«A minha cabeça estava num lugar muito sombrio»

Ricky Rubio falou sobre os problemas de saúde mental que o levaram a suspender carreira e está ‘de volta’ ao Barcelona. Gostava de ter ganho um título na NBA

Ricky Rubio está de volta aos courts. Não se sabe se para jogar, mas, pelo menos por enquanto, para treinar. Cinco meses após ter suspendido a carreira por tempo indefinido, a 5 de agosto, devido a razões de saúde mental, e deixado a NBA, onde atuou 12 épocas, Rubio está de regresso ao Barcelona. 

Clube que representou duas épocas (2009/10, 2010/11) após se ter transferido do Juventut de Badalona — onde cresceu e se tornou profissional aos 14 anos — e antes de rumar aos Minnesota Timberwolves (que o tinham escolhido no 5.º lugar do draft de 2009). 

Depois de publicada uma entrevista ao site The Athletic, Ricky explicou nas redes sociais que já andava a pensar no regresso há algumas semanas, mas não deseja perturbar os planos dos catalães para a temporada. Não foi preciso esperar muito para que o Barcelona respondesse, pela mesma via, que estava com ganas de o voltar a ver treinar no Palau Blaugrana, passo que deverá acontecer hoje. Na entrevista, o base revela que sente «arrepios» ao pensar «nos dias em que tudo era escuro». 

«Havia algo que me nublava e não conseguia superar. Agora estou muito melhor com a ajuda que precisava receber e estou a reconstruir-me de dentro para fora e não de fora para dentro. Sempre fui eu que tentei ser positivo, mas, por vezes, estava apenas a mentir a mim mesmo. Dizia que não poderia sentir-me de uma determinada maneira porque isso iria travar-me, mas isso acabou por voltar-se contra mim. Temos de ser honestos connosco», contou Rubio, que também coloca a noite de 30 de julho passado como uma das mais terríveis. 

«Uma das noites mais difíceis da minha vida. A minha cabeça estava num lugar muito sombrio. A última lesão com os Cavs foi muito difícil, mas não foi o grande fator que me levou a isto. Foram pequenas coisas que estiveram lá durante anos e finalmente voltaram-se contra mim. Espero que não tenha sido um fim definitivo. Quero ver se me sinto melhor, mas sei que tudo será diferente». 

«Primeiro vou pensar em mim. Ainda estou em processo de recuperação, passei por um choque muito grande, mas sei que o basquetebol é uma parte muito grande de quem sou», salientou Ricky, que apenas lamenta não ter tido uma carreira melhor na NBA – nunca atingiu os níveis em que atuou pela seleção espanhola — e que gostava de ter ganho um título. 

«Mas, no final, dou-me conta de que gostei. Houve momentos maus, claro, não foi uma história perfeita. Mas aprendi muito, fiz muitos amigos e cresci durante todo o processo. Disfrutei do basquetebol.»