Camila: «Os recordes existem para serem batidos, mas melhor ainda é ir à final»
Fotografia Simone Castrovillari/FPN

Camila: «Os recordes existem para serem batidos, mas melhor ainda é ir à final»

NATAÇÃO09.12.202300:43

Camila Rebelo qualificou-se para a final dos 100m costas com mais um recorde nacional. Diogo Ribeiro tornou-se no primeiro português a nadar 50m mariposa abaixo dos 23s, mas ficou em 9.º

Foi com sabor amargo e doce que a Seleção concluiu o quarto dia do 22.º Europeu de Otopeni-2023 em piscina curta. Se havia a celebrar a qualificação de Camila Rebelo para mais uma final, agora dos 100 costas, com recorde nacional, e ainda Diogo Ribeiro por se ter  tornado no primeiro português a cumprir os 50 mariposa abaixo dos 23s — feito que concretizou nas eliminatórias e repetiu nas meias-finais —, o facto deste ter voltado a ficar à porta da final (9.º), por 3 centésimos, não permitia colocar a cereja no topo do bolo.

«De manhã, nas eliminatórias, sentia-me um bocado cansada», contou Camila a A BOLA. «Ontem à tarde tinha nadado a primeira prova [final dos 200 costas] e a penúltima [semifinal dos 50 costas] e devido a isso acabei por ser a primeira [da Seleção] a chegar à piscina e a última a sair. Hoje [ontem] tornei a competir logo na abertura da sessão, o que não me deixou grande tempo de recuperação», disse, explicando os 59,20s da qualificação dos 100 costas que a colocaram na 13.ª posição entre 28 participantes.

«Mas depois dormi bem à hora de almoço e tive tempo para descansar. Recuperei. Vi o vídeo das eliminatórias e percebi que havia pontos em que podia melhorar, um bocado do percurso subaquático já que o cansaço era sobretudo nas pernas. Foi que fiz. Senti-me bem, mais liberta a nadar e… foi fixe!», exclamou sobre os 58,14s que lhe deram o direito de fechar o lote das finalistas para hoje e ainda derrubar o recorde de Portugal que Rafaela Azevedo (58,39s) fixara em 2021. O seu melhor eram 58,44s obtidos nos Nacionais de 2022. 

Fotografia Simone Castrovillari/FPN

«Como sempre digo, os recordes existem para serem batidos, sejam meus ou não, por isso é bom fazê-lo. Mas, melhor ainda é ser 8.ª para ir à final», salientou quem, na véspera, havia sido 5.ª nos 200 costas, a 49 centésimos do pódio. 

«Agora, na final, é fazer o mesmo: tentar ir o mais rápido possível e manter a velocidade dos 50 metros. É uma prova em que temos de entrar e continuar fortes, não há grandes táticas, para conseguir um bom tempo. Tenho é de descansar o máximo», reforçou a estudante de medicina que nem ficou na piscina para assistir à meia-final de Diogo. Só desejava dormir cedo após dois dias a levantar-se às 6.30 da manhã e regressar ao hotel já tarde. 

Note-se que Camila chegou às semifinais dos 50, 100 e 200 costas e das sete ocasiões em que se lançou à água só na eliminatória dos 100 não fez melhor marca de carreira. De resto, foram sempre máximos pessoais, quatro deles recordes nacionais. Três nos 200 costas, em que está apurada para os Jogos de Paris-2024, em piscina longa. «Não fico surpreendia. Se estamos num Europeu é para fazermos logo o melhor porque é imprevisível se dá para chegar à final ou meias-finais. É preciso dar o litro e tentar recorde pessoal, mas, por vezes é difícil gerir a consistência», concluiu.  

Fotografia Simone Castrovillari/FPN

Quanto a Diogo, dá que pensar quais seriam as suas prestações se no final da passada semana não tivesse sofrido uma intoxicação alimentar que o fez perder peso e o deixou sem treinar quatro dias, até à véspera do início do campeonato. Logo nas eliminatórias dos 50 mariposa — em que há cinco meses foi vice-campeão mundial em Fukuoka—2023 em piscina longa - derrubou os 23,16s fixados por Fernando Silva como recorde de Portugal na Taça do Mundo de Doha-2021. Colocou-se em 12.º face a 43 adversários. O seu melhor registo era 23,27s, conseguidos em 2022.