presença do clube catalão na prova.